Saturday, August 06, 2005

COMUNICABILIDADE DOS ESPÍRITOS * MEDIUNIDADE CONCEITO E TIPOS:

AULA SOBRE COMUNICABILIDADE DOS ESPÍRITOS * MEDIUNIDADE CONCEITO E TIPOS

Reuniões mediúnicas

Joaquim Ladislau Pires Júnior

Muitas instituições espíritas têm o costume de fazerem o “carro-chefe” de suas atividades as reuniões mediúnicas, desprezando a importância dos estudos, do atendimento fraterno, da educação espírita ou evangelização, das palestras públicas, dentre outras.Não podemos negar a importância do intercâmbio com o plano espiritual, mas querer transformá-lo numa “vedete” das atividades é desprezar o fato de que a melhor coisa que podemos fazer pelo Espiritismo e pela instituição a qual freqüentamos é nossa educação, pois essa é a principal proposta da Doutrina.Reuniões mediúnicas sérias não podem ser tomadas à guisa de agrupar curiosos em falar com os Espíritos. Muito menos desvendar o passado ou o presente dos participantes ou ainda descobrir a vida pretérita dos mesmos. Quem quiser saber seu passado que comece a se auto-descobrir e veja quais as tendências que é portador. Só podem ser admitidos às reuniões mediúnicas quem realmente conheça o Espiritismo e que freqüente grupo de estudos doutrinários. Médiuns não esclarecidos conspiram contra si e contra a Doutrina. Embora muitos “médiuns” digam-se poderosos e que não precisam mais estudar. Lógico que se estudassem não diriam isso.Também digno de menção é aquele fato conhecido e pitoresco de ir convidando as pessoas as quais é seu primeiro dia de casa espírita ou que chegaram ao centro na “semana passada”, para freqüentarem as reuniões mediúnicas, como se o grupo mediúnico fosse uma sala de espetáculos. Grupos mediúnicos sérios fazem reuniões periódicas de avaliação das atividades, oportunizando o “feedback” e que todos os integrantes da equipe possam se afinizar e conversarem, eliminando as “distâncias” entre si.Lembrando que é equipe e não “euquipe” ou “equipiada” e que ninguém é melhor que ninguém, devendo todos estarem abertos à contínua e incessante aprendizagem e aperfeiçoamento.E antes de querer aplicar a mensagem recebida aos semelhantes, é aplicá-la em si mesmo, sabendo sempre que é “pelos frutos que se reconhece a árvore”, tomando sempre o Evangelho como referência. E se você quiser freqüentar a reunião mediúnica para ouvir “mensagens do além”, trate de estudar o Evangelho.julho/2004




Mediunidade - Conceitos e Características João Neves
O estudo de uma faculdade de natureza biológica ou psíquica tanto mais eficiente se revela quanto maiores oportunidades tem o investigador de processá-lo ao natural, na vivência e movimentação dos indivíduos que detêm a faculdade de estudar.
E tais oportunidades, com relação à mediunidade Allan Kardec as teve ou as criou, aproveitando-as magistralmente para compor O Livro dos Médiuns, de onde se extrai a admirável síntese conceptual com que ele, o Codificador abre o capítulo XIV da obra:
"Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium..."
Nesta colocação, o verbo sentir expressa a idéia básica sobre a mediunidade: um sentido psíquico, de ordem paranormal, capaz de ampliar o alcance perceptivo do ser, conferindo-lhe uma aptidão para servir de instrumento para a comunicação dos Espíritos com os homens, estabelecendo uma ponte entre realidades vibratórias diferentes. Avançando em seus apontamentos o mestre lionês elucida:
".Essa faculdade é inerente ao homem;não se constitui, portanto, privilégio exclusivo.Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuem alguns rudimentos.Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns.Todavia, usualmente, assim só se classificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva..."
Esta declaração não tira a clareza da conceituação de Kardec pois, o que ele pretendeu, foi estabelecer, didaticamente, uma linha demarcatória entre os indivíduos que agem mediunicamente no campo objetivo, expressando nitidamente a intenção e o pensamento dos Espíritos, e aqueloutros que agem mediunicamente num campo preponderantemente subjetivo expressando a contribuição espiritual de forma imprecisa, subjacente.
Há, portanto, dois níveis bem definidos de mediunidades: um, ostensivo, explícito e bem caracterizado em que o pensamento dos Espíritos comunicantes - apesar das influências do médium - pode sobrepor-se ao deste, e outro, discreto, velado, a manifestar-se no campo da inspiração em que o pensamento incidente se mescla ao do médium sem sobrelevar-se ao mesmo.
A mediunidade ostensiva - podemos chamá-la, também, de dinâmica pelos poderosos circuitos de força que dá origem - é uma outorga, uma prova que o médium pode elevar à categoria de missão pela forma dedicada e responsável como exerce o seu mediunato.Trata-se de um compromisso assumido com a própria consciência para resgate de faltas ou abertura de novos roteiros evolutivos.O Perispírito do reencarnante candidato à mediunidade é trabalhado pelos Benfeitores Espirituais, na fase preparatória que antecede à reencarnação no sentido de ajustar-se-lhes as estruturas para que, no momento próprio, abram-se ou ampliem-se as percepções extrafísicas.O ser como que é adestrado para a tarefa que o espera; ele se apropria de um ferramental de que necessita para se reajustar com a Vida.
Algumas vezes, o tipo de vida que levou antes da encarnação como médium - abalos emocionais intensos, pressões espirituais decorrentes de processos obsessivos, além de outros fatores - promove as aberturas psíquicas responsáveis pelos registros mediúnicos de então: é como se a Lei Divina colocasse na dor decorrentes de aflições e quedas o princípio qualitativo, automático, regularizador da evolução do ser que se movimenta nas marchas e contramarchas da evolução. Se tomarmos, à guisa de exemplo, a psicografia e a psicofonia, que são as formas mais comuns de mediunidade de efeitos intelectuais, veremos que, médiuns ostensivos, dadas as características de maior expansibilidade e magnetização especial de seus perispíritos, operarão por contato perispiritual direto com os Espíritos comunicantes, expressando objetivamente as idéias desses comunicantes.Veremos ainda que, conforme a maior ou menor intensidade da imantação ou independência em relação aos implementos físicos, farão transes automáticos - mecânicos em psicografia e inconscientes em psicofonia - semimecãnicos em psicografia e conscientes em psicofonia.
Já com o nível de mediunidade discreto ou velado - podemos ainda chamá-lo de estático - o que ocorre é uma inspiração.O médium age captando, tão somente, as correntes do pensamento do espírito comunicante, absorvendo-as e entrelaçando-as com as suas próprias idéias. Que a inspiração corresponde a esse nível de mediunidade, pode depreender-se do pensamento de Kardec no seu estudo sobre os médiuns inspirados, quando assim se expressou: "...A inspiração nos vem dos Espíritos que nos influenciam...Ela se aplica em todas as circunstâncias da vida, às resoluções que devamos tomar.Sob esse aspecto, pode-se dizer que todos são médiuns..."
Podemos afirmar ainda que essa mediunidade estática se expressa de forma particular e especial na sintonia com o anjo guardião e, por intermédio dele, com os espíritos familiares e protetores.Pelo menos, parece ser este o plano divino para que as forças mediúnicas do homem sejam acionadas naturalmente, clareando as suas rotas evolutivas; e isto dizemos com os Espíritos que ditaram a Codificação, haja vista as lúcidas palavras de Santo Agostinho e São Luiz, na questão 495 de O Livro dos Espíritos: Não receeis afadigar-nos com as vossas perguntas: ao contrário, procurai sempre estar em relação conosco.Sereis mais fortes e mais felizes.São essas comunicações de cada um com o seu Espírito familiar que fazem sejam médiuns todos os homens. A tais palavras mais tarde, o Espírito Channing, nas Dissertações do cap.XXXI de O Livro dos Médiuns, aditaria: "Escutai essa voz interior, esse bom gênio que incessantemente vos fala e chegareis a ouvir o vosso anjo guardião...Repito: a voz interior que vos fala ao coração é a dos Bons Espíritos e é desse ponto de vista que todos são médiuns.
Kardec conclui a sua belíssima definição sobre os médiuns, afirmando: ...È de notar-se, além disso, que essa faculdade não se revela da mesma maneira em todos.Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para os fenômenos desta ou daquela ordem, donde resulta que formam tantas variedades, quantas são as espécies de manifestações.
Se a mediunidade mostra-se variada no tocante à intensidade, ainda mais diversificada se revela sob o aspecto das formas, modalidades e tipos de fenômenos que propicia.Paulo dizia: "Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Ora, investido o médium de determinadas características e apto para certas mediunidades jamais conseguirá reduzir outras se a sua natureza não o permitir.assim sendo, a especificidade de cada médium faz com que não existam médiuns nem mediunidades iguais.
Um outro dado que se pode inferir da definição de Kardec é a natureza orgânica da mediunidade.Quando isto se afirma não se pretende alijar o espírito ou colocá-lo à margem do processo mediúnico.Porventura não dependem as estruturas psicobiofísicas do homem da sua realidade espiritual?Com a mediunidade se dá o mesmo; ela é uma faculdade do espírito que se define e se delineia nas estruturas do Perispírito para emergir na organização física onde está plantada.Imprescindível, portanto, organizações perispiritual e celular compatíveis a fim de que a mesma se manifeste como fenômeno.Semelhantes organizações, o próprio trabalho mediúnico as desenvolve e aprimora, podendo-se afirmar que a mediunidade é, além do mais, evolutiva.
Imaginemos, didaticamente, que a uma pessoa, num dado momento de sua evolução, seja outorgada uma organização adequada ao exercício mediúnico ostensivo:O aproveitamento desta oportunidade, através do uso responsável e equilibrado da concessão, acabará por aperfeiçoar os seus equipamentos de registro, adequando-os, ainda mais, para o trabalho em novas expressões com vistas ao futuro.






Mediunidade e o seu Desenvolvimento Therezinha Oliveira
A Mediunidade * É natural que nos comuniquemos com os espíritos desencarnados e eles conosco, porque também somos espíritos, embora estejamos encarnados.
Pelos sentidos físicos e órgãos motores, tomamos contato com o mundo corpóreo e sobre ele agimos.
Pelos órgãos e faculdades mentais mantemos contato constante com o mundo espiritual, sobre o qual também atuamos.
Todas as pessoas, portanto, recebem a influência dos espíritos.
A maioria nem percebe esse intercâmbio oculto, em seu mundo íntimo, na forma de pensamentos, estados de alma, impulsos, pressentimentos etc.
Mas há pessoas em quem o intercâmbio é ostensivo.
Nelas, os fenômenos são freqüentes e marcantes, acentuados, bem característicos (psicofonia, psicografia, efeitos físicos etc.), ficando evidente uma outra individualidade, a do espírito comunicante.
A essas pessoas, Allan Kardec denomina médiuns.
Médium é uma palavra neutra (serve para os 2 gêneros), de origem latina; quer dizer medianeiro, que está no meio.
De fato o médium serve de intermediário entre o mundo físico e o espiritual, podendo ser o intérprete ou instrumento para o espírito desencarnado.
Mediunidade é a faculdade que permite sentir e transmitir a influência dos Espíritos, ensejando o intercâmbio, a comunicação, entre o mundo físico e o espiritual.
Sendo uma faculdade, é capacidade que pode ou não ser usada.
Sendo natural, manifesta-se espontaneamente, mas pode ser exercitada ou desenvolvida.
Sua eclosão não depende de lugar, idade, sexo, condição social ou filiação religiosa.
Quem apresenta perturbação é médium?
Muitas vezes, ao eclodir a mediunidade, a pessoa costuma dar sinais de sofrimento, perturbação, desequilíbrio.
Firmou-se até um conceito errado entre o povo: se uma pessoa se mostra perturbada deve ter mediunidade. Entretanto, a mediunidade não é doença nem leva à perturbação, pois é uma faculdade natural.
Se a pessoa se perturba ante as manifestações mediúnicas é por sua falta de equilíbrio emocional e por sua ignorância do que seja a mediunidade, ou porque está sob a ação de espíritos ignorantes, sofredores ou maus. Não se deve colocar em trabalho mediúnico quem apresente perturbações. Primeiro, é preciso ajudar a pessoa a se equilibrar psiquicamente, através de passes, vibrações e esclarecimentos doutrinários. Deve-se recomendar, também, a visita ao médico, porque a perturbação pode ter causas físicas, caso em que o tratamento será feito pela medicina.Para o desenvolvimento da mediunidade, somente deve ser encaminhado quem esteja equilibrado e doutrinariamente esclarecido e conscientizado.
Sinais Precursores - A mediunidade geralmente fica bem caracterizada, quando:
· há comprovada vidência ou audição no plano espiritual;
· se dá o transe psicofônico (mediunidade falante) ou psicográfico (mediunidade escrevente);
· há produção de efeitos físicos (sonoros, luminosos, deslocação de objetos) onde a pessoa se encontre.
Mas nem sempre é fácil e rápido distinguir as manifestações mediúnicas, quando em seu início, das perturbações fisiopsíquicas. Eis alguns sinais que, se não tiverem causas orgânicas, podem indicar que a pessoa tem facilidade para a percepção de fluidos, para o desdobramento (que favorece o transe) ou que está sob a atuação de espíritos:
· sensação de "presenças" invisíveis;
· sono profundo demais, desmaios e síncopes inexplicáveis;
· sensações ou idéias estranhas, mudanças repentinas de humor, crises de choro;
· "ballonement" (sensação de inchar, dilatar) nas mãos, pés ou em todo o corpo, como resultado de desdobramento perispiritual;
· adormecimento ou formigamento nos braços e pernas;
· arrepios como os de frio, tremores, calor, palpitações.
Como Desenvolver a Mediunidade
Do ponto de vista espírita, desenvolver mediunidade não é apenas sentar-se à mesa mediúnica e dar comunicações. É apurar e disciplinar a sensibilidade espiritual, a fim de tê-la nas melhores condições possíveis de manifestação, e aprender a empregá-la dentro das melhores técnicas e visando as finalidades mais elevadas. Esse desenvolvimento mediúnico abrange providências de natureza tríplice:
a. Doutrinária.
O médium precisa conhecer a Doutrina Espírita para compreender o Universo, a si mesmo e aos outros seres, como criaturas evolutivas, regidas pela lei de causa e efeito.
Atenção especial será dada à compreensão do intercâmbio mediúnico, ação do pensamento sobre os fluidos, natureza e situações dos espíritos no Além, perispírito e suas propriedades na comunicação mediúnica, tipos de mediunidade, etc.
b. Técnica.
Exercício prático, à luz do conhecimento espírita, para que o médium saiba distinguir os tipos dos espíritos pelos seus fluidos, como concentrar ou desconcentrar, entender o desdobramento, controlar-se nas manifestações e analisar o resultado delas, etc.
Observação: quando se inicia a prática mediúnica, pode ocorrer de os sinais precursores se intensificarem e ampliarem. Não pense o médium que seu estado piorou. É que os espíritos estão agindo sobre os centros de sua sensibilidade e preparando o campo para as atividades mediúnicas.Persevere o médium, mantendo o bom ânimo e aos poucos, com a educação de suas faculdades, as sensações ficarão bem canalizadas, não mais causando perturbações.
c. Moral.
É indispensável a reforma íntima para que nos libertemos de espíritos perturbadores e cheguemos a ter sintonia com os bons espíritos, dando orientação superior ao nosso trabalho mediúnico. A orientação cristã, à luz do Espiritismo, leva-nos à vigilância, oração, boa conduta e à caridade para com o próximo, o que atrairá para nós assistência espiritual superior.
Livros consultados:De Allan Kardec: - "O Livro dos Médiuns", 2ª parte, caps. XVII e XVIII. De Léon Denis:
- "No Invisível", caps. XXII e XXV.Fonte: "Iniciação ao Espiritismo", Therezinha Oliveira - Ed EME




O Médium e o Estudo Walter Barcelos
"Que o médium que não sinta com forças de perseverar no ensino espírita se abstenha, pois, não tornando proveitosa a luz que o esclareceis, será mais culpado e terá de expiar a sita cegueira."
Pascal - "O Livro dos Médiuns ", Allan Kardec, cap. XXXI - Dissertação nº 13
Toda empresa humana responsável exige de seu operário que seja esforçado e atencioso, que estude sempre e aprenda continuadamente para se desenvolver, adquirindo competência e eficiência. Da mesma forma, o Espiritismo isto espera de seus profitentes
A Doutrina Espírita não alimenta ilusões nem fantasias de menor esforço para nenhum adepto, muito menos para aqueles que pertencem ao quadro de trabalhadores efetivos. No trecho em referência, o espírito Pascal em outras palavras quer nos dizer: ao médium que não se interessar pelo conhecimento da Doutrina Espírita, melhor será para ele abster-se da prática medianímica, ou seja, que paralise suas atividades, porque assim estará se isentando de cometer absurdos doutrinários, por permanecerem voluntária cegueira espiritual.
Não se justifica nenhum médium ficar longo período da vida em estado de ignorância doutrinária e estagnação moral, pois necessita alcançar a posição respeitável de bom instrumento psíquico afinado com as notas divinas da Doutrina dos Espíritos, para agir proveitosamente, tirando o máximo de crédito e lucros espirituais.
O médium espírita não poderá contar somente com a luz de seus guias espirituais. Indispensável conquistar sua própria luz interior, porque o guia nem sempre estará de sentinela, protegendo-o e livrando-o das dificuldades e tentações. Como manter o médium a sintonia mental elevada, a inspiração superior e a intuição construtiva, se pouco se interessa pelo estudo sério e aprofundado do Espiritismo, muito especialmente as obras de Allan Kardec? Como amar uma doutrina que muito mal conhece? O espírito Emmanuel no livro "O Consolador", na questão n° 392, afirma, quanto ao dever de todo medianeiro espírita:
"O médium tem obrigação de estudar muito, observar intensamente e trabalharem todos os instantes pela sua própria iluminação".
Quem serão esses médiuns? Obviamente, são todos aqueles engajados na casa espírita, principalmente das equipes de desobsessão, trabalho de passes, tratamento e cura espirituais.
Aqueles que se destacam pela sua força mediúnica e faculdades psíquicas avantajadas deveriam, com maior devotamento, se entregar à sagrada obrigação de estudar com mais seriedade e disciplina as obras espíritas, pois estão se posicionando como orientadores da multidão e aglutinadores das atenções para o Espiritismo.
No contato com dirigentes de centros espíritas, conversando sobre grupos mediúnicos, chegamos à conclusão de que diminuta é a percentagem de medianeiros que verdadeiramente gostam de estudar e aprender manuseando, principalmente, as obras básicas do Espiritismo.
Na atualidade, o médium espírita precisa estudar Kardec com método e perseverança, seja em particular - em sua residência - ou em equipe, principalmente na casa espírita, na forma de "Círculo de Estudos", onde encontrará a luminosa oportunidade de dialogar, debater, opinar, ouvir diversas interpretações e dar também o seu entendimento, tudo dentro de um ambiente fraterno e familiar, promovendo luzes de verdade para todos.
Os médiuns que não gostam de estudar a Doutrina estão numa posição muito estranha, porque desejam servir com os espíritos da luz para consolar e esclarecer multidões de criaturas ignorantes, sendo que, por sua vez, permanecem com o cérebro embotado ao discernimento kardequiano. Os médiuns levianos fogem do esclarecimento espírita, alegando:
"Eu gosto mesmo é de trabalhar na mediunidade e ajudar os que mais sofrem, enfim fazer a caridade que Jesus nos ensinou. Não gosto da teoria! É muita falação! Eu prefiro a prática!
O que conheço de Espiritismo, somado à minha experiência, já é o bastante. Não preciso de mais estudo. Estudar muito a Doutrina perturba minha mente e o meu trabalho".
Quanto de presunção e de vaidade encontramos nestas palavras saídas da boca de médiuns orgulhosos!
Devido aos médiuns, em grande maioria, não buscarem a pureza dos ensinos kardecistas, encontramos com facilidade por toda parte, centros espíritas realizando trabalhos mediúnicos os mais absurdos e exóticos, com absoluta ausência de disciplina, discernimento e prudência tão apregoados por Allan Kardec.
Alguém poderá indagar: Por que o bom médium precisa estudar, se ele sempre está com os mentores espirituais? Responderemos: Naturalmente, porque ele não é uma criatura infalível e nem possui privilégios e proteção especial dos Espíritos Superiores. O médium espírita é um aprendiz como qualquer outro companheiro de fé; um aluno necessitado de se iluminar constantemente; um discípulo chamado a conquistar as virtudes cristãs; um canal mediúnico sujeito a receber e aceitar tanto a inspiração de entidades benfazejas como das inteligências perversas e mistificadoras, dependendo sempre da direção e uso que dê à sua força mediúnica.
O estudo sério nunca perturbou ou fez adoecer pessoa alguma. Sendo assim, o médium precisa amar mais a Doutrina Espírita, estudando-a com prazer e disciplina, aplicação e perseverança.
"Mediunidade e Discernimento", Ed. Didier,
Aliança Espírita - Julho de 2000

LEMBRANDO : PALAVRAS DE KARDEC NO LIVRO DOS ESPÍRITOS


A descrença com que se têm referido à Doutrina Espírita, quando não é o resultado de uma oposição sistemática interesseira, tem quase sempre origem no conhecimento incompleto dos fatos, o que não impede algumas pessoas de abordar e decidir a questão como se a conhecessem perfeitamente. Pode-se ser muito inteligente, ter muita instrução e não se ter bom senso; portanto, o primeiro indício de falta de discernimento quando se julga é acreditar ser infalível. Muitas pessoas também vêem as manifestações espíritas somente como curiosidade; esperamos que pela leitura deste livro elas encontrem nesses extraordinários fenômenos outra coisa além de um simples passatempo.

A ciência espírita compreende duas partes: uma experimental, sobre as manifestações em geral, e outra filosófica, sobre as manifestações inteligentes. Todo aquele que somente observou a primeira está na posição de quem conhece a física apenas por experiências recreativas, sem ter penetrado a fundo na ciência.

A verdadeira Doutrina Espírita está no ensinamento dado pelos Espíritos, e os conhecimentos que esse ensinamento comporta são muito sérios para serem adquiridos de qualquer outro modo que não seja por um estudo atencioso e contínuo, feito no silêncio e no recolhimento, porque somente nessa condição pode-se observar um número infinito de fatos e de detalhes que escapam ao observador superficial e permitem firmar uma opinião. Se este livro não tivesse outra finalidade que não fosse mostrar o lado sério da questão e de provocar estudos nesse sentido, para nós já seria bastante honroso e ficaríamos felizes por ter realizado uma obra a que não pretendemos, de resto, nos atribuir mérito pessoal, uma vez que seus princípios não são de nossa criação e o seu mérito é inteiramente dos Espíritos que a ditaram.
Esperamos que ela tenha um outro resultado: o de guiar os homens desejosos de se esclarecer, mostrando-lhes nestes estudos um objetivo grande e sublime: o do progresso individual e social, e de lhes indicar o caminho a seguir para atingi-lo.
Allan Kardec


LIVRO DOS MÉDIUNS CAPÍTULO 14 MÉDIUNS

Médiuns de efeitos físicos – Pessoas elétricas –
Médiuns sensitivos ou impressionáveis –
Médiuns auditivos – Médiuns falantes –
Médiuns videntes – Médiuns sonambúlicos –
Médiuns curadores – Médiuns pneumatógrafos

159 Toda pessoa que sente num grau qualquer a influência dos Espíritos é, por isso mesmo, médium. Essa faculdade é inerente às pessoas e conseqüentemente não constitui privilégio exclusivo de ninguém; por isso mesmo, poucas são as pessoas que não possuem algum rudimento dela.
Podemos dizer, portanto, que todas as pessoas são, mais ou menos, médiuns. Entretanto, geralmente, essa qualificação aplica-se apenas àqueles cujo dom mediúnico está claramente caracterizado por efeitos patentes de uma certa intensidade, o que depende, então, de uma organização mais ou menos sensitiva. É preciso, além disso, notar que essa faculdade não se revela em todos da mesma maneira; os médiuns possuem geralmente uma aptidão especial para certos gêneros de fenômenos, o que faz haver tantas variedades quantas são as espécies de manifestações.
As principais são: médiuns de efeitos físicos; médiuns sensitivos ou impressionáveis; auditivos; falantes; videntes; sonambúlicos; curadores; pneumatógrafos; escreventes ou psicógrafos*.

1. MEDIUNS DE EFEITOS FÍSICOS

160 Os médiuns de efeitos físicos são especialmente aptos a produzir fenômenos materiais, tais como os movimentos de corpos inertes, barulhos etc. Podemos dividi-los em médiuns facultativos e médiuns involuntários
(Veja neste livro, Parte Segunda, capítulos 2 e 4, “Manifestações físicas” e “Teoria das manifestações físicas”, respectivamente).
Os médiuns facultativos são os que têm a consciência da sua mediunidade e produzem fenômenos espíritas por sua vontade. Essa faculdade, ainda que inerente à espécie humana, como já dissemos, está longe de existir em todos no mesmo grau; mas, se há poucas pessoas nas quais ela seja absolutamente nula, as que são aptas para produzir grandes efeitos, tais como a suspensão de corpos pesados no espaço, a translação aérea e, especificamente, as aparições, são ainda mais raras. Os efeitos mais simples são: rotação de um objeto, pancadas por efeito do levantamento desse objeto ou nele mesmo. Sem dar uma destacada importância a esses fenômenos, recomendamos não negligenciá-los; deles podem se originar observações interessantes e podem servir para consolidar a convicção. Porém, é preciso observar que a faculdade de produzir efeitos físicos raramente existe nos que possuem meios mais perfeitos de comunicação, como a escrita ou a palavra. Geralmente, a faculdade diminui num sentido à medida que se desenvolve em outro.
* Psicógrafo Psicógrafo: (do grego psiké, borboleta, alma, e graphô, escrevo). Aquele que faz a psicografia: médium escrevente (N.E.).
161 Os médiuns involuntários ou naturais são aqueles em que a mediunidade se exerce sem que eles saibam. Não têm nenhuma consciência dela e, muitas vezes, o que se passa de anormal em torno deles não lhes parece extraordinário; isso faz parte deles, exatamente como as pessoas dotadas da segunda vista que não suspeitam disso. Esses indivíduos são bastante dignos de observação, e não devemos nos descuidar de recolher e estudar os fatos desse gênero que venham ao nosso conhecimento; eles se manifestam em todas as idades; muitas vezes, em crianças ainda muito novas (Veja o capítulo 5, “Manifestações físicas espontâneas”).
Essa faculdade não é, por si só, indício de um estado patológico, porque o médium normalmente tem uma saúde perfeita. Se está sofrendo, é porque isso está ligado a uma causa estranha, e assim os meios terapêuticos são impotentes para fazê-la cessar. Ela pode, em certos casos, ser conseqüência de uma certa fraqueza orgânica, porém nunca é causa eficiente1. Não é, portanto, razoável fazer dessa mediunidade um motivo de inquietação, sob o ponto de vista da saúde orgânica; ela só poderia ser inconveniente se o médium fizesse dela uso abusivo, porque, então, se verificaria nele uma emissão muito grande de fluido vital e, conseqüentemente, um enfraquecimento dos órgãos.
1 - Causa eficiente: quando um fenômeno produz outro (N.E.).
162 A razão se revolta com a idéia das torturas morais e corporais a que a ciência tem, algumas vezes, submetido os médiuns, pessoas fracas e delicadas, para se certificar de que não há fraude por parte delas.
Essas experimentações, quase sempre feitas com maldade, são sempre prejudiciais aos organismos sensitivos, podendo resultar disso sérias desordens ao conjunto da saúde. Fazer essas experiências é brincar com a vida. O observador de boa-fé não precisa empregar esses meios, pois, estando familiarizado com os fenômenos, sabe que eles pertencem mais à ordem moral do que à física e que é inútil procurar-lhes solução nas nossas ciências exatas. Depois, pelo fato de esses fenômenos estarem mais ligados à ordem moral, deve-se evitar com extremo cuidado tudo o que possa sobreexcitar a imaginação.
Sabe-se dos traumas que o medo pode ocasionar e com muito mais prudência nos guiaríamos se atentássemos para todos os casos de loucura e epilepsia originados dos contos de lobisomens e bichos-papões. Imagine o que acontece quando se generaliza tudo isso como obra do diabo? Aqueles que alimentam ou propagam essas idéias não sabem a responsabilidade que assumem: podem matar. Acontece ainda que o perigo não fica restrito apenas ao sujeito que se vê de braços com o fenômeno, mas também aos que o cercam e que podem ficar traumatizados com a idéia de que sua casa se tornou um antro de demônios.
Foi essa crença funesta que causou tantas atrocidades nos tempos da ignorância. Contudo, com um pouco mais de discernimento, teriam deduzido que, ao queimar o corpo supostamente possuído pelo diabo, não queimavam o diabo. Já que queriam se desfazer dele, era ele que era preciso matar. A Doutrina Espírita, ao nos esclarecer sobre a verdadeira causa de todos esses fenômenos, matou o diabo, deu-lhe o golpe de misericórdia. Longe, portanto, de fazer surgir ou de alimentar essa idéia, deve-se, como dever de moralidade e de humanidade, combatê-la onde quer que surja.
O que se deve fazer quando uma faculdade semelhante se desenvolve espontaneamente num indivíduo é deixar o fenômeno seguir seu curso natural: a natureza é mais prudente do que os homens; a Providência, aliás, possui suas razões, e a menor criatura pode ser o instrumento dos maiores desígnios. Porém, é preciso convir que esse fenômeno adquire, algumas vezes, proporções fatigantes e inoportunas para todas as pessoas•; portanto, eis o que em todos os casos é preciso fazer.
No capítulo 5, • Um dos fatos mais extraordinários dessa natureza, pela variedade e estranheza desses fenômenos, é, sem dúvida, o que ocorreu, em 1852, no Palatinado (Baviera renana), em Bergzabem, perto de Wissemburg. É tanto mais notável quando denota, reunidos no mesmo indivíduo, todos os tipos de manifestações espontâneas: estrondos a abalar a casa, desordem dos móveis, objetos lançados ao longe por uma mão invisível, visões e aparições, sonambulismo, êxtase, catalepsia, atração elétrica, gritos e sons aéreos, instrumentos tocando sem o contato das mãos, comunicações inteligentes etc., e, o que não é de menor importância, a constatação desses fatos durante quase dois anos, por inúmeras testemunhas oculares dignas de fé pelo saber e pelas posições sociais que ocupavam. A narração autêntica foi publicada, na época, em diversos jornais alemães e notadamente numa brochura hoje esgotada e muito rara. Pode-se encontrar a tradução completa dessa brochura na Revista Espírita de 1858, com os comentários e as explicações necessárias.
É, pelo que sabemos, a única publicação francesa que fez isso. Além do interesse empolgante ligado a esses fenômenos, eles são eminentemente instrutivos sob o ponto de vista do estudo prático do espiritismo (N.K.).

“Manifestações físicas espontâneas”, já demos alguns conselhos a esse respeito, quando dissemos que é preciso entrar em comunicação com o Espírito para saber dele o que ele quer. O método a seguir está igualmente fundado na observação.
Os seres invisíveis que revelam sua presença por efeitos sensíveis são, geralmente, Espíritos de uma ordem inferior, que podem ser dominados pela superioridade moral; é esse ascendente que é preciso procurar adquirir (Veja as questões nos 251, 254 e 279).
Para lidar com eles, é preciso fazer o médium passar do estado de médium natural para o de médium facultativo.
É produzido, então, um efeito semelhante ao que acontece no sonambulismo. Sabe-se que o sonambulismo natural cessa geralmente quando é substituído pelo sonambulismo magnético. Não se suprime a faculdade emancipadora da alma; é dada a ela uma outra diretriz. O mesmo acontece com a faculdade mediúnica.

Para isso, em vez de entravar o fenômeno, coisa que raramente se consegue e que nem sempre deixa de ser perigosa, exercita-se o médium para produzi-los de acordo com sua vontade, impondo-se ao Espírito; por esse meio, ele consegue subjugá-lo, dominá-lo, e do dominador, às vezes tirânico, faz-se um ser subordinado e, muitas vezes, dócil.
Um fato digno de ser notado e justificado pela experiência é que, nesse caso, uma criança tem tanta ou mais autoridade do que um adulto: prova que vem apoiar esse ponto capital da Doutrina de que o Espírito é criança apenas no corpo e que tem por si mesmo um desenvolvimento necessário anterior à sua encarnação atual, desenvolvimento este que pode lhe dar ascendência sobre Espíritos que lhe são inferiores.
A moralização do Espírito por conselhos de uma terceira pessoa influente e experimentada, se o médium não estiver no estado de fazer isso, é muitas vezes um meio bastante eficaz; falaremos disso mais tarde.
2 - Torpedinídeos: orpedinídeos: família de peixes com órgãos que produzem choques elétricos que paralisam suas presas; as tremelgas, as arraias-elétricas. O poraquê, do Amazonas, é também conhecido como peixe elétrico (N.E.).

163 É a essa categoria de médiuns que deveriam pertencer, à primeira vista, as pessoas dotadas de uma certa dose de eletricidade natural, verdadeiros torpedinídeos2 humanos, que produzem ao simples contato todos os efeitos de atração e de repulsão. Foi errado, entretanto, considerá- las médiuns, porque a verdadeira mediunidade supõe a intervenção direta de um Espírito; acontece que, no caso de que falamos, experiências concludentes provaram que a eletricidade é o único agente desses fenômenos.
Essa faculdade estranha, a qual poderíamos quase chamar de enfermidade, pode algumas vezes aliar-se à mediunidade, como podemos ver na história do Espírito batedor de Bergzabern; porém, muitas vezes independe da mediunidade. Conforme já dissemos, a única prova de intervenção dos Espíritos é o caráter inteligente das manifestações; se esse caráter não existir, temos que atribuí-las a uma causa puramente física. A questão é saber se as pessoas elétricas teriam uma aptidão maior para se tornarem médiuns de efeito físico; pensamos que sim, porém só a experiência poderá demonstrá-lo.

2. MÉDIUNS SENSITIVOS OU IMPRESSIONÍVEIS

164 São designadas assim todas as pessoas suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos por uma vaga impressão, uma espécie de arrepio sobre todos os membros, sem explicação. Essa variedade não tem um caráter bem definido; todos os médiuns são necessariamente impressionáveis, sendo a impressionabilidade, assim, uma qualidade mais geral do que especial; é a faculdade primária indispensável ao desenvolvimento de todas as outras; ela difere da impressionabilidade puramente física e nervosa, com a qual não pode ser confundida; porque há pessoas que não têm os nervos delicados e que sentem mais ou menos a presença de Espíritos, assim como há outras bastante irritáveis que não os sentem.
Essa faculdade se desenvolve pela constância, e pode tornar-se tão perceptível que aquele que a possui reconhece pela impressão que sente não apenas a natureza boa ou má do Espírito que está ao seu lado, mas até mesmo sua individualidade, assim como o cego reconhece, não se sabe como, a aproximação desta ou daquela pessoa; esse indivíduo se torna então, com relação aos Espíritos, um verdadeiro sensitivo.
Um bom Espírito causa sempre uma impressão boa e agradável;a de um mau, pelo contrário, é difícil, aflita e desagradável; há como um cheiro de impureza.

3. MÉDIUNS AUDITIVOS

165 Os médiuns auditivos ouvem a voz dos Espíritos; é, como dissemos ao falar da pneumatofonia, algumas vezes uma voz interior, que se faz ouvir no foro íntimo; outras vezes é uma voz exterior, clara e distinta como a de uma pessoa viva.
Os médiuns auditivos podem assim entrar em conversação com os Espíritos. Quando têm o hábito de se comunicarem com certos Espíritos, eles os reconhecem imediatamente pela natureza da voz. Uma pessoa que não tem essa faculdade pode igualmente se comunicar com um Espírito, por intermédio de um médium auditivo, que fará a função de intérprete.



Essa faculdade é bastante agradável quando o médium ouve bons Espíritos ou apenas os que evoca; mas o mesmo não acontece quando um mau Espírito agarra-se a ele, fazendo-lhe ouvir a cada minuto as coisas mais desagradáveis e inconvenientes. É preciso livrar-se desses Espíritos pelos meios que indicaremos no capítulo 23, “Obsessão”.

4. MÉDIUNS FALANTES

166 Os médiuns auditivos, que apenas transmitem o que ouvem, não são, propriamente falando, médiuns falantes, porque estes, na maioria das vezes, não ouvem nada. Neles, o Espírito age sobre os órgãos da palavra, como age sobre a mão dos médiuns escreventes. Quando o Espírito quer se comunicar, serve-se do órgão com que melhor pode se sintonizar no médium; de um, ele empresta a mão, de outro, a palavra, de um terceiro, o ouvido.
O médium falante exprime-se geralmente sem ter a consciência do que diz e, muitas vezes, diz coisas que estão completamente fora de suas idéias habituais, de seus conhecimentos e até mesmo do alcance de sua inteligência. Por mais que esteja perfeitamente acordado e em estado normal, raramente conserva a lembrança do que diz; em resumo, a palavra é apenas um instrumento de que se serve o Espírito, com o qual uma outra pessoa pode entrar em comunicação, como o pode fazer por intermédio de um médium auditivo.
A passividade do médium falante nem sempre é tão completa; há alguns que têm a intuição do que dizem no momento em que pronunciam as palavras. Voltaremos a essa variedade quando tratarmos dos médiuns intuitivos.

5. MÉDIUNS VIDENTES

167 Os médiuns videntes são dotados da faculdade de ver os Espíritos.
Para alguns, essa faculdade se manifesta no estado normal, quando estão perfeitamente acordados, e conservam uma lembrança exata do que viram; outros possuem essa faculdade apenas em estado sonambúlico ou próximo do sonambulismo. Essa faculdade é raramente permanente; quase sempre é o efeito de uma crise momentânea e passageira.

Pode-se colocar na categoria dos médiuns videntes todas as pessoas dotadas de dupla vista. A possibilidade de ver os Espíritos em sonho resulta, sem dúvida, de um tipo de mediunidade, mas não constitui, propriamente falando, o que se chama de médium vidente.
Explicamos esse fenômeno no capítulo 6, “Manifestações visuais”. O médium vidente acredita ver com os olhos, como os que são dotados de dupla vista; mas, na realidade, é a alma que vê, e essa é a razão pela qual ele vê tão bem com os olhos fechados quanto com os olhos abertos; de onde se segue que um cego pode ver os Espíritos como qualquer um que possui a vista perfeita. Haveria, sobre este último ponto, um estudo interessante a fazer, para saber se essa faculdade é mais freqüente nos cegos. Espíritos que foram cegos nos disseram que, durante sua vida, tinham, pela alma, a percepção de certos objetos e que não estavam mergulhados na escuridão.

168 É preciso distinguir as aparições acidentais e espontâneas da faculdade propriamente dita de ver os Espíritos. As primeiras são freqüentes, principalmente no momento da morte de pessoas que amamos ou conhecemos e que vêm nos advertir de que não estão mais nesse mundo. Há inúmeros exemplos de fatos desse gênero, sem falar das visões durante o sono. Outras vezes, são igualmente parentes ou amigos que, apesar de estarem mortos há muito tempo, aparecem, seja para advertir de um perigo, seja para dar um conselho ou para pedir algum favor, que consiste geralmente no cumprimento de uma coisa que ele não pôde fazer enquanto estava vivo, ou então o auxílio de preces.
Essas aparições são fatos isolados, que sempre têm um caráter individual e pessoal e que não constituem uma faculdade propriamente dita.
A faculdade consiste na possibilidade, senão permanente, pelo menos bastante freqüente, de ver qualquer Espírito que se apresente, até mesmo aquele que nos parece ser o mais estranho a nós. É essa faculdade que constitui, propriamente falando, os médiuns videntes.




Entre os médiuns videntes, há alguns que vêem apenas os Espíritos que são evocados, com uma minuciosa exatidão; descrevem nos menores detalhes seus gestos, a expressão de sua fisionomia, os traços do rosto, a roupa e até os sentimentos de que parecem animados. Há outros nos quais essa faculdade é ainda mais geral; eles vêem toda a população espírita ambiente, a maneira como se movimentam e, se poderia dizer, amaneira como executam as suas tarefas.

169 Assistimos uma noite à apresentação da ópera Oberon na companhia de um médium vidente muito bom. Havia na sala um grande número de lugares vazios, mas dos quais muitos estavam ocupados por Espíritos que pareciam assistir ao espetáculo; alguns se acercavam dos espectadores e pareciam escutar sua conversa.
No palco, passava-se uma outra cena; atrás dos atores, diversos Espíritos de maneira jovial divertiam-se em imitá-los, parodiando seus gestos de modo grotesco; outros, mais sérios, pareciam animar os cantores e fazer esforços para lhes dar energia. Um deles ficava constantemente junto de uma das principais cantoras.
Este nos parecia ter intenções um tanto quanto levianas; tendo-o evocado após o término do ato, veio até nós e censurou com alguma severidade nosso julgamento temerário. “Não sou o que pensais”, disse ele, “sou seu guia e seu Espírito protetor; sou eu quem está encarregado de dirigi-la.” Depois de alguns minutos de uma conversa muito séria, nos deixou, dizendo: “Adeus; ela está em seu camarim; é preciso que eu vá vigiá-la.”
Evocamos em seguida o Espírito de Weber3, o autor da ópera, e lhe perguntamos o que pensava da execução de sua obra. “Não é nada má, porém fraca; os atores cantam, eis tudo; não há inspiração”, disse ele “Esperai”, acrescentou ele. “Vou tentar dar-lhes um pouco do fogo sagrado”. Então ele foi visto sobre o palco, pairando acima dos atores; um eflúvio parecia partir dele e se derramar sobre os intérpretes; nesse momento, houve entre eles uma renovação visível de energia.

170 Eis um outro fato que prova a influência que os Espíritos exercem sobre os homens sem estes saberem. Fomos, numa outra noite, a uma representação teatral com um outro médium vidente. Tendo travado uma conversa com um Espírito espectador, este nos disse: “Vêem aquelas duas damas sozinhas naquele camarote? Pois bem! Estou me esforçando para que elas deixem a sala”.
Dito isso, foi visto no camarote em questão a falar com as duas damas; de repente, elas, que estavam prestando bastante atenção ao espetáculo, olharam-se e pareceram se consultar; depois se foram e não mais voltaram.
O Espírito nos fez então um gesto cômico para mostrar que cumpriu sua palavra; porém, não o vimos mais para pedir-lhe maiores explicações. Foi assim que pudemos diversas vezes ser testemunha do papel que os Espíritos desempenham entre os vivos; nós os observamos em diversos lugares de reunião: em bailes, concertos, sermões, funerais, bodas etc..., e em todos os lugares os encontramos atiçando as más paixões, soprando a discórdia, excitando as rixas e rejubilando-se com suas proezas; enquanto outros, ao contrário, combatiam essa influência negativa, mas eram raramente escutados.

171 A faculdade de ver os Espíritos pode, sem dúvida, desenvolver- se, mas é sempre melhor esperar o seu desenvolvimento natural, sem provocá-lo, se não se quiser ser joguete da própria imaginação.
Quando o germe de uma faculdade existe, ela se manifesta por si mesma; em princípio, é preciso se contentar com as que Deus nos deu, sem procurar o impossível; porque, se quisermos ter muito, corremos o risco de perder o que temos.
Quando dissemos que as aparições espontâneas são freqüentes (Veja a questão no 107), não quisemos dizer que são bastante comuns; quanto aos médiuns videntes propriamente ditos, são ainda mais raros, e há muito do que desconfiar daqueles que pretendem desfrutar dessa faculdade; é prudente dar-lhes crédito apenas diante de provas positivas.
Nem mesmo falamos daqueles que se dão à ridícula ilusão de ver “Espíritos glóbulos”, que descrevemos na questão no 108, mas dos que pretendem ver os Espíritos de uma maneira racional. Certas pessoas podem, sem dúvida, se enganar de boa-fé, mas outras também podem simular essa faculdade por amor-próprio ou por interesse.

Nesse caso, é preciso particularmente se levar em conta o caráter, a moralidade e a sinceridade habituais; mas é, principalmente, nas particularidades que podemos encontrar o controle mais exato, porque há algumas que não deixam dúvida, como, por exemplo, a exatidão em retratar, descrevendo o Espírito que o médium não conheceu quando vivo. O fato a seguir está dentro dessa categoria.
Uma senhora viúva, cujo marido se comunicava freqüentemente com ela, encontrou-se um dia com um médium vidente que não a conhecia, e muito menos a sua família; o médium lhe disse: “Vejo um Espírito acompanhando- a”. “Ah! É sem dúvida meu marido, que quase nunca me deixa”, disse a senhora. “Não”, respondeu o médium. “É uma mulher de certa idade; ela tem uma faixa branca sobre a fronte”.
Por essa particularidade e por outros detalhes descritivos, a senhora reconheceu sem nenhum engano sua avó, em quem nem pensava naquele momento. Se a intenção do médium fosse simular a faculdade, seria fácil acompanhar o pensamento da senhora; porém, em vez do marido com o qual se preocupava, ele viu uma mulher com uma particularidade de penteado da qual nada lhe podia dar idéia. Esse fato prova uma outra coisa: de que a vidência, no médium, não era reflexo de nenhum pensamento estranho (Veja a questão no 102).
3 - Carl M. von W Weber eber (1786-1826): compositor, pianista e maestro alemão (N.E.)

6. MÉDIUNS SONAMBÚLICOS

172 O sonambulismo pode ser considerado uma variedade da faculdade mediúnica, ou melhor, são duas ordens de fenômenos que se encontram muito freqüentemente reunidas. O sonâmbulo age sob a influência de seu próprio Espírito; é sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe além dos limites dos sentidos.
O que ele exprime, tira dele mesmo; suas idéias são, em geral, mais justas do que no estado normal e seus conhecimentos são mais dilatados, porque sua alma está livre; numa palavra, ele vive antecipadamente a vida dos Espíritos.
O médium, pelo contrário, é instrumento de uma inteligência estranha; é passivo, e o que ele diz não vem dele. Em suma, o sonâmbulo exprime seu próprio pensamento, e o médium, o de uma outra pessoa.
Mas o Espírito que se comunica com o médium comum também pode fazer o mesmo com um sonâmbulo; muitas vezes, o estado de emancipação da alma durante o sonambulismo torna essa comunicação mais fácil.
Muitos sonâmbulos vêem perfeitamente os Espíritos e os descrevem com tanta precisão quanto os médiuns videntes; podem conversar com eles e nos transmitir o que eles pensam.
O que os sonâmbulos dizem fora do círculo de seus conhecimentos pessoais lhes é freqüentemente sugerido por outros Espíritos. Eis um exemplo notável em que a dupla ação do Espírito do sonâmbulo e de um outro Espírito desencarnado se revela de maneira inequívoca.

173 Um de nossos amigos sonâmbulos era um rapaz de uns 14 ou 15 anos, de uma inteligência comum e de uma instrução extremamente limitada.
Contudo, no estado de sonambulismo, deu provas de uma lucidez extraordinária e de grande perspicácia. Ele era muito bom, principalmente no tratamento de doenças, e fez inúmeras curas consideradas impossíveis.
Um dia, ao consultar um doente, descreveu a enfermidade com perfeita exatidão. – Não é tudo – disseram-lhe. – Agora é preciso que receiteis o remédio. – Não posso – respondeu. – Meu anjo doutor não está aqui. – Quem é vosso anjo doutor? – Aquele que receita os remédios. – Não sois vós quem receitais os remédios? – Oh, não; digo-vos que é meu anjo doutor que os dita para mim.
Assim, nesse sonâmbulo, a ação de ver o mal era algo de seu próprio Espírito, que, por causa disso, não tinha necessidade de nenhuma assistência; mas a indicação dos remédios era dada por um outro Espírito; quando este não estava lá, ele não podia dizer nada; sozinho, ele era apenas sonâmbulo; assistido pelo que ele chamava de seu anjo doutor, era sonâmbulo-médium.

174 A lucidez sonambúlica é um dom do organismo completamente independente da elevação, do adiantamento e até mesmo do estado moral da pessoa. Um sonâmbulo pode ser bastante lúcido e incapaz de resolver certas questões, se seu Espírito for pouco avançado. Quando o sonâmbulo fala, pode dizer coisas boas ou más, justas ou falsas, colocar mais ou menos delicadeza e escrúpulo nos seus procedimentos, de acordo com o grau de elevação ou de inferioridade de seu próprio Espírito; éentão que a assistência de um Espírito desencarnado pode suprir suas deficiências; porém, um sonâmbulo pode ser assistido por um Espírito mentiroso, leviano ou até mesmo mau, como qualquer outro médium; é aí, especificamente, que as qualidades morais têm uma grande influência para atrair os bons Espíritos (Veja em O Livro dos Espíritos a questão no 425, e neste livro o capítulo 20, “Influência moral do médium”).

7. MÉDIUNS CURADORES

175 Falaremos dessa variedade de médiuns apenas para não deixar de mencioná-la, porque o assunto exigiria desenvolvimento bastante extenso, muito além dos limites de uma simples menção. Sabemos, aliás, que um de nossos amigos médico se propôs a escrever um livro com um estudo especial sobre a medicina intuitiva. Diremos apenas que essa mediunidade consiste principalmente no dom que certas pessoas possuem de curar pelo simples contato, pelo olhar e até mesmo por um gesto, sem a ajuda de nenhuma medicação. Parecerá, a princípio, sem dúvida, que não é outra coisa senão magnetismo.

É evidente que o fluido magnético desempenha aí um grande papel; mas, quando examinamos o fenômeno com cuidado, reconhecemos que existe algo mais. A magnetização comum é um verdadeiro tratamento contínuo, regular e metódico; no caso que citamos, as coisas se passam de maneira totalmente diferente.

Todos os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, desde que saibam agir convenientemente, enquanto nos médiuns curadores a faculdade é espontânea, e alguns até mesmo a possuem sem terem jamais ouvido falar de magnetismo. A intervenção de uma potência oculta, que constitui a mediunidade, torna-se evidente em certas circunstâncias, principalmente se considerarmos que a maioria das pessoas que podem, com razão, ser qualificadas de médiuns curadores recorre à prece, que é uma verdadeira evocação (Veja a questão no 131).

176 Eis as respostas que nos foram dadas pelos Espíritos sobre esse assunto:

1. Podemos considerar as pessoas dotadas de força magnética como uma variedade de médiuns?
“Disso não podes duvidar.”

2. Entretanto, o médium é um intermediário entre os Espíritos e o homem; porém, como o magnetizador tira sua força de si mesmo, ele não é intermediário de nenhuma potência estranha?
“Isso é um erro; o poder magnético reside sem dúvida no homem, mas é aumentado pela ação dos Espíritos que ele chama em seu auxílio. Se magnetizas com a intenção de curar, por exemplo, e invocas um bom Espírito, que se interessa por ti e pelo doente, ele aumenta tua força e tua vontade, dirige teu fluido e lhe dá as qualidades necessárias.”

3. Há, entretanto, magnetizadores muito bons que não acreditam nos Espíritos?
“Pensas que os Espíritos agem apenas sobre aqueles que acreditam neles? Aqueles que magnetizam para o bem são auxiliados por bonsEspíritos. Todo homem que tem o desejo do bem os atrai, sem se dar conta disso, do mesmo modo que, pelo desejo do mal e pelas más
intenções, atrai os maus.”

4. Aquele que, tendo a força magnética, acreditasse na intervenção dos Espíritos agiria com mais eficácia?
“Ele faria coisas que consideraríeis milagres.”

5. Certas pessoas possuem verdadeiramente o dom de curar pelo simples toque, sem o emprego de passes magnéticos?
“Certamente; não tendes numerosos exemplos disso?”



6. Nesse caso, há ação magnética ou apenas influência dos Espíritos?
“Tanto um quanto o outro. Essas pessoas são verdadeiros médiuns, uma vez que agem sob a influência dos Espíritos; porém, não quer dizer que elas sejam médiuns curadores como o entendeis.”
7. Esse poder pode se transmitir?
“O poder, não; mas o conhecimentos das coisas necessárias para exercê-lo, para quem o possuí, sim. Tal pessoa não duvidaria que temesse poder se acreditasse que lhe foi transmitido.”

8. Podemos obter curas apenas pela prece?
“Algumas vezes, sim, se Deus o permitir; porém, pode ser que o melhor para o bem do doente ainda seja sofrer, e então acreditais que vossa prece não foi ouvida.”

9. Há para isso fórmulas de preces mais eficazes do que outras?
“Apenas a superstição pode conceber virtudes a certas palavras, e somente Espíritos ignorantes ou mentirosos podem alimentar semelhantes idéias, prescrevendo fórmulas. Entretanto, pode ocorrer que, para pessoas pouco esclarecidas e incapazes de compreender as coisas puramente espirituais, o emprego de uma fórmula contribua para lhe dar confiança;
nesse caso, não é a fórmula que é eficaz, e sim a fé, que é aumentada pela idéia ligada ao emprego da fórmula.

8. MÉDIUNS PNEUMATÓGRAFOS

177 Damos esse nome aos médiuns aptos a obter a escrita direta, o que não é possível a todos os médiuns escreventes. Essa faculdade é, até o presente momento, bastante rara; desenvolve-se provavelmente pelo exercício; porém, como dissemos, sua utilidade prática limita-se a uma constatação patente da intervenção de uma força oculta nas manifestações.
Apenas a experiência pode fazer com que se saiba se a pessoa a possui; pode-se, portanto, experimentar, mas também pode-se solicitar que um Espírito protetor a faça.

De acordo com o maior ou menor poderdo médium, obtêm-se simples traços, sinais, letras, palavras, frases e até mesmo páginas inteiras. Basta geralmente deixar uma folha de papel dobrada num lugar qualquer ou indicado pelo Espírito durante dez minutos, às vezes um pouco mais.

A prece e o recolhimento são condições essenciais; é por isso que se pode considerar impossível a obtenção de alguma coisa numa reunião de pessoas pouco sérias e que não estejam animadas de sentimentos simpáticos e benevolentes. (Veja a teoria da escrita direta no capítulo 8, “Laboratório do mundo invisível”, questões nos 127 e seguintes, e no capítulo 12, “Pneumatografia ou Escrita Direta – Pneumatofonia”.) Trataremos de maneira especial os médiuns escreventes nos capítulos seguintes.


GRUPO 01 LEITURA E DISCUSSÃO DOS ITENS 160 E 164


GRUPO 02 LEITURA E DISCUSSÃO DOS ITENS 165 E 166


GRUPO 03 LEITURA E DISCUSSÃO DOS ITENS 167 E 172


GRUPO 04 LEITURA E DISCUSSÃO DOS ITENS 175 E 177

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