Sunday, June 03, 2007

Aula 69 - CRIAÇÃO DIVINA

Aula 69 - CRIAÇÃO DIVINA

Os Reinos da Natureza : Mineral, Vegetal, Animal e Hominal


Observando os seres da Natureza, classificaram-nos os naturalistas em três reinos : mineral, vegetal e animal, neste último incluíram também o homem, considerando-o apenas do ponto de vista físico, isto é, somente em seu corpo material. Este, realmente, é em tudo semelhante aos dos animais superiores. Se considerado, porem, em sua integralidade, distingue-se evidentemente o homem de todos os outros seres pela sua inteligência e racionalidade.

A inteligência, que nele se acha superiormente desenvolvida, possibilita-lhe uma atividade consciente altamente elaborada, incluindo idéias e juízos, raciocínio lógico e pensamento discursivo. No homem brilha, pois, a luz da razão, que não existe no puro animal, e lhe faculta o conhecimento das leis universais, e à qual se junta o senso moral, que o eleva ainda mais acima dos outros seres, pela percepção também das leis morais e a intuição de Deus. Destaca-se, portanto, dos animais, nitidamente, o homem, por qualidades que não pertencem à matéria, ao corpo do homem, sendo atributos do Espírito e formando, na Natureza, um quarto reino: o Hominal.

Feita essa ressalva, e admitindo-se o homem como um ser à parte, podem, realmente, considerar-se aqueles três reinos. Em outros termos: além do homem racional e moral, existem no nosso mundo as pedras ou minerais, as plantas ou vegetais e os animais irracionais. Essa distinção entre os seres da Natureza, considerados os animais como os representantes mais evoluídos dos três reinos, é de tal modo intuitiva que desde muito entrou no entendimento humano. Todavia, em análise profunda e observando-se os seres mais simples dos extremos das três séries naturais, é se obrigado a reconhecer formas de transição de tal modo sutis que entre elas se torna ambígua a definição absoluta dos três reinos.

Há, porém, um caráter distintivo, que não padece dúvida, entre os seres minerais e os dos outros grupos: é a ausência de vida dos minerais e a presença dela nos vegetais e animais. Por isso, prefere-se a divisão mais simples que considera, de um lado, os minerais, constituindo os seres brutos ou inorgânicos, e de outro, os vegetais e os animais reunidos para constituir o grupo dos seres vivos ou orgânicos.

A presença da vida traduz-se nos vegetais e animais pela organização celular da matéria de seus corpos e o correspondente aparecimento das grandes funções de nutrição e de reprodução. Há uma infinidade de seres constituídos de uma única célula.

São seres unicelulares vegetais – os protófitos, e animais – os protozoários. Mas em seres progressivamente evoluídos, até os vegetais e animais superiores ( metáfitas e metazoários), as células microscópicas se reúnem em tecidos, os tecidos em órgãos e estes em sistemas e aparelhos orgânicos.

À pergunta 585 de O livro dos Espíritos - Que pensais da divisão da Natureza em três reinos, ou melhor, em duas classes: a dos seres orgânicos e a dos inorgânicos? Segundo alguns, a espécie humana forma uma quarta classe. Qual destas divisões é preferível?

“Todas são boas, conforme o ponto de vista. Do ponto de vista material, apenas há seres orgânicos e inorgânicos. Do ponto de vista moral, há evidentemente quatro graus.”

Esses quatro graus apresentam, com efeito, caracteres determinados, muito embora pareçam confundir-se nos seus limites extremos. A matéria inerte, que constitui o reino mineral, só tem em si uma força mecânica. As plantas, ainda que compostas de matéria inerte, são dotadas de vitalidade. Os animais, também compostos de matéria inerte e igualmente dotados de vitalidade, possuem, além disso, uma espécie de inteligência instintiva, limitada, e a consciência de sua existência e de suas individualidades. O homem, tendo tudo o que há nas plantas e nos animais, domina todas as outras classes por uma inteligência especial, indefinida, que lhe dá a consciência do seu futuro, a percepção das coisas extra materiais e o conhecimento de Deus.

Os seres que formam o reino mineral só manifestam uma força mecânica, isto é, decorrente unicamente da matéria de que são formados. Apenas existem, inertes e brutos, falece-lhes inteligência e vontade, nem mesmo instintos revelam, o que prova que, se neles existe algum princípio diferente da matéria, esta completamente abafado, dorme, em total estado de latência e inatividade.

Há belos e deslumbrantes minerais – o quartzo hialino - e as diversas variedades coloridas – o rubi, o topázio, a esmeralda; há o ouro rutilante em pepitas ou em filões, sais diversos dissolvidos nas águas dos mares e dos rios, ou em minas terrestres de sal gema, e outros; há preciosos minérios donde o homem extrai economicamente os metais: rochas de belíssimo aspecto, os gigantescos blocos de mármore branco de carrara, como irisados em cores várias, há granito e o gnaisse, as argilas brancas e vermelha.

Que variedade enorme de rochas e de terras, que abundância de cristais, pertencentes a sistemas diversíssimos, nos quais as leis da cristalografia refletem, mesmo na Natureza assim inerte e bruta, a sabedoria divina e a divina providência! Mas tudo isso, amorfo ou em facetadas formas, fosco ou brilhante, dorme, não dando o menor sinal de vida, muito menos de consciência ou sequer de instinto.

Os seres que formam o reino vegetal existem, de certo modo também inertes e brutos, sem inteligência nem vontade ativa, mas já apresentando, embora fixos e sem poderem por si mesmo deslocar-se, o movimento interior da vida, realizando um completo ciclo vital: nascem, crescem, nutrem-se, desenvolvem-se, reproduzem-se, definham e morrem.

É que, além da matéria densa, apresentam um outro princípio sutil e dinâmico, o princípio vital, de que deriva essa força prodigiosa que lhes comunica a vida. Tudo é maravilhoso nesse mundo das plantas, em seu conjunto admirável, desde os talófitos, cujo corpo vegetativo é um simples talo, sem raízes (podendo apresentar rizóides), sem verdadeiro caule, sem folhas, sem flores nem frutos, seres rudimentares, entre os quais se encontram as bactérias, algas e cogumelos; passando pelos briófitos e os pteridófitos, estes já mais evoluídos, como se pode ver nas belas cavalinhas e samambaias de múltiplos feitios e portes até os espermatófitos, que incluem, já no topo da escalada, os vegetais superiores, com raiz, caule, folhas, flores e frutos.

Que variedade, então, de cores e sabores, e de valores nutrientes, nessa multidão de seres que vão desde as ervas pequeninas e os arbustos gracís até as frondosas e gigantescas árvores, os coqueiros altivos e as araucárias, as figueiras copadas e os jacatirões floridos, os carvalhos ....Quanta manifestação de força e vida!

Entretanto, esses seres não revelam também consciência alguma da sua existência, não sentem prazeres ou dores, não têm verdadeiras percepções e sentimentos; só têm vida orgânica, que exatamente lhes é comunicada por sua união com o princípio vital. O espiritismo confirma essas idéias da Ciência, como podemos ver nas seguintes questões de O Livro dos Espíritos : -

LIVRO DOS ESPÍRITOS - CAPÍTULO XI - DOS TRÊS REINOS
1. Os minerais e as plantas. - 2. Os animais e o homem. - 3. Metempsicose.

Os minerais e as plantas

586. Têm as plantas consciências de que existem?

“Não, pois que não pensam; só têm vida orgânica.”

587. Experimentam sensações? Sofrem quando as mutilam?

“Recebem impressões físicas que atuam sobre a matéria, mas não têm percepções.

Consequentemente, não têm a sensação da dor.”

588. Independe da vontade delas a força que as atrai umas para as outras?

“Certo, porquanto não pensam. É uma força mecânica da matéria, que atua sobre a matéria, sem que elas possam a isso opor-se.”

589. Algumas plantas, como a sensitiva e a dionéia, por exemplo, executam movimentos que denotam grande sensibilidade e, em certos casos, uma espécie de vontade, conforme se observa na segunda, cujos lóbulos apanham a mosca que sobre ela pousa para sugá-la, parecendo que urde uma armadilha com o fim de capturar e matar aquele inseto.
São dotadas essas plantas da faculdade de pensar? Têm vontade e formam uma classe intermediária entre a Natureza vegetal e Natureza animal? Constituem a transição de uma para outra?

“Tudo em a Natureza é transição, por isso mesmo que uma coisa não se assemelha a outra e, no entanto, todas se prendem umas às outras. As plantas não pensam; por conseguinte carecem de vontade. Nem a ostra que se abre, nem os zoófitos pensam: têm apenas um instinto cego e natural.”

O organismo humano nos proporciona exemplo de movimentos análogos, sem participação da vontade, nas funções digestivas e circulatórias. O piloro se contrai, ao contato de certos corpos, para lhes negar passagem. O mesmo provavelmente se dá na sensitiva, cujos movimentos de nenhum modo implicam a necessidade de percepção e, ainda menos, da vontade.

590. Não haverá nas plantas, como nos animais, um instinto de conservação, que as induza a procurar o que lhes possa ser útil e a evitar o que lhes possa ser nocivo?

“Há, se quiserdes, uma espécie de instinto, dependendo isso da extensão que se dê ao significado desta palavra. É, porém, um instinto puramente mecânico. Quando, nas operações químicas, observais que dois corpos se reúnem, é que um ao outro convém; quer dizer: é que há entre eles afinidade. Ora, a isto não dais o nome de instinto.”

591. Nos mundos superiores, as plantas são de natureza mais perfeita, como os outros seres?

“Tudo é mais perfeito. As plantas, porém, são sempre plantas, como os animais sempre animais e os homens sempre homens.”

Os animais e o homem

592. Se, pelo que toca à inteligência, comparamos o homem e os animais, parece difícil estabelecer-se uma linha de demarcação entre aquele e estes, porquanto alguns animais mostram, sob esse aspecto, notória superioridade sobre certos homens. Pode essa linha de demarcação ser estabelecida de modo preciso?

“A este respeito é completo o desacordo entre os vossos filósofos. Querem uns que o homem seja um animal e outros que o animal seja um homem. Estão todos em erro.

O homem é um ser à parte, que desce muito baixo algumas vezes e que pode também elevar-se muito alto. Pelo físico, é como os animais e menos bem dotado do que muitos destes.

A Natureza lhes deu tudo o que o homem é obrigado a inventar com a sua inteligência, para satisfação de suas necessidades e para sua conservação. Seu corpo se destrói, como o dos animais, é certo, mas ao seu Espírito está assinado um destino que só ele pode compreender, porque só ele é inteiramente livre.

Pobres homens, que vos rebaixais mais do que os brutos! Não sabeis distinguir-vos deles? Reconhecei o homem pela faculdade de pensar em Deus.”

593. Poder-se-á dizer que os animais só obram por instinto?

“Ainda aí há um sistema. É verdade que na maioria dos animais domina o instinto. Mas, não vês que muitos obram denotando acentuada vontade? É que têm inteligência, porém limitada.”

Não se poderia negar que, além de possuírem o instinto, alguns animais praticam atos combinados, que denunciam vontade de operar em determinado sentido e de acordo com as circunstâncias.

Há, pois, neles, uma espécie de inteligência, mas cujo exercício quase que se circunscreve à utilização dos meios de satisfazerem às suas necessidades físicas e de proverem à conservação própria. Nada, porém, criam, nem melhora alguma realizam. Qualquer que seja a arte com que executem seus trabalhos, fazem hoje o que faziam outrora e o fazem, nem melhor, nem pior, segundo formas e proporções constantes e invariáveis.
A cria, separada dos de sua espécie, não deixa por isso de construir o seu ninho de perfeita conformidade com os seus maiores, sem que tenha recebido nenhum ensino.

O desenvolvimento intelectual de alguns, que se mostram suscetíveis de certa educação, desenvolvimento, aliás, que não pode ultrapassar acanhados limites, é devido à ação do homem sobre uma natureza maleável, porquanto não há aí progresso que lhe seja próprio.

Mesmo o progresso que realizam pela ação do homem é efêmero e puramente individual, visto que, entregue a si mesmo, não tarda que o animal volte a encerrar-se nos limites que lhe traçou a Natureza.

594. Têm os animais alguma linguagem?

“Se vos referis a uma linguagem formada de sílabas e palavras, não. Meio, porém, de se comunicarem entre si, têm.

Dizem uns aos outros muito mais coisas do que imaginais, Mas, essa mesma linguagem de que dispõem é restrita às necessidades, como restritas também são as idéias que podem ter.”

a) - Há, entretanto, animais que carecem de voz. Esses parece que nenhuma linguagem usam, não?

“Compreendem-se por outros meios. Para vos comunicardes reciprocamente, vós outros, homens, só dispondes da palavra? E os mudos? Facultada lhes sendo a vida de relação, os animais possuem meios de se prevenirem e de exprimirem as sensações que experimentam.

Pensais que os peixes não se entendem entre si? O homem não goza do privilégio exclusivo da linguagem. Porém, a dos animais é instintiva e circunscrita pelas suas necessidades e idéias, ao passo que a do homem é perfectível e se presta a todas as concepções da sua inteligência.”

Efetivamente, os peixes que, como as andorinhas, emigram em cardumes, obedientes ao guia que os conduz, devem ter meios de se advertirem, de se entenderem e combinarem.
É possível que disponham de uma vista mais penetrante e esta lhes permita perceber os sinais que mutuamente façam. Pode ser também que tenham na água um veículo próprio para a transmissão de certas vibrações. Como quer que seja, o que é incontestável é que lhes não falecem meios de se entenderem, do mesmo modo que a todos os animais carentes de voz e que, não obstante, trabalham em comum. Diante disso, que admiração pode causar que os Espíritos entre si se comuniquem sem o auxílio da palavra articulada?

595. Gozam de livre-arbítrio os animais, para a prática dos seus atos?

“Os animais não são simples máquinas, como supondes. Contudo, a liberdade de ação, de que desfrutam, é limitada pelas suas necessidades e não se pode comparar à do homem. Sendo muitíssimo inferiores a este, não têm os mesmos deveres que ele.

A liberdade, possuem-na restrita aos atos da vida material.”
596. Donde procede a aptidão que certos animais denotam para imitar a linguagem do homem e por que essa aptidão se revela mais nas aves do que no macaco, por exemplo, cuja conformação apresenta mais analogia com a humana?

“Origina-se de uma particular conformação dos órgãos vocais, reforçada pelo instinto de imitação. O macaco imita os gestos; algumas aves imitam a voz.”

597. Pois que os animais possuem uma inteligência que lhes faculta certa liberdade de ação, haverá neles algum princípio independente da matéria?

“Há e que sobrevive ao corpo.”

a) - Será esse princípio uma alma semelhante à do homem?

“É também uma alma, se quiserdes, dependendo isto do sentido que se der a esta palavra. É, porém, inferior à do homem. Há entre a alma dos animais e a do homem distância equivalente à que medeia entre a alma do homem e Deus.”

598. Após a morte, conserva a alma dos animais a sua individualidade e a consciência de si mesma?

“Conserva sua individualidade; quanto à consciência do seu eu, não. A vida inteligente lhe permanece em estado latente.”

599. À alma dos animais é dado escolher a espécie de animal em que encarne?

“Não, pois que lhe falta livre-arbítrio.”

600. Sobrevivendo ao corpo em que habitou, a alma do animal vem a achar-se, depois da morte, nem estado de erraticidade, como a do homem?

“Fica numa espécie de erraticidade, pois que não mais se acha unida ao corpo, mas não é um Espírito errante.

O Espírito errante é um ser que pensa e obra por sua livre vontade. De idêntica faculdade não dispõe o dos animais.

A consciência de si mesmo é o que constitui o principal atributo do Espírito. O do animal, depois da morte, é classificado pelos Espíritos a quem incumbe essa tarefa e utilizado quase imediatamente. Não lhe é dado tempo de entrar em relação com outras criaturas.”

601. Os animais estão sujeitos, como o homem, a uma lei progressiva?

“Sim; e daí vem que nos mundos superiores, onde os homens são mais adiantados, os animais também o são, dispondo de meios mais amplos de comunicação. São sempre, porém, inferiores ao homem e se lhe acham submetidos, tendo neles o homem servidores inteligentes.”

Nada há nisso de extraordinário, tomemos os nossos mais inteligentes animais, o cão, o elefante, o cavalo, e imaginemo-los dotados de uma conformação apropriada a trabalhos manuais. Que não fariam sob a direção do homem?
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Os seres que formam o reino animal existem e vivem como os vegetais, mas acrescentam-se-lhes o movimento e as sensações, que os vegetais não têm, sendo que nos animais superiores os movimentos são livres e obedecem nitidamente à vontade, denotando também certo grau de inteligência. Todavia , no animal ainda prevalece o instinto; a inteligência ainda não tem a capacidade do raciocínio.

Queremos, entretanto, lembrar que, se pelo seu corpo material o homem se assemelha aos animais, deles se distingue totalmente pela sua natureza espiritual, pela sua alma, que lhe confere razão e senso moral. Os Espíritos Superiores nos têm afirmado que há entre a alma do homem e a do animal a mesma distância que há entre o homem e Deus.

O Homem não é um simples animal, porque nele vibra, como se essencial, um Espírito, consciente, livre e responsável, destinado a realizar na sua plenitude a pureza, a justiça, o amor e a caridade.


A Gênese - CAPÍTULO X - O homem corpóreo

26. - Do ponto de vista corpóreo e puramente anatômico, o homem pertence à classe dos mamíferos, dos quais unicamente difere por alguns matizes na forma exterior.

Quanto ao mais, a mesma composição de todos os animais, os mesmos órgãos, as mesmas funções e os mesmos modos de nutrição, de respiração, de secreção, de reprodução.

Ele nasce, vive e morre nas mesmas condições e, quando morre, seu corpo se decompõe, como tudo o que vive. Não há, em seu sangue, na sua carne, em seus ossos, um átomo diferente dos que se encontram no corpo dos animais.

Como estes, ao morrer, restitui à terra o oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono que se haviam combinado para formá-lo; e esses elementos, por meio de novas combinações, vão formar outros corpos minerais, vegetais e animais. É tão grande a analogia que se estudam as suas funções orgânicas em certos animais, quando as experiências não podem ser feitas nele próprio.


27. - Na classe dos mamíferos, o homem pertence à ordem dos bímanos. Logo abaixo dele vêm os quadrúmanos (animais de quatro mãos) ou macacos, alguns dos quais, como o orangotango, o chimpanzé, o jocó, têm certos ademanes do homem, a tal ponto que, por muito tempo, foram denominados: homens das florestas.

Como o homem, esses macacos caminham eretos, usam cajados, constróem choças e levam à boca, com a mão, os alimentos: sinais característicos.


28. - Por pouco que se observe a escala dos seres vivos, do ponto de vista do organismo, é se forçado a reconhecer que, desde o líquen até a árvore e desde o zoófito até o homem, há uma cadeia que se eleva gradativamente, sem solução de continuidade e cujos anéis todos têm um ponto de contato com o anel precedente.


Acompanhando-se passo a passo a série dos seres, dir-se-ia que cada espécie é um aperfeiçoamento, uma transformação da espécie imediatamente inferior.

Visto que são idênticas às dos outros corpos as condições do corpo do homem, química e constitucionalmente; visto que ele nasce, vive e morre da mesma maneira, também nas mesmas condições que os outros se há de ele ter formado.

29. - Ainda que isso lhe fira o orgulho, tem o homem que se resignar a não ver no seu corpo material mais do que o último anel da animalidade na Terra. Aí está o inexorável argumento dos fatos, contra o qual seria inútil protestar.

Todavia, quanto mais o corpo diminui de valor aos seus olhos, tanto mais cresce de importância o princípio espiritual.

Se o primeiro. o nivela ao bruto, o segundo o eleva a incomensurável altura. Vemos o limite extremo tio animal: não vemos o limite a que chegará o espírito do homem.

30. - O materialismo pode por aí ver que o Espiritismo, longe de temer as descobertas da Ciência e o seu positivismo, lhe vai ao encontro e os provoca, por possuir a certeza de que o princípio espiritual, que tem existência própria, em nada pode com elas sofrer.

O Espiritismo marcha ao lado do materialismo, no campo da matéria; admite tudo o que o segundo admite; mas, avança para além do ponto onde este último pára.

O Espiritismo e o materialismo são como dois viajantes que caminham juntos, partindo de um mesmo ponto; chegados a certa distância, diz um: «Não posso ir mais longe.» O outro prossegue e descobre um novo mundo.

Por que, então, há de o primeiro dizer que o segundo é louco, somente porque, entrevendo novos horizontes, se decide a transpor os limites onde ao outro convém deter-se?

Também Cristóvão Colombo não foi tachado de louco, porque acreditava na existência de um mundo, para lá do oceano?

Quantos a História não conta desses loucos sublimes, que hão feito que a Humanidade avançasse e aos quais se tecem coroas, depois de se lhes haver atirado lama?

Pois bem! o Espiritismo, a loucura do século dezenove, segundo os que se obstinam em permanecer na margem terrena, nos patenteia todo um mundo, mundo bem mais importante para o homem, do que a América, porquanto nem todos os homens vão à América, ao passo que todos, sem exceção de nenhum, vão ao dos Espíritos, fazendo incessantes travessias de um para o outro.

Galgado o ponto em que nos achamos com relação à Gênese, o materialismo se detém, enquanto o Espiritismo prossegue em suas pesquisas no domínio da Gênese espiritual.

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