Sunday, November 27, 2005

Objetivo da Encarnação : União da Alma ao Corpo:

Do livro dos Espíritos Capitulo VII - DA VOLTA DO ESPÍRITO À VIDA CORPORAL
União da alma e do corpo

344. Em que momento a alma se une ao corpo?

“A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento.
Desde o instante da concepção, o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até ao instante em que a criança vê a luz. O grito, que o recém-nascido solta, anuncia que ela se conta no número dos vivos e dos servos de Deus.”

345. É definitiva a união do Espírito com o corpo desde o momento da concepção?
Durante esta primeira fase, poderia o Espírito renunciar a habitar o corpo que lhe está
destinado?

“É definitiva a união, no sentido de que outro Espírito não poderia substituir o que está designado para aquele corpo. Mas, como os laços que ao corpo o prendem são ainda muito fracos, facilmente se rompem e podem romper-se por vontade do Espírito, se este recua diante da prova que escolheu. Em tal caso, porém, a criança não vinga.”

351. No intervalo que medeia da concepção ao nascimento, goza o Espírito de todas as suas faculdades?

“Mais ou menos, conforme o ponto, em que se ache, dessa fase, porquanto ainda não está encarnado, mas apenas ligado. A partir do instante da concepção, começa o Espírito tomado de perturbação, que o adverte de que lhe soou o momento de começar nova existência corpórea.
Essa perturbação cresce de contínuo até ao nascimento, Nesse intervalo, seu estado é quase idêntico ao de um Espírito encarnado durante o sono.
À medida que a hora do nascimento se aproxima, suas idéias se apagam, assim como a lembrança do passado, do qual deixa de ter consciência na condição, de homem, logo que entra na vida. Essa lembrança, porém, lhe volta pouco a pouco ao retornar ao estado de Espírito.”

394. Nos mundos mais elevados do que a Terra, onde os que os habitam não se vêem premidos pelas necessidades físicas, pelas enfermidades que nos afligem, os homens compreendem que são mais felizes do que nós?

Relativa é, em geral, a felicidade. Sentímola, mediante comparação com um estado menos ditoso. Visto que, em suma alguns desses mundos, se bem melhores do que o nosso, ainda não atingiram o estado de perfeição, seus habitantes devem ter motivos de desgostos, embora de gênero diverso dos nossos.
Entre nós, o rico, conquanto não sofra as angústias das necessidades materiais, como o pobre, nem por isso se acha isento de tribulações, que lhe tornam amarga a vida. Pergunto então:
Na situação em que se encontram, os habitantes desses mundos não se consideram tão
infelizes quanto nós, na em que nos vemos, e não se lastimam da sorte, olvidados de
existências inferiores que lhes sirvam de termos de comparação?

“Cabem aqui duas respostas distintas. Há mundos, entre os de que falas, cujos
habitantes guardam lembrança clara e exata de suas existências passadas. Esses, compreendes, pedem e sabem apreciar a felicidade de que Deus lhes permite fruir. Outros há, porém, cujos habitantes, achando-se, como dizes, em melhores condições do que vós na Terra, não deixam de experimentar grandes desgostos, até desgraças. Esses não apreciam a felicidade de que gozam, pela razão mesma de se não recordarem de um estado mais infeliz. Entretanto, se não a apreciam como homens, apreciam-na como Espíritos.”
No esquecimento das existências anteriormente transcorridas, sobretudo quando foram amarguradas, não há qualquer coisa de providencial e que revela a sabedoria divina?

Nos mundos superiores, quando o recordá-las já não constitui pesadelo, é que as vidas desgraçadas se apresentam à memória. Nos mundos inferiores, a lembrança de todas as que se tenham sofrido não agravaria as infelicidades presentes?

Concluamos, pois, daí que tudo o que Deus fez é perfeito e que não nos toca criticar-Lhe as obras, nem Lhe ensinar como deveria ter regulado o Universo.
Gravíssimos inconvenientes teria o nos lembrarmos das nossas individualidades anteriores. Em certos casos, humilhar-nos-ia sobremaneira. Em outros nos exaltaria o orgulho, peando-nos em conseqüência, o livre-arbítrio. Para nos melhorarmos, dá-nos Deus exatamente o que nos é necessário e basta: a voz da consciência e os pendores instintivos.
Priva-nos do que nos prejudicaria. Acrescentemos que, se nos recordássemos dos nossos precedentes atos pessoais, igualmente nos recordaríamos dos outros homens, do que resultariam talvez os mais desastrosos efeitos para as relações sociais.
Nem sempre podendo honrar-nos do nosso passado, melhor é que sobre ele um véu seja lançado. Isto concorda perfeitamente com a doutrina dos Espíritos acerca dos mundos superiores à Terra.
Nesses mundos, onde só reina o bem, a reminiscência do passado nada tem de dolorosa. Tal a razão por que neles as criaturas se lembram da sua antecedente existência, como nos lembramos do que fizemos na véspera. Quanto à estada em mundos inferiores, não passa então, como já dissemos, de mau sonho.

120. Todos os Espíritos passam pela fieira do mal para chegar ao bem?
“Pela fieira do mal, não; pela fieira da ignorância.”

121. Por que é que alguns Espíritos seguiram o caminho do bem e outros o do mal?
“Não têm eles o livre-arbítrio?
Deus não os criou maus; criou-os simples e ignorantes, isto é, tendo tanta aptidão para o bem quanta para o mal. Os que são maus, assim se tornaram por vontade própria.”
Da Volta do Espírito à Vida Corporal - União da Alma e do Corpo "O Livro dos Espíritos" - Questões 344 a 360 Estudo Espírita Promovido pelo IRC-Espiritismo http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis http://www.celd.org.br Expositora: Andréia Azevedo São Paulo 24/02/2001
Dirigente do Estudo: Andréia Azevedo
A união da alma com o corpo ocorre desde a concepção, se completando no momento do nascimento.
O espírito nesse período se liga ao corpo por um laço fluídico, que vai se encurtando conforme o período de gestação vai acabando.
Uma vez ligado ao corpo, o espírito nunca será substituído por outro naquele corpo. O que pode acontecer é uma renúncia do espírito ao corpo , por sua fragilidade em enfrentar a prova iminente. Nesse caso, a criança não vinga.
Se o corpo escolhido por um espírito morrer antes do nascimento, esse espirito escolherá outro. Nem sempre de maneira imediata.
O espirito tem seu tempo para escolha. Normalmente essas mortes ocorrem por fragilidade da matéria. Esse casos de mortes , que podemos chamar como prematuras, ocorrem mais como provas para os pais do que para o espirito propriamente dito.
Uma vez da união ao corpo da criança , como "homem", o espirito pode sentir-se infeliz pela escolha e desejar ter outra vida.
Porem , o fator escolha não é considerado no momento, porque o espírito não se lembra da escolha, mas pode recorrer ao suicídio, se achar a carga pesada demais. No intervalo entre a concepção e o nascimento o espírito não goza de todas as suas faculdades numa totalidade. Pois ele ainda não esta encarnado, apenas ligado ao corpo.
A partir do instante da concepção, começa o Espírito tomado de perturbação, que o adverte de que lhe soou o momento de começar nova existência corpórea.
Essa perturbação cresce de contínuo até ao nascimento. Nesse intervalo, seu estado é quase idêntico ao de um Espírito encarnado durante o sono.
À medida que a hora do nascimento se aproxima, suas idéias se apagam, assim como a lembrança do passado, do qual deixa de ter consciência na condição, de homem, logo que entra na vida.
Essa lembrança, porém, lhe volta pouco a pouco, ao retornar ao estado de Espírito. Esse estado de perturbação é maior no nascimento do que no desencarne.
Ao nascer o espirito não recobra imediatamente a plenitude das suas faculdades. Elas se desenvolvem gradualmente com os órgãos.
O Espírito se acha numa existência nova; preciso é que aprenda a servir-se dos instrumentos de que dispõe. As idéias lhe voltam pouco a pouco, como a uma pessoa que desperta e se vê em situação diversa da que ocupava na véspera.
O feto em si , não tem uma alma uma vez que a encarnação esta para ocorrer. Mas ele esta ligado a ela. A vida intra-uterina é como uma planta que vegeta.
O Aborto pode dar conseqüências graves tanto para o espirito como para o pai. É considerado crime em qualquer época da gestação , perante aos olhos de Deus.

O aborto causa a interrupção de uma programação espiritual e faz com que o espirito não se sinta amado e não entenda o que está acontecendo ou , por que ele foi rejeitado.

No caso de risco de vida da mãe, é preferível que a criança seja sacrificada , uma vez que a mãe já está encarnada.
Esse feto, deve ser tratado com todo respeito que qualquer encarnado o teria após desencarne. Em tudo tem a mão de Deus, e é necessário respeitarmos suas Obras.
Quando uma criança , já no ventre da mãe, não tem possibilidades de viver a função dela , é como prova para os pais.
Existem também , o que poderíamos chamar , ou o que chamamos de crianças natimortas, essas crianças jamais tiveram um espirito designado ao seu corpo.
Pode chegar ao tempo normal do nascimento , mas não efetiva a vida. Toda criança que sobrevive, tem necessariamente um espirito encarnado.
O que podemos verificar de toda essa exposição, é que desde o inicio da vida, que se dá no momento da concepção, a responsabilidade é grande , pois já temos um espírito destinado a esse ser que se aproxima de nós através de um filho, e tem sua missão.

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Saturday, November 19, 2005

O ARREPENDIMENTO E O PERDÃO:

AULA SOBRE O ARREPENDIMENTO E O PERDÃO

Evangelho Segundo Espiritismo CAP.10 BEM-AVENTURADOS OS QUE SÃO MISERICORDIOSOS

PERDOAI PARA QUE DEUS VOS PERDOE

1. Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque eles próprios alcançarão misericórdia. (Mateus, 5:7)


2. Se perdoardes aos homens as faltas que cometem contra vós, vosso Pai celeste também perdoará vossos pecados; mas se não perdoardes aos homens quando vos ofendem, vosso Pai também não perdoará vossos pecados. (Mateus, 6:14 e 15)


3. Se vosso irmão pecou contra vós, ide acertar a falta em particular, entre vós e ele. Se ele vos ouvir, tereis ganho o vosso irmão. Então Pedro, se aproximando, Lhe disse: Senhor, quantas vezes perdoarei ao meu irmão quando pecar contra mim? Será até sete
vezes? Jesus lhe respondeu: Não vos digo que apenas sete vezes e sim setenta vezes sete vezes. (Mateus, 18:15, 21 e 22)


4 A misericórdia é o complemento da doçura; porque aquele que não é misericordioso não será também dócil nem pacífico. Ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor revelam uma alma sem elevação e sem grandeza. O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que está acima do mal que lhe quiseram fazer. Uma é sempre ansiosa, de uma irritabilidade desconfiada e cheia de amargura; a outra é calma, cheia de mansidão e de caridade.

Infeliz daquele que diz: “Nunca perdoarei!” Este, se não for condenado pelos homens, certamente o será por Deus. Com que direito pedirá o perdão das suas próprias faltas, se ele próprio não perdoa as dos outros? Quando diz para perdoarmos ao nosso irmão não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes, Jesus nos ensina que a misericórdia não deve ter limites.

Mas há duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma é grandiosa e nobre, verdadeiramente generosa, sem pensar no que passou, que evita com delicadeza ferir o amor-próprio e os sentimentos do agressor, ainda que este último tenha toda a culpa. A outra maneira é quando o ofendido, ou aquele que assim se julga, impõe ao ofensor condições humilhantes e o faz sentir todo o peso de um perdão que irrita ao invés de acalmar. Se estende a mão, não é com benevolência e sim com ostentação para se mostrar, a fim de poder dizer a todos:

“Vede o quanto sou generoso!” Em tais condições é impossível que a reconciliação seja sincera de ambas as partes. Isto não é generosidade; é, antes, uma maneira de satisfação do orgulho. Em todas as contendas, aquele que se mostra mais pacificador, que demonstra maior tolerância, caridade e verdadeira grandeza da alma, conquistará sempre a simpatia das pessoas imparciais.

Do livro dos Espíritos pergunta

998 A reparação ocorre na vida corporal ou na espiritual?

– A reparação ocorre durante a vida física pelas provas a que o Espírito é submetido, e na vida espiritual pelos sofrimentos morais ligados à inferioridade do Espírito.




Do Livro O CÉU E O INFERNO Capitulo VII

16º — O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação.

Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação.

17º — O arrependimento pode dar-se por toda parte e em qualquer tempo; se for tarde, porém, o culpado sofre por mais tempo.

Até que os últimos vestígios da falta desapareçam, a expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que lhe são conseqüentes, seja na vida atual, seja na vida espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal.

A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal. Quem não repara os seus erros numa existência, por fraqueza ou má vontade, achar-se-á numa existência ulterior em contacto com as mesmas pessoas que de si tiverem queixas, e em condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes reconhecimento e da Academia, o que não significa que o seja ad perpetuam, mas unicamente por tempo ilimitado. Eterno e perpétuo se empregam, pois, no sentido de indeterminado.

Nesta acepção pode dizer-se que as penas são eternas, para exprimir que não têm duração limitada; eternas, portanto, para o Espírito que lhes não vê o termo.

Fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito. Nem todas as faltas acarretam prejuízo direto e efetivo; em tais casos a reparação se opera, fazendo-se o que se deveria fazer e foi descurado; cumprindo os deveres desprezados, as missões não preenchidas; praticando o bem em compensação ao mal praticado, isto é, tornando-se humilde se se tem sido orgulhoso, amável se se foi austero, caridoso se se tem sido egoísta, benigno se se tem sido perverso, laborioso se se tem sido ocioso, útil se se tem sido inútil, frugal se se tem sido intemperante, trocando em suma por bons os maus exemplos perpetrados.

E desse modo progride o Espírito, aproveitando-se do próprio passado.1

1 A necessidade da reparação é um princípio de rigorosa justiça, que se pode considerar verdadeira lei de reabilitação moral dos Espíritos.
Entretanto, essa doutrina religião alguma ainda a proclamou.

Algumas pessoas repelem-na porque acham mais cômodo o poder quitarem-se das más ações por um simples arrependimento, que não custa mais que palavras, por meio de algumas fórmulas; contudo, crendo-se, assim, quites, verão mais tarde se isso lhes bastava.

Nós poderíamos perguntar se esse princípio não é consagrado pela lei humana, e se a justiça divina pode ser inferior à dos homens?

E mais, se essas leis se dariam por desafrontadas desde que o indivíduo que as transgredisse, por abuso de confiança, se limitasse a dizer que as respeita infinitamente.

Por que hão de vacilar tais pessoas perante uma obrigação que todo homem honesto se impõe como dever, segundo o grau de suas forças?

Quando esta perspectiva de reparação for inculcada na crença das massas, será um outro freio aos seus desmandos, e bem mais poderoso que o inferno e respectivas penas eternas, visto como interessa à vida em sua plena atualidade, podendo o homem compreender a procedência das circunstâncias que a tornam penosa, ou a sua verdadeira situação.
O perdão do coração
Andrey Cechelero

"O que é indispensável é nunca perdermos de vista o nosso próprio trabalho, sabendo perdoar com verdadeira espontaneidade de coração. Se nos labores da vida um companheiro nos parece insuportável, é possível que também algumas vezes sejamos considerados assim. Temos que perdoar aos adversários, trabalhar pelo bem dos nossos inimigos, auxiliar os que zombam da nossa fé."

Boa Nova Francisco Cândido Xavier Espírito Humberto de Campos

O mestre introduziu com perfeição as noções do verdadeiro perdão. Seus diálogos carinhosos com os discípulos pregaram por diversas vezes, a necessidade do verbo perdoar nas ações e pensamentos humanos.
Mas o que significa "perdoar"?
Os dicionários de nossa língua definem como absolver, redimir, mas é este o verdadeiro perdão?

Certamente que não. Precisamos aprofundarmo-nos um tanto mais para compreendê-lo.

O esquecimento do erro é a alma do perdão. Sem ele não podemos nos libertar das lembranças penosas, e das vinculações negativas com o próximo. Porém, cabe aqui um esclarecimento muito importante: não é a mente, a memória, que deve esquecer a ofensa, mas sim o coração, fazendo com que os sentimentos olvidem os fatos dolorosos.
Por esta razão dizemos que, se ainda houver alguma gota de ressentimento, ainda não há o completo perdão.
O ressentimento faz com que voltemos a nos sentir mal, faz com que retornem as mesmas impressões doridas, a mesma mágoa do passado. Ressentir é sentir continuamente, é continuar sentindo algo desagradável, como se as lembranças tristes permanecessem ecoando nas naves amplas do nosso coração indefinidamente.
Assim, para que exista o perdão do coração, faz-se necessário eliminar o ressentimento. Desta forma a memória poderá até lembrar, mas os sentimentos negativos já terão desaparecido, e isso propiciará nossa libertação das vibrações tempestuosas, dos traços de odiosidade que carregamos conosco.

Como, então, fazer sumir o ressentimento?

Com a compreensão, com a visão ampliada que o Espiritismo nos dá, mostrando-nos que nada acontece fruto do acaso, que nenhum sofrimento tem a intenção de nos prejudicar, e que, no estágio evolutivo em que estamos, os erros ainda são comuns.

Precisamos compreender as dificuldades dos outros:

Precisamos enxergar no ofensor, no inimigo que nos prejudica, uma alma que sofre, um ser que necessita de auxílio.

Nosso orgulho terá dificuldades em aceitar o perdão, pois para ele parecerá fraqueza, humilhação.

Porém, com a compreensão mais madura da vida, das vicissitudes, das provas, expiações, nosso coração aceitará melhor, livre dos ressentimentos, atado somente à lição maior do amor ao próximo.

Ouvindo injúrias, recebendo críticas destruidoras e sendo abandonado pelas almas que deveriam amá-lo, Jesus perdoou, exemplificando o conteúdo excelso de sua mensagem.

Na perfeição do mestre não havia lugar para o ressentimento...

(Jornal Mundo Espírita de Abril de 2001)
Perdoar sempre
Milton Luz
De fato, o ato de perdoar é algo transcendental, além de imprescindível, porquanto para que sejamos perdoados é necessário que perdoemos.

Não está o Pai Eterno a nos perdoar constantemente?

Tomando-se por base esse ensinamento evangélico, ensinado e exemplificado pelo Divino Mestre Jesus Cristo, aprendamos, por conseguinte, a não permitir que mágoas, ofensas, prejuízos de qualquer espécie nos causem aborrecimentos, desilusões etc.

Temos na figura incomparável de Nosso Senhor Jesus Cristo o exemplo máximo de perdão.

A lição de Vinícius (Pedro de Camargo), inserida no excelente livro intitulado "Em Torno do Mestre", chama-nos atenção, inclusive, o que consta na página 125 – Jesus, O MESTRE, lição essa que, inegavelmente, é uma advertência que vem ao encontro de nossos interesses, pois apesar das ações caridosas do Cristo, teve Ele de suportar as maiores afrontas, desprezos, humilhações para, finalmente, ser crucificado.

Todavia, deu-nos o exemplo do perdão, justamente para que nos enquadrássemos aos seus ensinos que, na verdade, representam a vontade de Deus. Assim se expressa Vinícius: "Jesus curou cegos de nascença, surdos-mudos, epilépticos, hidrópicos, doidos e lunáticos, paralíticos, reumáticos e leprosos; sarou, finalmente, enfermos de toda casta que a Ele recorreram em busca do maior bem temporal – a saúde.

No entanto, jamais o Senhor pretendeu que o dissessem médico, ou clínico. Jesus freqüentava o templo e as sinagogas, onde atendia aos sofredores e ensinava ao povo as verdades eternas.

Mas, nunca se inculcou levita ou sacerdote. Jesus predisse com pormenores e particularidades o cerco, a queda e a ruína de Jerusalém; como essa, fez várias outras profecias de alta relevância.
Penetrava o íntimo dos homens, devassando-lhes os arcanos mais secretos, porém não consta que pretendesse as prerrogativas de vidente ou de profeta.

Jesus realizou maravilhas, tais como: alimentar mais de cinco mil pessoas com três pães e dois peixes; acalmar tempestade, impondo inconcebível autoridade às ondas revoltas do oceano. Ressuscitou a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim e, também, Lázaro, sendo que este último já estava sepultado havia quatro dias.
Transformou água em vinho nas bodas de Caná da Galiléia, e muitos outros prodígios operou, não pretendendo, apesar disso, que o considerassem milagreiro ou taumaturgo. Jesus aclarava as páginas escriturísticas, fazendo realçar, da letra que mata, o espírito que vivifica, mas não se apresentou como exegeta ou ministro da palavra.

O único título que Jesus reclamou para si, ainda que fizesse jus às mais excelentes denominações honoríficas que possamos imaginar, foi o de "mestre". Esse o título por ele reivindicado, porque, realmente, Jesus é o Mestre excelso, o Educador incomparável.

Sua fé na obra da redenção humana, mediante o poder incoercível da educação, acordando as energias espirituais, é inabalável, é absoluta.

Tão firme é sua crença na regeneração dos pecadores, na renovação de nossa vida, que por esse ideal se ofereceu em holocausto. Educar é remir. O Filho de Deus deu-se em sacrifício pela causa da liberdade humana.

A cruz plantada no cimo do Calvário não representa somente a sublime tragédia do amor divino; representa também o símbolo da fé viva e inabalável que Jesus tem na transformação dos corações, na conversão de nossas almas. "Quando eu for levantado no madeiro, atrairei todos a mim..." asseverou Ele. Todos. Notemos bem; não uma parcela, mas a totalidade.

Vemos por aí como é radical a sua confiança, a sua crença na reabilitação dos culpados através da educação. Sim, da educação, dizemos bem, porque só um título Jesus reclamou, chamando-o a si, e o fez sem rodeios, sem rebuços, nem perífrases, antes com a máxima franqueza e toda ênfase: o título de mestre. Dirigindo-se aos seus discípulos, advertiu-os dessa maneira: "Um só é o vosso mestre, a saber – o Cristo. Portanto, a ninguém mais chameis mestre senão a mim" (grifamos). Jesus rejeitou o cetro, o trono, a realeza, alegando que o seu reino não é deste mundo.

Dispensou, igualmente, a glória e as honras terrenas: um só brasão fez questão de ostentar: ser mestre, ser educador. É magnífico! "Eu sou a luz do mundo, sou a verdade, sou o pão que desceu do céu" – proclamou o Senhor. Esparzir luzes, revelar a verdade, distribuir o pão do Espírito – tal a obra da educação, tal a missão do Redentor da humanidade.



Que dúvida poderá restar a nós outros, neo-cristãos, sobre o rumo que deve tomar a nossa atividade, uma vez que o advento do Espiritismo é o Consolador prometido?

Que outra forma poderemos dar ao nosso trabalho que seja tão eficaz, tão profícua e benéfica à renovação social como aquela que se prende à educação, no seu sentido lato e amplo?
Trabalhemos, pois, com ardor e entusiasmo pela causa da educação da humanidade, começando pela infância e pela juventude desta terra de Santa Cruz".
Retornando à lição do perdoar sempre, diremos que o amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, porque amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem possível, todo o bem que desejaríamos para nós mesmos.
Esse o sentido das palavras de Jesus: "Amai-vos uns aos outros, como irmãos".
A caridade, segundo Jesus, não é somente dar esmolas, pois abrange todas as relações com os nossos semelhantes, quer se trate das relações com os nossos inferiores, com os nossos iguais, com os nossos superiores.
Ela nos manda ser indulgentes porque também precisamos de indulgência e nos desaconselha humilhar a miséria, como geralmente se faz.
Por conseguinte, quando perdoamos as ofensas recebidas, estamos dando um atestado de caridade, de sentimento cristão, e - por que não dizer? - de seguidores de Jesus Cristo, o Mestre inesquecível.
A sua permanência entre nós não deve ter sido em vão!

(Jornal Mundo Espírita de Dezembro de 1998)


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