Saturday, January 06, 2007

Aula 48 – LEI DE SOCIEDADE

Aula 48 – LEI DE SOCIEDADE
Vida de isolamento. Voto de Silêncio

LIVRO AS LEIS MORAIS – RODOLFO CALLIGARIS - FEB

A criatura humana, pela sua estrutura ético-psicológica, é dotada por Deus de sentimentos e emoções, que a obrigam e a impelem para a vida social. Deus fez o homem para viver em sociedade; e para isto foi-lhe outorgado o atributo da palavra que é o veículo da comunicação entre os encarnados.
O homem sendo, por excelência, um ser gregário, um animal social, como há milênios, já apregoava a filosofia Aristotélica, na velha Grécia, não pode viver isoladamente.
A vida solitária (por opção) revela sempre uma fuga inconcebível, porque indica infração às leis divinas do trabalho e do amor.
O insulamento é incompatível com o sentimento de fraternidade que deve existir nos corações humanos.
Não sendo o homem dotado, inicialmente, de auto-suficiência, condição conseguida pelo trabalho e progresso, ele é dependente do seu semelhante.
As faculdades humanas não estão desenvolvidas no mesmo grau e, segundo Deolindo Amorim, há necessidade de viverem uns pelos outros e para os outros, tendo como ponto convergente o bem comum.
O insulamento é contrário à lei da Natureza, por isso que pelo próprio instinto o homem busca a vida comunitária de modo a concorrer para o progresso, através do auxílio recíproco.
A solidão torna o homem improdutivel e inútil para os seus semelhantes e isto não pode agradar a Deus.
A insociabilidade gerando solidão atenta contra o próprio instinto de conservação e de perpetuação da espécie, entravando o progresso, razão por que somente embrutece e enfraquece o homem, que a ela se devota ou se agarra como fuga.
Os cultores da vida reclusa se estiolam pela improdutividade, pela estagnação quanto às aquisições dos tesouros da sabedoria e da experiência.
Segundo os ensinamentos espíritas, isto revela egoísmo e só merece reprovação. Não há como desenvolver e burilar nossas faculdades intelectuais e morais senão no convívio social, nessa permuta constante de afeições, conhecimentos e experiências, sem a qual a sorte de nosso Espírito seria o embrutecimento e a estiolação.
O voto de silêncio adotado por alguns religiosos, nada edifica, porquanto impede a comunicação entre os seres vivos, o que, em última análise, como sustentam os Espíritos Superiores “é uma tolice. A palavra é (uma) faculdade natural concedida ao homem por Deus, para facultar ocasiões de fazer o bem e de cumprir a lei do progresso”
Se Deus quisesse silenciar as suas criaturas pensantes, não lhes teria conferido o dinâmico atributo da palavra e maravilhoso veículo para expressar as idéias elaboradas pelas suas mentes.
Devemos considerar, no entanto, que existem ocasiões onde o silêncio é necessário. São aqueles momentos de recolhimento espiritual, onde o Espírito, mais livre, entra em contato com o seu Criador e com os Seus enviados; fora disto, a vida contemplativa é inteiramente improdutiva e não há motivos que a justifiquem.
Neste sentido, um Espírito protetor alertou-nos. “Não julgueis, todavia, que exortando-vos incessantemente à prece e à evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora das leis da sociedade onde estais condenados a viver. Não; vivei com os homens da vossa época, como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrifica com um sentimento de pureza que as possa santificar.
Sois chamados a estar em contato com Espíritos de naturezas diferentes, de caracteres opostos: não choqueis a nenhum daqueles com quem estiverdes.
Não consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em repelirdes ao prazeres que as vossas condições humanas vos permitem. Basta reporteis todos os atos da vossa vida ao Criador que vo-la deu “


LIVRO DOS ESPÍRITOS - PARTE 3ª - CAPÍTULO VII

Vida de insulamento. Voto de silêncio

769. Concebe-se que, como princípio geral, a vida social esteja na Natureza. Mas, uma vez que também todos os gostos estão na Natureza, por que será condenável o do insulamento absoluto, desde que cause satisfação ao homem?

“Satisfação egoísta. Também há homens que experimentam satisfação na embriaguez. Merece-te isso aprovação? Não pode agradar a Deus uma vida pela qual o homem se condena a não ser útil a ninguém.”

770. Que se deve pensar dos que vivem em absoluta reclusão, fugindo ao pernicioso contacto do mundo?

“Duplo egoísmo.”

- Mas, não será meritório esse retraimento se tiver por fim uma expiação, impondo-se aquele que o busca uma privação penosa?

“Fazer maior soma de bem do que de mal constitui a melhor expiação. Evitando um mal, aquele que por tal motivo se insula cai noutro, pois esquece a lei de amor e de caridade.”

771. Que pensar dos que fogem do mundo para se votarem ao mister de socorrer os desgraçados?

“Esses se elevam, rebaixando-se. Têm o duplo mérito de se colocarem acima dos gozos materiais e de fazerem o bem, obedecendo à lei do trabalho.”

a) - E dos que buscam no retiro a tranqüilidade que certos trabalhos reclamam?

“Isso não é retraimento absoluto do egoísta. Esses não se insulam da sociedade, porquanto para ela trabalham.”

772. Que pensar do voto de silêncio prescrito por algumas seitas, desde a mais remota antigüidade?

“Perguntai, antes, a vós mesmos se a palavra é faculdade natural e por que Deus a concedeu ao homem. Deus condena o abuso e não o uso das faculdades que lhe outorgou.

Entretanto, o silêncio é útil, pois no silêncio pões em prática o recolhimento; teu espírito se torna mais livre e pode entrar em comunicação conosco. Mas o voto de silêncio é uma tolice. Sem dúvida obedecem a boa intenção os que consideram essas privações como atos de virtude. Enganam-se, no entanto, porque não compreendem suficientemente as verdadeiras leis de Deus.”
O voto de silêncio absoluto, do mesmo modo que o voto de insulamento, priva o homem das relações sociais que lhe podem facultar ocasiões de fazer o bem e de cumprir a lei do progresso.

No Evangelho Segundo o Espiritismo

CAPÍTULO XVII - O homem no mundo - SEDE PERFEITOS

10. Um sentimento de piedade deve sempre animar o coração dos que se reúnem sob as vistas do Senhor e imploram a assistência dos bons Espíritos. Purificai, pois, os vossos corações; não consintais que neles demore qualquer pensamento mundano ou fútil. Elevai o vosso espírito àqueles por quem chamais, a fim de que, encontrando em vós as necessárias disposições, possam lançar em profusão a semente que é preciso germine em vossas almas e dê frutos de caridade e justiça.

Não julgueis, todavia, que, exortando-vos incessantemente à prece e à evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora das leis da sociedade onde estais condenados a viver.

Não; vivei com os homens da vossa época, como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrificai com um sentimento de pureza que as possa santificar.

Sois chamados a estar em contato com espíritos de naturezas diferentes, de caracteres opostos: não choqueis a nenhum daqueles com quem estiverdes. Sede joviais, sede ditosos, mas seja a vossa jovialidade a que provém de uma consciência limpa, seja a vossa ventura a do herdeiro do Céu que conta os dias que faltam para entrar na posse da sua herança.

Não consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em repelirdes os prazeres que as vossas condições humanas vos permitem. Basta reporteis todos os atos da vossa vida ao Criador que vo-la deu; basta que, quando começardes ou acabardes uma obra, eleveis o pensamento a esse Criador e lhe peçais, num arroubo d’ alma, ou a sua proteção para que obtenhais êxito, ou a sua bênção para ela, se a concluístes.

Em tudo o que fizerdes, remontai à Fonte de todas as coisas, para que nenhuma de vossas ações deixe de ser purificada e santificada pela lembrança de Deus.

A perfeição está toda, como disse o Cristo, na prática da caridade absoluta; mas, os deveres da caridade alcançam todas as posições sociais, desde o menor até o maior. Nenhuma caridade teria a praticar o homem que vivesse insulado.

Unicamente no contato com os seus semelhantes, nas lutas mais árduas é que ele encontra ensejo de praticá-la. Aquele, pois, que se isola priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de aperfeiçoar-se; não tendo de pensar senão em si, sua vida é a de um egoísta. (Capítulo V, nº 26.)
Não imagineis, portanto, que, para viverdes em comunicação constante conosco, para viverdes sob as vistas do Senhor, seja preciso vos cilicieis e cubrais de cinzas. Não, não, ainda uma vez vos dizemos. Ditosos sede, segundo as necessidades da Humanidade; mas, que jamais na vossa felicidade entre um pensamento ou um ato que o possa ofender, ou fazer se vele o semblante dos que vos amam e dirigem. Deus é amor, e aqueles que amam santamente ele os abençoa.

Um Espírito Protetor. (Bordéus, 1863.)

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