Friday, July 22, 2005

Manifestações Físicas espontâneas:

PÁGINA 75 LIVRO DOS MÉDIUNS CAPÍTULO 5
MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS

Ruídos, barulhos e perturbações – Arremesso de objetos – Fenômeno de transporte – Dissertação de um Espírito sobre o fenômeno de transporte

82 Os fenômenos dos quais acabamos de falar são provocados. Algumas vezes acontecem espontaneamente, sem a participação da vontade, e então, freqüentemente, se tornam muito inoportunos. O que exclui, decididamente, o pensamento de que podem ser efeito da imaginação superexcitada pelas idéias espíritas é que se produzem entre pessoas que delas nunca ouviram falar e das quais não se espera produzir tais fenômenos. Esses fenômenos, os quais se poderia chamar de Espiritismo prático natural, são muito importantes, porque não podem ser suspeitos de conivência; é por isso que recomendamos às pessoas que se ocupam dos fenômenos espíritas pesquisar atenciosamente todos os fatos dessa natureza que vierem ao seu conhecimento, averiguando cuidadosamente a realidade por meio de um estudo minucioso das circunstâncias, a fim de se assegurar de que não são joguetes de uma ilusão ou de uma mistificação.
83 De todas as manifestações espíritas, as mais comuns e freqüentes são os ruídos e as pancadas; é aqui, especificamente, que é preciso ficar atento à ilusão, porque uma imensidão de causas naturais pode produzi- las: o vento que assobia ou que agita algo; um objeto que se mexe por si mesmo sem se perceber, um efeito acústico, um animal escondido, um inseto etc.; até mesmo uma maliciosa brincadeira de mau gosto pode produzi-las. Os ruídos espíritas possuem, aliás, uma maneira própria, revelando uma intensidade e um timbre muito variado, que os tornam facilmente reconhecíveis e não permitem confundi-los com o estalido da madeira, o crepitar do fogo, o tique-taque monótono de um pêndulo. São batidas secas, às vezes surdas, fracas e leves, às vezes claras e distintas, algumas vezes barulhentas, que mudam de local e se repetem sem ter uma regularidade mecânica. De todos os meios de controle mais eficazes, aquele que não deixa dúvidas sobre sua origem é a obediência a um comando. Se as batidas se fizerem ouvir no lugar designado, se responderem ao pensamento pelo seu número ou sua intensidade, há de se reconhecer nelas uma causa inteligente; porém, a falta de obediência nem sempre é uma prova que as negue.
84 Admitindo-se então que, por uma constatação minuciosa, se adquira a certeza de que os ruídos ou outros efeitos são manifestações reais, é racional temê-los? Não; porque, em nenhum caso, representam algum perigo; somente as pessoas que acreditam que são do diabo podem ser afetadas de maneira lamentável, como as crianças que têm medo do lobisomem ou do bicho-papão. Essas manifestações, em determinadas circunstâncias, é preciso convir, adquirem proporções e persistência desagradáveis, e desejamos nos livrar delas. Uma explicação é necessária a esse respeito.
85 Dissemos que as manifestações físicas têm por objetivo chamar nossa atenção sobre alguma coisa e nos convencer da presença de um poder superior ao homem. Dissemos também que os Espíritos elevados não se ocupam dessas manifestações; servem-se dos Espíritos inferiores para produzi-las, como nos servimos de serviçais para as tarefas pesadas, e isso para alcançar determinado objetivo. Atingido o objetivo, a manifestação material cessa, por não ser mais necessária. Um ou dois exemplos farão com que se compreenda melhor a questão.

86 Há muitos anos, no início dos nossos estudos sobre o Espiritismo, trabalhando uma noite, ouvi batidas ao redor de mim durante quatro horas consecutivas; era a primeira vez que um fato semelhante me acontecia; constatei que não tinham nenhuma causa acidental, mas no momento não pude saber nada a respeito. Tinha naquela época oportunidade de estar freqüentemente com um excelente médium escrevente.
No dia seguinte, interroguei o Espírito que se comunicava por esse médium sobre a causa dessas batidas. Ele me respondeu: Era teu Espírito familiar que queria te falar. E o que ele queria me dizer? Resposta: Tu mesmo podes lhe perguntar, porque ele está aqui. Tendo interrogado o Espírito, ele se fez conhecer sob um nome fictício (soube depois, por outros Espíritos, que pertencia a uma ordem muito elevada e que exerceu na Terra um papel importante). Assinalou erros no trabalho, indicando-me as linhas onde se encontravam, deu-me conselhos úteis e sábios e acrescentou que estaria sempre comigo, atendendo ao meu chamado todas as vezes que quisesse interrogá-lo. Desde então, de fato, esse Espírito nunca me deixou. Ele me deu muitas provas de sua grande superioridade, e sua intervenção benevolente e eficaz me socorreu tanto nos assuntos da vida material quanto nas questões metafísicas. Mas, desde aquela primeira conversa, as batidas cessaram. O que queria ele, de fato? Entrar em comunicação regular comigo; para isso seria preciso me advertir. Dada a advertência, explicada a razão e estabelecidas as relações regulares, as batidas tornaram-se inúteis, por isso cessaram. Não se toca mais o tambor para acordar os soldados quando eles já estão de pé.
Um fato semelhante aconteceu com um de nossos amigos. Ele ouvia ruídos diversos no seu quarto, que se tornavam muito cansativos. Numa oportunidade, perguntou ao Espírito de seu pai por meio de um médium escrevente o que queriam dele. Fez o que lhe foi recomendado e desde então não ouviu mais nada. Lembremos de que as pessoas que têm com os Espíritos um meio regular e fácil de comunicação têm muito menos manifestações desse gênero, e isso se compreende.
87 As manifestações espontâneas não se limitam aos ruídos e às batidas; degeneram às vezes em grande barulheira e em perturbações; móveis e objetos diversos são revirados, projéteis dos mais variados são lançados de fora, portas e janelas são abertas e fechadas por mãos invisíveis, vidros são quebrados, o que não se pode entender como ilusão. A desordem, muitas vezes, acontece de fato; outras vezes tem apenas as aparências da realidade. Ouve-se algazarra numa parte da casa, um ruído de louça que cai e se quebra com estrondo, pedaços de lenha que rolam pelo chão; apressa-se em verificar e se encontra tudo tranqüilo e em ordem; depois, assim que se vira as costas, o tumulto recomeça.
88 As manifestações desse gênero não são nem raras nem novas. Muitas crônicas em todos os lugares contam histórias semelhantes. O medo muitas vezes exagerou os fatos, que tomavam proporções gigantescamente ridículas cada vez que eram contados; a superstição reforçou ainda mais isso e fez com que considerassem as casas onde os fatos se passaram freqüentadas pelo diabo; daí todos os contos maravilhosos ou terríveis de fantasmas. De seu lado, o embuste não deixou escapar uma oportunidade tão bela para explorar a credulidade, e isso muitas vezes em proveito de interesses pessoais. Compreende-se, além do mais, a impressão que fatos desse gênero, mesmo reduzidos à realidade, podem causar em mentes fracas e predispostas pela educação às idéias supersticiosas. O modo mais seguro de evitar os inconvenientes que essas manifestações podem causar, uma vez que não se pode impedi-las, é fazer conhecer sua origem. As coisas mais simples tornam-se assustadoras quando a causa é desconhecida. Quando se estiver familiarizado com o Espírito e aqueles a quem eles se manifestam não acreditarem mais haver uma legião de demônios a persegui-los, não haverá mais nada a temer.
Pode-se ver na Revista Espírita o relato de vários fatos autênticos desse gênero, entre outros a história do Espírito batedor* de Bergzabern, cujas visitas duraram mais de oito anos (números de maio, junho e julho de 1858), a de Dibbelsdorp (agosto de 1858), a do padeiro das Grandes Vendas, perto de Dieppe (março de 1860), a da rua de Noyers, em Paris (agosto de 1860), a do Espírito de Castelnaudary, sob o título de História de um condenado” (fevereiro de 1860), a do fabricante de São Petersburgo (abril de 1860) e muitas outras.

Voltar para Aulas

0 Comments:

Post a Comment

<< Home