Saturday, November 19, 2005

O ARREPENDIMENTO E O PERDÃO:

AULA SOBRE O ARREPENDIMENTO E O PERDÃO

Evangelho Segundo Espiritismo CAP.10 BEM-AVENTURADOS OS QUE SÃO MISERICORDIOSOS

PERDOAI PARA QUE DEUS VOS PERDOE

1. Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque eles próprios alcançarão misericórdia. (Mateus, 5:7)


2. Se perdoardes aos homens as faltas que cometem contra vós, vosso Pai celeste também perdoará vossos pecados; mas se não perdoardes aos homens quando vos ofendem, vosso Pai também não perdoará vossos pecados. (Mateus, 6:14 e 15)


3. Se vosso irmão pecou contra vós, ide acertar a falta em particular, entre vós e ele. Se ele vos ouvir, tereis ganho o vosso irmão. Então Pedro, se aproximando, Lhe disse: Senhor, quantas vezes perdoarei ao meu irmão quando pecar contra mim? Será até sete
vezes? Jesus lhe respondeu: Não vos digo que apenas sete vezes e sim setenta vezes sete vezes. (Mateus, 18:15, 21 e 22)


4 A misericórdia é o complemento da doçura; porque aquele que não é misericordioso não será também dócil nem pacífico. Ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor revelam uma alma sem elevação e sem grandeza. O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que está acima do mal que lhe quiseram fazer. Uma é sempre ansiosa, de uma irritabilidade desconfiada e cheia de amargura; a outra é calma, cheia de mansidão e de caridade.

Infeliz daquele que diz: “Nunca perdoarei!” Este, se não for condenado pelos homens, certamente o será por Deus. Com que direito pedirá o perdão das suas próprias faltas, se ele próprio não perdoa as dos outros? Quando diz para perdoarmos ao nosso irmão não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes, Jesus nos ensina que a misericórdia não deve ter limites.

Mas há duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma é grandiosa e nobre, verdadeiramente generosa, sem pensar no que passou, que evita com delicadeza ferir o amor-próprio e os sentimentos do agressor, ainda que este último tenha toda a culpa. A outra maneira é quando o ofendido, ou aquele que assim se julga, impõe ao ofensor condições humilhantes e o faz sentir todo o peso de um perdão que irrita ao invés de acalmar. Se estende a mão, não é com benevolência e sim com ostentação para se mostrar, a fim de poder dizer a todos:

“Vede o quanto sou generoso!” Em tais condições é impossível que a reconciliação seja sincera de ambas as partes. Isto não é generosidade; é, antes, uma maneira de satisfação do orgulho. Em todas as contendas, aquele que se mostra mais pacificador, que demonstra maior tolerância, caridade e verdadeira grandeza da alma, conquistará sempre a simpatia das pessoas imparciais.

Do livro dos Espíritos pergunta

998 A reparação ocorre na vida corporal ou na espiritual?

– A reparação ocorre durante a vida física pelas provas a que o Espírito é submetido, e na vida espiritual pelos sofrimentos morais ligados à inferioridade do Espírito.




Do Livro O CÉU E O INFERNO Capitulo VII

16º — O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação.

Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação.

17º — O arrependimento pode dar-se por toda parte e em qualquer tempo; se for tarde, porém, o culpado sofre por mais tempo.

Até que os últimos vestígios da falta desapareçam, a expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que lhe são conseqüentes, seja na vida atual, seja na vida espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal.

A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal. Quem não repara os seus erros numa existência, por fraqueza ou má vontade, achar-se-á numa existência ulterior em contacto com as mesmas pessoas que de si tiverem queixas, e em condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes reconhecimento e da Academia, o que não significa que o seja ad perpetuam, mas unicamente por tempo ilimitado. Eterno e perpétuo se empregam, pois, no sentido de indeterminado.

Nesta acepção pode dizer-se que as penas são eternas, para exprimir que não têm duração limitada; eternas, portanto, para o Espírito que lhes não vê o termo.

Fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito. Nem todas as faltas acarretam prejuízo direto e efetivo; em tais casos a reparação se opera, fazendo-se o que se deveria fazer e foi descurado; cumprindo os deveres desprezados, as missões não preenchidas; praticando o bem em compensação ao mal praticado, isto é, tornando-se humilde se se tem sido orgulhoso, amável se se foi austero, caridoso se se tem sido egoísta, benigno se se tem sido perverso, laborioso se se tem sido ocioso, útil se se tem sido inútil, frugal se se tem sido intemperante, trocando em suma por bons os maus exemplos perpetrados.

E desse modo progride o Espírito, aproveitando-se do próprio passado.1

1 A necessidade da reparação é um princípio de rigorosa justiça, que se pode considerar verdadeira lei de reabilitação moral dos Espíritos.
Entretanto, essa doutrina religião alguma ainda a proclamou.

Algumas pessoas repelem-na porque acham mais cômodo o poder quitarem-se das más ações por um simples arrependimento, que não custa mais que palavras, por meio de algumas fórmulas; contudo, crendo-se, assim, quites, verão mais tarde se isso lhes bastava.

Nós poderíamos perguntar se esse princípio não é consagrado pela lei humana, e se a justiça divina pode ser inferior à dos homens?

E mais, se essas leis se dariam por desafrontadas desde que o indivíduo que as transgredisse, por abuso de confiança, se limitasse a dizer que as respeita infinitamente.

Por que hão de vacilar tais pessoas perante uma obrigação que todo homem honesto se impõe como dever, segundo o grau de suas forças?

Quando esta perspectiva de reparação for inculcada na crença das massas, será um outro freio aos seus desmandos, e bem mais poderoso que o inferno e respectivas penas eternas, visto como interessa à vida em sua plena atualidade, podendo o homem compreender a procedência das circunstâncias que a tornam penosa, ou a sua verdadeira situação.
O perdão do coração
Andrey Cechelero

"O que é indispensável é nunca perdermos de vista o nosso próprio trabalho, sabendo perdoar com verdadeira espontaneidade de coração. Se nos labores da vida um companheiro nos parece insuportável, é possível que também algumas vezes sejamos considerados assim. Temos que perdoar aos adversários, trabalhar pelo bem dos nossos inimigos, auxiliar os que zombam da nossa fé."

Boa Nova Francisco Cândido Xavier Espírito Humberto de Campos

O mestre introduziu com perfeição as noções do verdadeiro perdão. Seus diálogos carinhosos com os discípulos pregaram por diversas vezes, a necessidade do verbo perdoar nas ações e pensamentos humanos.
Mas o que significa "perdoar"?
Os dicionários de nossa língua definem como absolver, redimir, mas é este o verdadeiro perdão?

Certamente que não. Precisamos aprofundarmo-nos um tanto mais para compreendê-lo.

O esquecimento do erro é a alma do perdão. Sem ele não podemos nos libertar das lembranças penosas, e das vinculações negativas com o próximo. Porém, cabe aqui um esclarecimento muito importante: não é a mente, a memória, que deve esquecer a ofensa, mas sim o coração, fazendo com que os sentimentos olvidem os fatos dolorosos.
Por esta razão dizemos que, se ainda houver alguma gota de ressentimento, ainda não há o completo perdão.
O ressentimento faz com que voltemos a nos sentir mal, faz com que retornem as mesmas impressões doridas, a mesma mágoa do passado. Ressentir é sentir continuamente, é continuar sentindo algo desagradável, como se as lembranças tristes permanecessem ecoando nas naves amplas do nosso coração indefinidamente.
Assim, para que exista o perdão do coração, faz-se necessário eliminar o ressentimento. Desta forma a memória poderá até lembrar, mas os sentimentos negativos já terão desaparecido, e isso propiciará nossa libertação das vibrações tempestuosas, dos traços de odiosidade que carregamos conosco.

Como, então, fazer sumir o ressentimento?

Com a compreensão, com a visão ampliada que o Espiritismo nos dá, mostrando-nos que nada acontece fruto do acaso, que nenhum sofrimento tem a intenção de nos prejudicar, e que, no estágio evolutivo em que estamos, os erros ainda são comuns.

Precisamos compreender as dificuldades dos outros:

Precisamos enxergar no ofensor, no inimigo que nos prejudica, uma alma que sofre, um ser que necessita de auxílio.

Nosso orgulho terá dificuldades em aceitar o perdão, pois para ele parecerá fraqueza, humilhação.

Porém, com a compreensão mais madura da vida, das vicissitudes, das provas, expiações, nosso coração aceitará melhor, livre dos ressentimentos, atado somente à lição maior do amor ao próximo.

Ouvindo injúrias, recebendo críticas destruidoras e sendo abandonado pelas almas que deveriam amá-lo, Jesus perdoou, exemplificando o conteúdo excelso de sua mensagem.

Na perfeição do mestre não havia lugar para o ressentimento...

(Jornal Mundo Espírita de Abril de 2001)
Perdoar sempre
Milton Luz
De fato, o ato de perdoar é algo transcendental, além de imprescindível, porquanto para que sejamos perdoados é necessário que perdoemos.

Não está o Pai Eterno a nos perdoar constantemente?

Tomando-se por base esse ensinamento evangélico, ensinado e exemplificado pelo Divino Mestre Jesus Cristo, aprendamos, por conseguinte, a não permitir que mágoas, ofensas, prejuízos de qualquer espécie nos causem aborrecimentos, desilusões etc.

Temos na figura incomparável de Nosso Senhor Jesus Cristo o exemplo máximo de perdão.

A lição de Vinícius (Pedro de Camargo), inserida no excelente livro intitulado "Em Torno do Mestre", chama-nos atenção, inclusive, o que consta na página 125 – Jesus, O MESTRE, lição essa que, inegavelmente, é uma advertência que vem ao encontro de nossos interesses, pois apesar das ações caridosas do Cristo, teve Ele de suportar as maiores afrontas, desprezos, humilhações para, finalmente, ser crucificado.

Todavia, deu-nos o exemplo do perdão, justamente para que nos enquadrássemos aos seus ensinos que, na verdade, representam a vontade de Deus. Assim se expressa Vinícius: "Jesus curou cegos de nascença, surdos-mudos, epilépticos, hidrópicos, doidos e lunáticos, paralíticos, reumáticos e leprosos; sarou, finalmente, enfermos de toda casta que a Ele recorreram em busca do maior bem temporal – a saúde.

No entanto, jamais o Senhor pretendeu que o dissessem médico, ou clínico. Jesus freqüentava o templo e as sinagogas, onde atendia aos sofredores e ensinava ao povo as verdades eternas.

Mas, nunca se inculcou levita ou sacerdote. Jesus predisse com pormenores e particularidades o cerco, a queda e a ruína de Jerusalém; como essa, fez várias outras profecias de alta relevância.
Penetrava o íntimo dos homens, devassando-lhes os arcanos mais secretos, porém não consta que pretendesse as prerrogativas de vidente ou de profeta.

Jesus realizou maravilhas, tais como: alimentar mais de cinco mil pessoas com três pães e dois peixes; acalmar tempestade, impondo inconcebível autoridade às ondas revoltas do oceano. Ressuscitou a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim e, também, Lázaro, sendo que este último já estava sepultado havia quatro dias.
Transformou água em vinho nas bodas de Caná da Galiléia, e muitos outros prodígios operou, não pretendendo, apesar disso, que o considerassem milagreiro ou taumaturgo. Jesus aclarava as páginas escriturísticas, fazendo realçar, da letra que mata, o espírito que vivifica, mas não se apresentou como exegeta ou ministro da palavra.

O único título que Jesus reclamou para si, ainda que fizesse jus às mais excelentes denominações honoríficas que possamos imaginar, foi o de "mestre". Esse o título por ele reivindicado, porque, realmente, Jesus é o Mestre excelso, o Educador incomparável.

Sua fé na obra da redenção humana, mediante o poder incoercível da educação, acordando as energias espirituais, é inabalável, é absoluta.

Tão firme é sua crença na regeneração dos pecadores, na renovação de nossa vida, que por esse ideal se ofereceu em holocausto. Educar é remir. O Filho de Deus deu-se em sacrifício pela causa da liberdade humana.

A cruz plantada no cimo do Calvário não representa somente a sublime tragédia do amor divino; representa também o símbolo da fé viva e inabalável que Jesus tem na transformação dos corações, na conversão de nossas almas. "Quando eu for levantado no madeiro, atrairei todos a mim..." asseverou Ele. Todos. Notemos bem; não uma parcela, mas a totalidade.

Vemos por aí como é radical a sua confiança, a sua crença na reabilitação dos culpados através da educação. Sim, da educação, dizemos bem, porque só um título Jesus reclamou, chamando-o a si, e o fez sem rodeios, sem rebuços, nem perífrases, antes com a máxima franqueza e toda ênfase: o título de mestre. Dirigindo-se aos seus discípulos, advertiu-os dessa maneira: "Um só é o vosso mestre, a saber – o Cristo. Portanto, a ninguém mais chameis mestre senão a mim" (grifamos). Jesus rejeitou o cetro, o trono, a realeza, alegando que o seu reino não é deste mundo.

Dispensou, igualmente, a glória e as honras terrenas: um só brasão fez questão de ostentar: ser mestre, ser educador. É magnífico! "Eu sou a luz do mundo, sou a verdade, sou o pão que desceu do céu" – proclamou o Senhor. Esparzir luzes, revelar a verdade, distribuir o pão do Espírito – tal a obra da educação, tal a missão do Redentor da humanidade.



Que dúvida poderá restar a nós outros, neo-cristãos, sobre o rumo que deve tomar a nossa atividade, uma vez que o advento do Espiritismo é o Consolador prometido?

Que outra forma poderemos dar ao nosso trabalho que seja tão eficaz, tão profícua e benéfica à renovação social como aquela que se prende à educação, no seu sentido lato e amplo?
Trabalhemos, pois, com ardor e entusiasmo pela causa da educação da humanidade, começando pela infância e pela juventude desta terra de Santa Cruz".
Retornando à lição do perdoar sempre, diremos que o amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, porque amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem possível, todo o bem que desejaríamos para nós mesmos.
Esse o sentido das palavras de Jesus: "Amai-vos uns aos outros, como irmãos".
A caridade, segundo Jesus, não é somente dar esmolas, pois abrange todas as relações com os nossos semelhantes, quer se trate das relações com os nossos inferiores, com os nossos iguais, com os nossos superiores.
Ela nos manda ser indulgentes porque também precisamos de indulgência e nos desaconselha humilhar a miséria, como geralmente se faz.
Por conseguinte, quando perdoamos as ofensas recebidas, estamos dando um atestado de caridade, de sentimento cristão, e - por que não dizer? - de seguidores de Jesus Cristo, o Mestre inesquecível.
A sua permanência entre nós não deve ter sido em vão!

(Jornal Mundo Espírita de Dezembro de 1998)


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