Wednesday, January 24, 2007

Aula 52 – LEI DE DESTRUIÇÃO

Aula 52 – LEI DE DESTRUIÇÃO

Destruição Necessária e Destruição Abusiva
A GÊNESE - CAPÍTULO III - Destruição dos seres vivos uns pelos outros


20. - A destruição recíproca dos seres vivos é, dentre as leis da Natureza, uma das que, à primeira vista, menos parecem conciliar-se com a bondade de Deus. Pergunta-se por que lhes criou ele a necessidade de mutuamente se destruírem, para se alimentarem uns à custa dos outros.

Para quem apenas vê a matéria e restringe à vida presente a sua visão, há de isso, com efeito, parecer uma imperfeição na obra divina. É que, em geral, os homens apreciam a perfeição de Deus do ponto de vista humano; medindo-lhe a sabedoria pelo juízo que dela formam, pensam que Deus não poderia fazer coisa melhor do que eles próprios fariam.

Não lhes permitindo a curta visão, de que dispõem, apreciar o conjunto, não compreendem que um bem real possa decorrer de um, mal aparente. Só o conhecimento do princípio espiritual, considerado em sua verdadeira essência, e o da grande lei de unidade, que constitui a harmonia da criação, pode dar ao homem a chave desse mistério e mostrar-lhe a sabedoria providencial e a harmonia, exatamente onde apenas vê uma anomalia e uma contradição.

21. - A verdadeira vida, tanto do animal como do homem, não está no invólucro corporal, do mesmo que não está no vestuário.

Está no princípio inteligente que preexiste e sobrevive ao corpo. Esse princípio necessita do corpo, para se desenvolver pelo trabalho que lhe cumpre realizar sobre a matéria bruta.

O corpo se consome nesse trabalho, mas o Espírito não se gasta; ao contrário, sai dele cada vez mais forte, mais lúcido e mais apto. Que importa, pois, que o Espírito mude mais ou menos freqüentemente de envoltório?! Não deixa por isso de ser Espírito. É precisamente como se um homem mudasse cem vezes no ano as suas vestes. Não deixaria por isso de ser homem.

Por meio do incessante espetáculo da destruição, ensina Deus aos homens o pouco caso que devem fazer do envoltório material e lhes suscita a idéia da vida espiritual, fazendo que a desejem como uma compensação.

Objetar-se-á: não podia Deus chegar ao mesmo resultado por outros meios, sem constranger os seres vivos a se entre destruírem?

Desde que na sua obra tudo é sabedoria, devemos supor que esta não existirá mais num ponto do que noutros; se não o compreendemos assim, devemos atribuí-lo à nossa falta de adiantamento.

Contudo, podemos tentar a pesquisa da razão do que nos pareça defeituoso, tomando por bússola este princípio:
Deus há de ser infinitamente justo e sábio. Procuremos, portanto, em tudo, a sua justiça e a sua sabedoria e curvemo-nos diante do que ultrapasse o nosso entendimento.

22. - Uma primeira utilidade, que se apresenta de tal destruição, utilidade, sem dúvida, puramente física, é esta: os corpos orgânicos só se conservam com o auxilio das matérias orgânicas, matérias que só elas contém os elementos nutritivos necessários à transformação deles.
Como instrumentos de ação para o princípio inteligente, precisando os corpos ser constantemente renovados, a Providência faz que sirvam ao seu mútuo entretenimento.

Eis por que os seres se nutrem uns dos outros. Mas, então, é o corpo que se nutre do corpo, sem que o Espírito se aniquile ou altere. Fica apenas despojado do seu envoltório.

23. - Há também considerações morais de ordem elevada. (1) É necessária a luta para o desenvolvimento do Espírito.

Na luta é que ele exercita suas faculdades. O que ataca em busca do alimento e o que se defende para conservar a vida usam de habilidade e inteligência, aumentando, em conseqüência, suas forças intelectuais.

Um dos dois sucumbe; mas, em realidade, que foi o que o mais forte ou o mais destro tirou ao mais fraco? A veste de carne, nada mais; ulteriormente, o Espírito, que não morreu, tomará outra.

(1) Veja-se: Revue Spirite, agosto de 1864, pág. 241, "Extinção das raças".

24. - Nos seres inferiores da criação, naqueles a quem ainda falta o senso moral, em os quais a inteligência ainda não substituiu o instinto, a luta não pode ter por móvel senão a satisfação de uma necessidade material. Ora, uma das mais imperiosas dessas necessidades é a da alimentação.

Eles, pois, lutam unicamente para viver, isto é, para fazer ou defender uma presa, visto que nenhum móvel mais elevado os poderia estimular. É nesse primeiro período que a alma se elabora e ensaia para a vida.

No homem, há um período de transição em que ele mal se distingue do bruto. Nas primeiras idades, domina o instinto animal e a luta ainda tem por móvel a satisfação das necessidades materiais.

Mais tarde, contrabalançam-se o instinto animal e o sentimento moral; luta então o homem, não mais para se alimentar, porém, para satisfazer à sua ambição, ao seu orgulho, à necessidade, que experimenta, de dominar. Para isso, ainda lhe é preciso destruir.

Todavia, à medida que o senso moral prepondera, desenvolve-se a sensibilidade, diminui a necessidade de destruir, acaba mesmo por desaparecer, por se tornar odiosa. O homem ganha horror ao sangue.

Contudo, a luta é sempre necessária ao desenvolvimento do Espírito, pois, mesmo chegando a esse ponto, que parece culminante, ele ainda está longe de ser perfeito. Só à custa de muita atividade adquire conhecimento, experiência e se despoja dos últimos vestígios da animalidade.

Mas, nessa ocasião, a luta, de sangrenta e brutal que era, se torna puramente intelectual. O homem luta contra as dificuldades, não mais contra os seus semelhantes. (1)
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(1) Sem pré julgar das conseqüências que se possam tirar desse princípio, apenas quisemos demonstrar, mediante essa explicação, que a destruição de uns seres vivos por outros em nada infirma a sabedoria divina e que, nas leis da Natureza, tudo se encadeia.

Esse encadeamento forçosamente se quebra, desde que se abstraia do princípio espiritual.

Muitas questões permanecem insolúveis, por só se levar em conta a matéria.
As doutrinas materialistas trazem em si o princípio de sua própria destruição. Têm contra si não só o antagonismo em que se acham com as aspirações da universalidade dos homens e suas conseqüências morais, que farão sejam elas repelidas como dissolventes da sociedade, mas também a necessidade que o homem experimenta de se inteirar de tudo o que resulta do progresso.

O desenvolvimento intelectual conduz o homem à pesquisa das causas. Ora, por pouco que ele reflita, não tardará a reconhecer a impotência do materialismo para tudo explicar.

Como é possível que doutrinas que não satisfazem ao coração, nem à razão, nem à inteligência, que deixam problemáticas as mais vitais questões, venham a prevalecer?

O progresso das idéias matará o materialismo, como matou o fanatismo.


O LIVRO DOS ESPÍRITOS - CAPÍTULO VI - DA LEI DE DESTRUIÇÃO

Destruição necessária e destruição abusiva

728. É lei da Natureza a destruição?
“Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos seres vivos.”

a) - O instinto de destruição teria sido dado aos seres vivos por desígnios providencias?

“As criaturas são instrumentos de que Deus se serve para chegar aos fins que objetiva. Para se alimentarem, os seres vivos reciprocamente se destroem, destruição esta que obedece a um duplo fim: manutenção do equilíbrio na reprodução, que poderia tornar-se excessiva, e utilização dos despojos do invólucro exterior que sofre a destruição. Esse invólucro é simples acessório e não a parte essencial do ser pensante. A parte essencial é o princípio inteligente, que não se pode destruir e se elabora nas metamorfoses diversas por que passa.”

729. Se a regeneração dos seres faz necessária a destruição, por que os cerca a Natureza de meios de preservação e conservação?

“A fim de que a destruição não se dê antes de tempo. Toda destruição antecipada obsta ao desenvolvimento do princípio inteligente. Por isso foi que Deus fez que cada ser experimentasse a necessidade de viver e de se reproduzir.”

730. Uma vez que a morte nos faz passar a uma vida melhor, nos livra dos males desta, sendo, pois, mais de desejar do que de temer, por que lhe tem o homem, instintivamente, tal horror, que ela lhe é sempre motivo de apreensão?

“Já dissemos que o homem deve procurar prolongar a vida, para cumprir a sua tarefa. Tal o motivo por que Deus lhe deu o instinto de conservação, instinto que o sustenta nas provas. A não ser assim, ele muito freqüentemente se entregaria ao desânimo.

A voz íntima, que o induz a repelir a morte, lhe diz que ainda pode realizar alguma coisa pelo seu progresso. A ameaça de um perigo constitui aviso, para que se aproveite da dilação que Deus lhe concede. Mas, ingrato, o homem rende graças mais vezes à sua estrela do que ao seu Criador.”
731. Por que, ao lado dos meios de conservação, colocou a Natureza os agentes de destruição?

“É o remédio ao lado do mal. Já dissemos: para manter o equilíbrio e servir de contrapeso.”

732. Será idêntica, em todos os mundos, a necessidade de destruição?

“Guarda proporções com o estado mais ou menos material dos mundos. Cessa, quando o físico e o moral se acham mais depurados. Muito diversas são as condições de existência nos mundos mais adiantados do que o vosso.”

733. Entre os homens da Terra existirá sempre a necessidade da destruição?

“Essa necessidade se enfraquece no homem, à medida que o Espírito sobrepuja a matéria. Assim é que, como podeis observar, o horror à destruição cresce com o desenvolvimento intelectual e moral.”

734. Em seu estado atual, tem o homem direito ilimitado de destruição sobre os animais?

“Tal direito se acha regulado pela necessidade, que ele tem, de prover ao seu sustento e à sua segurança. O abuso jamais constitui direito.”

735. Que se deve pensar da destruição, quando ultrapassa os limites que as necessidades e a segurança traçam? Da caça, por exemplo, quando não objetiva senão o prazer de destruir sem utilidade?

“Predominância da bestialidade sobre a natureza espiritual. Toda destruição que excede os limites da necessidade é uma violação da lei de Deus. Os animais só destroem para satisfação de suas necessidades; enquanto que o homem, dotado de livre-arbítrio, destrói sem necessidade.
Terá que prestar contas do abuso da liberdade que lhe foi concedida, pois isso significa que cede aos maus instintos.”

736. Especial merecimento terão os povos que levam ao excesso o escrúpulo, quanto à destruição dos animais?

“Esse excesso, no tocante a um sentimento louvável em si mesmo, se torna abusivo e o seu merecimento fica neutralizado por abusos de muitas outras espécies. Entre tais povos, há mais temor supersticioso do que verdadeira bondade.”

O CÉU E O INFERNO - CAPÍTULO II - TEMOR DA MORTE

Causas do temor da morte. - Razão por que não a temem os espíritas.

Causas do temor da morte

1 - O homem, seja qual for a escala de sua posição social, desde selvagem tem o sentimento inato do futuro; diz-lhe a intuição que a morte não é a última fase da existência e que aqueles cuja perda lamentamos não estão irremissivelmente perdidos.

A crença da imortalidade é intuitiva e muito mais generalizada do que a do nada. Entretanto, a maior parte dos que nele crêem apresentam-se-nos possuídos de grande amor às coisas terrenas e temerosos da morte! Por quê?
2. - Este temor é um efeito da sabedoria da Providência e uma conseqüência do instinto de conservação comum a todos os viventes.

Ele é necessário enquanto não se está suficientemente esclarecido sobre as condições da vida futura, como contrapeso à tendência que, sem esse freio, nos levaria a deixar prematuramente a vida e a negligenciar o trabalho terreno que deve servir ao nosso próprio adiantamento.

Assim é que, nos povos primitivos, o futuro é uma vaga intuição, mais tarde tornada simples esperança e, finalmente, uma certeza apenas atenuada por secreto apego à vida corporal.

3 . - A proporção que o homem compreende melhor a vida futura, o temor da morte diminui; uma vez esclarecida a sua missão terrena, aguarda-lhe o fim calma, resignada e serenamente.

A certeza da vida futura dá-lhe outro curso às idéias, outro fito ao trabalho; antes dela nada que se não prenda ao presente; depois dela tudo pelo futuro sem desprezo do presente, porque sabe que aquele depende da boa ou da má direção deste.

A certeza de reencontrar seus amigos depois da morte, de reatar as relações que tivera na Terra, de não perder um só fruto do seu trabalho, de engrandecer-se incessantemente em inteligência, perfeição, dá-lhe paciência para esperar e coragem para suportar as fadigas transitórias da vida terrestre.

A solidariedade entre vivos e mortos faz-lhe compreender a que deve existir na Terra, onde a fraternidade e a caridade têm desde então um fim e uma razão de ser, no presente como no futuro.

4. - Para libertar-se do temor da morte é mister poder encará-la sob o seu verdadeiro ponto de vista, isto é, ter penetrado pelo pensamento no mundo espiritual, fazendo dele uma idéia tão exata quanto possível, o que denota da parte do Espírito encarnado um tal ou qual desenvolvimento e aptidão para desprender-se da matéria.

No Espírito atrasado a vida material prevalece sobre a espiritual. Apegando-se às aparências, o homem não distingue a vida além do corpo, esteja embora na alma a vida real; aniquilado aquele, tudo se lhe afigura perdido, desesperador.

Se, ao contrário, concentrarmos o pensamento, não no corpo, mas na alma, fonte da vida, ser real a tudo sobrevivente, lastimaremos menos a perda do corpo, antes fonte de misérias e dores. Para isso, porém, necessita o Espírito de uma força só adquirível na madureza.

O temor da morte decorre, portanto, da noção insuficiente da vida futura, embora denote também a necessidade de viver e o receio da destruição total; igualmente o estimula secreto anseio pela sobrevivência da alma, velado ainda pela incerteza.

Esse temor decresce, à proporção que a certeza aumenta, e desaparece quando esta é completa.

Eis aí o lado providencial da questão.

Ao homem não suficientemente esclarecido, cuja razão mal pudesse suportar a perspectiva muito positiva e sedutora de um futuro melhor, prudente seria não o deslumbrar com tal idéia, desde que por ela pudesse negligenciar o presente, necessário ao seu adiantamento material e intelectual.

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Aula 51 – LEI DE TRABALHO

Aula 51 – LEI DE TRABALHO

Limite do Trabalho e do Repouso


Elucidações Evangélicas - Antônio Luiz Sayão - FEB

O trabalho, porem, é lei da Natureza mediante a qual o homem forja o próprio progresso desenvolvendo as possibilidades do meio ambiente em que se situa, ampliando os recursos de preservação da vida, por meio da satisfação das suas necessidades imediatas na comunidade social onde vive.

Apresenta-se ao homem como meio de elevação e como expiação de que tem necessidade para resgatar o abuso das forças, quando entregues à ociosidade ou ao crime, na sucessão das existências pelas quais evolui.

Não fora o trabalho e o homem permaneceria na infância primitiva, sendo por Deus muitas vezes facultado ao fraco de forças físicas os inapreciáveis recursos de inteligência, mediante a qual granjeia progresso e respeito, adquirindo independência econômica, valor social e consideração, contribuindo poderosamente para o progresso de todos.

Do trabalho mecânico, rotineiro, primitivo, puro e simples, à automação, houve um progresso gigante que ora permite ao homem o abandono das tarefas rudimentares, entregues a máquinas e instrumentos que ele mesmo aperfeiçoou, concedendo-lhe tempo para a genialidade criativa e a multiplicação de atividades em níveis cada vez mais elevados.

O trabalho, portanto, é uma necessidade econômica e social, veículo de renovação, colocado na direção da criatura para construir a sua própria felicidade. Como nos ensinam os Espíritos, o limite do trabalho é o das nossas forças; isso deixa claro que sendo, como é, fonte de equilíbrio físico e moral, o trabalho deve ser exercido por quanto tempo nos mantenhamos válidos.

Sendo o trabalho uma lei natural, o repouso é conseqüente conquista a que o homem faz juz para refazer as forças e continuar em ritmo de produtividade.

O repouso se lhe impõe como prêmio de esforço despendido, sendo-lhe facultado o indispensável sustento nos dias da velhice, quando diminuem o poder criativo, as forças e a agilidade na execução das tarefas ligadas à subsistência.

Na tentativa de fazer cumprir a lei de Deus contida no terceiro mandamento ( lembrai-vos de santificar o dia de sábado), Moisés recomenda a santificação do sábado não só no sentido restrito do termo, mas num sentido bem mais amplo, “Seis dias trabalhará, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas”. (antigo testamento Êxodo, 20: 8 – 11)

O sábado é visto, pois, como um dia especial da semana onde a ninguém é permitida qualquer atividade. Ora, acontece que Jesus, o mesmo Jesus que disse não ter vindo destruir a lei e os profetas, mas cumpri-los, ensina cura males do corpo e do espírito nesse dia, aparentemente estaria revogando um Mandamento.

Na realidade, Jesus não revogou qualquer lei divina. Queria é que compreendêssemos o verdadeiro sentido do Terceiro Mandamento.

O sábado foi feito por causa do homem e não o homem por causa do sábado, como diz Marcos

3:1-6.... “1E outra vez entrou na sinagoga, e estava ali um homem que tinha uma das mãos mirrada.2E estavam observando-o se curaria no sábado,para o acusarem.3E disse ao homem que tinha a mão mirrada:Levanta-te e vem para o meio. 4E perguntou-lhes: É lícito no sábado fazer bem, ou fazer mal? Salvar vida, ou matar? E eles calaram-se.5E, olhando para eles em redor com indignação, condoendo-se da dureza do seu coração, disse ao homem : Estende a tua mão. E ele a estendeu, e foi-lhe restituída a sua mão, sã como a outra. 6E, tendo saído os fariseus, tomaram logo conselho com os herodianos contra ele,procurando ver como o matariam”.
Sua instituição representava uma medida útil, pois que destinada a proteger o corpo do esgotamento resultante do excesso de trabalho.

Reservemos um dia para o descanso do corpo, mas consagremo-lo de modo especial a Deus, santificando-o, ainda mais, se possível, do que os outros dias da nossa EXISTÊNCIA, PELA PRÁTICA DE OBRAS QUE ATESTEM O NOSSO AMOR AOS OUTROS HOMENS E AO Pai Celestial.

Por esse motivo Jesus alimentou, pregou, curou a obsessão que uma mulher trazia havia já dezoito anos ou a mão ressequida de um homem, entre tantos benefícios realizados, mostrando que todo dia é dia para a prática do bem.

“Lucas 13 11-17 - 11E eis que estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; e andava curvada e não podia de modo algum endireitar-se. 12 E, vendo-a Jesus, chamou-a a si, e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade. 13 E pôs as mãos sobre ela, e logo se endireitou, e glorificava a Deus. 14E, tomando a palavra o príncipe da sinagoga, indignado porque Jesus curava no sábado, disse à multidão: Seis dias há em que é mister trabalhar; nestes, pois, vinde para serdes curados, e não no dia de sábado. 15Respondeu-lhe, porem, o Senhor, e disse Hipócrita, no sábado não desprende da manjedoura cada um de vós o seu boi, ou jumento, e não o leva a beber? 16 E não convinha soltar desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão a qual há dezoito anos Satanás tinha presa? 17 E dizendo ele isto, todos os seus adversários ficaram envergonhados, e todo o povo se alegrava por todas as coisas gloriosas que eram feitas por ele.”

O Livro dos Espíritos - Limite do trabalho. Repouso

682. Sendo uma necessidade para todo aquele que trabalha, o repouso não é também uma lei da Natureza?

“Sem dúvida. O repouso serve para a reparação das forças do corpo e também é necessário para dar um pouco mais de liberdade à inteligência, a fim de que se eleve acima da matéria.”

683. Qual o limite do trabalho?

“O das forças. Em suma, a esse respeito Deus deixa inteiramente livre o homem.”

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Saturday, January 06, 2007

Aula 50 – LEI DE TRABALHO

Aula 50 – LEI DE TRABALHO

Necessidade do Trabalho

Estudos Espíritas – Divaldo P. Franco – Esp. Joanna de Angelis – FEB


Genericamente o vocábulo trabalho pode ser definido como: ocupação em alguma obra ou ministério; exercício material ou intelectual para fazer ou conseguir alguma cousa.

O trabalho, porem, é lei da Natureza mediante a qual o homem forja o próprio progresso desenvolvendo as possibilidades do meio ambiente em que se situa, ampliando os recursos de preservação da vida, por meio das suas necessidades imediatas na comunidade social onde vive.

O Trabalho, no entanto, não se restringe apenas ao esforço de ordem material, física, mas também, intelectual pelo labor desenvolvido, objetivando as manifestações da Cultura, do Conhecimento, da Arte, da Ciência.

Mediante o trabalho - remunerado o homem modifica o meio, transforma o habitat, cria condições de conforto.

Através do trabalho – abnegação, do qual não decorre troca nem permuta de remuneração, ele se modifica a si mesmo, crescendo no sentido moral e espiritual.

Por um processo ele se desenvolve na horizontal e se melhora exteriormente; pelo outro, ascende no sentido vertical da vida e se transforma de dentro para fora.

Utilizando-se do primeiro recurso conquista simpatia e respeito, gratidão e amizade. Através da auto doação consegue superar-se, revelando-se instrumento da Misericórdia Divina na construção da felicidade de todos.

O Trabalho é, ao lado da oração, o mais eficiente antídoto contra o mal, porquanto conquista valores incalculáveis com que o espírito corrige as imperfeições e disciplina a vontade.

O momento perigoso para o cristão decidido é o do ócio, não o do sofrimento nem o da luta áspera.

Na ociosidade surge e cresce o mal. Na dor e na tarefa fulguram a luz da oração e a chama da fé.

Nos mundos mais evoluídos quanto nos inferiores, a natureza do trabalho não é a mesma. A natureza do trabalho esta em relação com a natureza das necessidades.

Quanto menos materiais são estas, menos material é o trabalho. Mas, não deduzais daí que o homem se conserve inativo e inútil.
A ociosidade seria um suplício, em vez de ser um beneficio.

Do Livro Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo III

HÁ MUITAS MORADAS Mundos inferiores e mundos superiores

8. A qualificação de mundos inferiores e mundos superiores nada tem de absoluta; é, antes, muito relativa. Tal mundo é inferior ou superior com referência aos que lhe estão acima ou abaixo, na escala progressiva.

Tomada a Terra por termo de comparação, pode-se fazer idéia do estado de um mundo inferior, supondo os seus habitantes na condição das raças selvagens ou das nações bárbaras que ainda entre nós se encontram, restos do estado primitivo do nosso orbe. Nos mais atrasados, são de certo modo rudimentares os seres que os habitam.

Revestem a forma humana, mas sem nenhuma beleza. Seus instintos não têm a abrandá-los qualquer sentimento de delicadeza ou de benevolência, nem as noções do justo e do injusto.

A força bruta é, entre eles, a única lei. Carentes de indústrias e de invenções, passam a vida na conquista de alimentos. Deus, entretanto, a nenhuma de suas criaturas abandona; no fundo das trevas da inteligência jaz, latente, a vaga intuição, mais ou menos desenvolvida, de um Ente supremo.

Esse instinto basta para torná-los superiores uns aos outros e para lhes preparar a ascensão a uma vida mais completa, porquanto eles não são seres degradados, mas crianças que estão a crescer.

Entre os degraus inferiores e os mais elevados, inúmeros outros há, e difícil é reconhecer-se nos Espíritos puros, desmaterializados e resplandecentes de glória, os que foram esses seres primitivos, do mesmo modo que no homem adulto se custa a reconhecer o embrião.

9. Nos mundos que chegaram a um grau superior, as condições da vida moral e material são muitíssimo diversas das da vida na Terra.

Como por toda parte, a forma corpórea aí é sempre a humana, mas embelezada, aperfeiçoada e, sobretudo, purificada.

O corpo nada tem da materialidade terrestre e não está, consequentemente, sujeito às necessidades, nem às doenças ou deteriorações que a predominância da matéria provoca. Mais apurados, os sentidos são aptos a percepções a que neste mundo a grosseria da matéria obsta.

A leveza específica do corpo permite locomoção rápida e fácil: em vez de se arrastar penosamente pelo solo, desliza, a bem dizer, pela superfície, ou plana na atmosfera, sem qualquer outro esforço além do da vontade, conforme se representam os anjos, ou como os antigos imaginavam os manes nos Campos Elíseos.

Os homens conservam, a seu grado, os traços de suas passadas migrações e se mostram a seus amigos tais quais estes os conheceram, porém, irradiando uma luz divina, transfigurados pelas impressões interiores, então sempre elevadas. Em lugar de semblantes descorados, abatidos pelos sofrimentos e paixões, a inteligência e a vida cintilam com o fulgor que os pintores hão figurado no nimbo ou auréola dos santos.

A pouca resistência que a matéria oferece a Espíritos já muito adiantados torna rápido o desenvolvimento dos corpos e curta ou quase nula a infância.
Isenta de cuidados e angústias, a vida é proporcionalmente muito mais longa do que na Terra. Em princípio, a longevidade guarda proporção com o grau de adiantamento dos mundos. A morte de modo algum acarreta os horrores da decomposição; longe de causar pavor, é considerada uma transformação feliz, por isso que lá não existe a dúvida sobre o porvir.

Durante a vida, a alma, já não tendo a constringi-la a matéria compacta, expande-se e goza de uma lucidez que a coloca em estado quase permanente de emancipação e lhe consente a livre transmissão do pensamento.

12. Entretanto, os mundos felizes não são orbes privilegiados, visto que Deus não é parcial para qualquer de seus filhos; a todos dá os mesmos direitos e as mesmas facilidades para chegarem a tais mundos.

Fá-los partir todos do mesmo ponto e a nenhum dota melhor do que aos outros; a todos são acessíveis as mais altas categorias: apenas lhes cumpre a eles conquistá-las pelo seu trabalho, alcançá-las mais depressa, ou permanecer inativos por séculos de séculos no lodaçal da Humanidade. (Resumo do ensino de todos os Espíritos superiores.)

Do Livro dos Espíritos Capítulo III DA LEI DO TRABALHO Necessidade do trabalho

674. A necessidade do trabalho é lei da Natureza?

“O trabalho é lei da Natureza, por isso mesmo que constitui uma necessidade, e a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos.”

675. Por trabalho só se devem entender as ocupações materiais?

“Não; o Espírito trabalha, assim como o corpo. Toda ocupação útil é trabalho.”

676. Por que o trabalho se impõe ao homem?

“Por ser uma conseqüência da sua natureza corpórea. É expiação e, ao mesmo tempo, meio de aperfeiçoamento da sua inteligência.

Sem o trabalho, o homem permaneceria sempre na infância, quanto à inteligência. Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua atividade. Ao extremamente fraco de corpo outorgou Deus a inteligência, em compensação. Mas é sempre um trabalho.”

677. Por que provê a Natureza, por si mesma, a todas as necessidades dos animais?

“Tudo em a Natureza trabalha. Como tu, trabalham os animais, mas o trabalho deles, de acordo com a inteligência de que dispõem, se limita a cuidarem da própria conservação. Daí vem que o do homem visa duplo fim: a conservação do corpo e o desenvolvimento da faculdade de pensar, o que também é uma necessidade e o eleva acima de si mesmo.

Quando digo que o trabalho dos animais se cifra no cuidarem da própria conservação, refiro-me ao objetivo com que trabalham. Entretanto, provendo às suas necessidades materiais, eles se constituem, inconscientemente, executores dos desígnios do Criador e, assim, o trabalho que executam também concorre para a realização do objetivo final da Natureza, se bem quase nunca lhe descubrais o resultado imediato.”

678. Em os mundos mais aperfeiçoados, os homens se acham submetidos à mesma necessidade de trabalhar?
“A natureza do trabalho está em relação com a natureza das necessidades. Quanto menos materiais são estas, menos material é o trabalho. Mas, não deduzais daí que o homem se conserve inativo e inútil. A ociosidade seria um suplício, em vez de ser um benefício.”

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Aula 49 – LEI DE SOCIEDADE

Aula 49 – LEI DE SOCIEDADE

Vida em Família e Laços de Parentesco


LIVRO LUZ NO LAR – FRANCISCO CANDIDO XAVIER – FEB


A vida familiar deve ser a vida de todo homem integrado na unidade social, denominada família. Esta palavra, família, pode ser conceituada num sentido mais restrito – constituído pelos nossos familiares consangüíneo – como num sentido mais amplo – o representado por grupamentos de Espíritos afins, quer intelectual, quer moralmente.

A família é abençoada escola de educação moral e espiritual, oficina santificante onde se lapidam caracteres; laboratório superior em que se caldeiam sentimentos, estruturam aspirações, refinam idéias, transformam mazelas antigas em possibilidades preciosas para a elaboração de misteres edificantes.

A família é, pois , o mais prodigioso educandário do progresso humano. A sua importância não se mede apenas como uma fonte geratriz de seres racionais, mas como oficina de onde projetam os homens de bem, os sábios, os benfeitores em geral.

A família é mais do que um resultante genético. São os ideais, os sonhos, os anelos, as lutas e árduas tarefas, os sofrimentos e as aspirações, as tradições morais elevadas que se cimentam nos liames da concessão divina, no mesmo grupo doméstico onde medram as nobres expressões da elevação espiritual na terra.

Quando a família periclita, por esta ou aquela razão, sem dúvida a sociedade está a um passo do malogro.

A vida em família, para que atinja suas finalidades maiores, deve ser vivenciada dentro dos padrões de moralidade, compreensão e solidariedade.

“A família é uma instituição divina cuja finalidade precípua consiste em estreitar os laços sociais, ensejando-nos o melhor modo de aprendermos a amar-nos como irmãos.”

Por tão incontestáveis razões, a vida em família, de todas as associações é, talvez, a mais importante em virtude da sua função educadora e regenerativa.

No Capítulo XIV - Livro Evangelho Segundo o Espiritismo

A parentela corporal e a parentela espiritual

8. Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo.

Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir.

Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação.

Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações.

Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem então atrair-se, buscar-se, sentir prazer quando juntos, ao passo que dois irmãos consangüíneos podem repelir-se, conforme se observa todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências.

--((12. Aqueles do vosso povo a quem a morte foi dada viverão de novo; aqueles que estavam mortos em meio a mim ressuscitarão. Despertai do vosso sono e entoai louvores a Deus, vós que habitais no pó; porque o orvalho que cai sobre vós é um orvalho de luz e porque arruinareis a Terra e o reino dos gigantes. (ISAÍAS, cap. XXVI, v. 19.)

13. E também muito explícita esta passagem de lsaías: "Aqueles do vosso povo a quem a morte foi dada viverão de novo." Se o profeta houvera querido falar da vida espiritual, se houvera pretendido dizer que aqueles que tinham sido executados não estavam mortos em Espírito, teria dito: ainda vivem, e não: viverão de novo. No sentido espiritual, essas palavras seriam um contra-senso, pois que implicariam uma interrupção na vida da alma. No sentido de regeneração moral, seriam a negação das penas eternas, pois que estabelecem, em princípio, que todos os que estão mortos reviverão.))--

Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais.

Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual.

Foi o que Jesus quis tornar compreensível, dizendo de seus discípulos:

Aqui estão minha mãe e meus irmãos, isto é, minha família pelos laços do Espírito, pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

A hostilidade que lhe moviam seus irmãos se acha claramente expressa em a narração de São Marcos, que diz terem eles o propósito de se apoderarem do Mestre, sob o pretexto de que este perdera o espirito.

Informado da chegada deles, conhecendo os sentimentos que nutriam a seu respeito, era natural que Jesus dissesse, referindo-se a seus discípulos, do ponto de vista espiritual:

"Eis aqui meus verdadeiros irmãos."

Embora na companhia daqueles estivesse sua mãe, ele generaliza o ensino que de maneira alguma implica haja pretendido declarar que sua mãe segundo o corpo nada lhe era como Espírito, que só indiferença lhe merecia. Provou suficientemente o contrário em várias outras circunstâncias.


Livro dos Espíritos - Laços de família

773. Por que é que, entre os animais, os pais e os filhos deixam de reconhecer-se, desde que estes não mais precisam de cuidados?

“Os animais vivem vida material e não vida moral. A ternura da mãe pelos filhos tem por princípio o instinto de conservação dos seres que ela deu à luz.

Logo que esses seres podem cuidar de si mesmos, está ela com a sua tarefa concluída; nada mais lhe exige a Natureza. Por isso é que os abandona, a fim de se ocupar com os recém-vindos.”

774. Há pessoas que, do fato de os animais ao cabo de certo tempo abandonarem suas crias, deduzem não serem os laços de família, entre os homens, mais do que resultado dos costumes sociais e não efeito de uma lei da Natureza. Que devemos pensar a esse respeito?

“Diverso do dos animais é o destino do homem. Por que, então, quererem identificá-lo com estes? Há no homem alguma coisa mais, além das necessidades físicas: há a necessidade de progredir.

Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados tornam os primeiros.

Eis por que os segundos constituem uma lei da Natureza.

Quis Deus que, por essa forma, os homens aprendessem a amar-se como irmãos.”


“” INSTRUAMO-NOS, POIS PARA CONHECER.

EDUQUEMO-NOS OARA DISCERNIR.

CULTURA INTELECTUAL E APRIMORAMENTO
MORAL SÃO IMPERATIVOS DA VIDA, POSSIBILITANDO-NOS
A MANIFESTAÇÃO DO AMOR, NO IMPÉRIO DA SUBLIMAÇÃO
QUE NOS APROXIMA DE DEUS..””

Fonte viva Lição 91 pagina 212=Francisco Candido Xavier – Espírito Emmanuel

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Aula 48 – LEI DE SOCIEDADE

Aula 48 – LEI DE SOCIEDADE
Vida de isolamento. Voto de Silêncio

LIVRO AS LEIS MORAIS – RODOLFO CALLIGARIS - FEB

A criatura humana, pela sua estrutura ético-psicológica, é dotada por Deus de sentimentos e emoções, que a obrigam e a impelem para a vida social. Deus fez o homem para viver em sociedade; e para isto foi-lhe outorgado o atributo da palavra que é o veículo da comunicação entre os encarnados.
O homem sendo, por excelência, um ser gregário, um animal social, como há milênios, já apregoava a filosofia Aristotélica, na velha Grécia, não pode viver isoladamente.
A vida solitária (por opção) revela sempre uma fuga inconcebível, porque indica infração às leis divinas do trabalho e do amor.
O insulamento é incompatível com o sentimento de fraternidade que deve existir nos corações humanos.
Não sendo o homem dotado, inicialmente, de auto-suficiência, condição conseguida pelo trabalho e progresso, ele é dependente do seu semelhante.
As faculdades humanas não estão desenvolvidas no mesmo grau e, segundo Deolindo Amorim, há necessidade de viverem uns pelos outros e para os outros, tendo como ponto convergente o bem comum.
O insulamento é contrário à lei da Natureza, por isso que pelo próprio instinto o homem busca a vida comunitária de modo a concorrer para o progresso, através do auxílio recíproco.
A solidão torna o homem improdutivel e inútil para os seus semelhantes e isto não pode agradar a Deus.
A insociabilidade gerando solidão atenta contra o próprio instinto de conservação e de perpetuação da espécie, entravando o progresso, razão por que somente embrutece e enfraquece o homem, que a ela se devota ou se agarra como fuga.
Os cultores da vida reclusa se estiolam pela improdutividade, pela estagnação quanto às aquisições dos tesouros da sabedoria e da experiência.
Segundo os ensinamentos espíritas, isto revela egoísmo e só merece reprovação. Não há como desenvolver e burilar nossas faculdades intelectuais e morais senão no convívio social, nessa permuta constante de afeições, conhecimentos e experiências, sem a qual a sorte de nosso Espírito seria o embrutecimento e a estiolação.
O voto de silêncio adotado por alguns religiosos, nada edifica, porquanto impede a comunicação entre os seres vivos, o que, em última análise, como sustentam os Espíritos Superiores “é uma tolice. A palavra é (uma) faculdade natural concedida ao homem por Deus, para facultar ocasiões de fazer o bem e de cumprir a lei do progresso”
Se Deus quisesse silenciar as suas criaturas pensantes, não lhes teria conferido o dinâmico atributo da palavra e maravilhoso veículo para expressar as idéias elaboradas pelas suas mentes.
Devemos considerar, no entanto, que existem ocasiões onde o silêncio é necessário. São aqueles momentos de recolhimento espiritual, onde o Espírito, mais livre, entra em contato com o seu Criador e com os Seus enviados; fora disto, a vida contemplativa é inteiramente improdutiva e não há motivos que a justifiquem.
Neste sentido, um Espírito protetor alertou-nos. “Não julgueis, todavia, que exortando-vos incessantemente à prece e à evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora das leis da sociedade onde estais condenados a viver. Não; vivei com os homens da vossa época, como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrifica com um sentimento de pureza que as possa santificar.
Sois chamados a estar em contato com Espíritos de naturezas diferentes, de caracteres opostos: não choqueis a nenhum daqueles com quem estiverdes.
Não consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em repelirdes ao prazeres que as vossas condições humanas vos permitem. Basta reporteis todos os atos da vossa vida ao Criador que vo-la deu “


LIVRO DOS ESPÍRITOS - PARTE 3ª - CAPÍTULO VII

Vida de insulamento. Voto de silêncio

769. Concebe-se que, como princípio geral, a vida social esteja na Natureza. Mas, uma vez que também todos os gostos estão na Natureza, por que será condenável o do insulamento absoluto, desde que cause satisfação ao homem?

“Satisfação egoísta. Também há homens que experimentam satisfação na embriaguez. Merece-te isso aprovação? Não pode agradar a Deus uma vida pela qual o homem se condena a não ser útil a ninguém.”

770. Que se deve pensar dos que vivem em absoluta reclusão, fugindo ao pernicioso contacto do mundo?

“Duplo egoísmo.”

- Mas, não será meritório esse retraimento se tiver por fim uma expiação, impondo-se aquele que o busca uma privação penosa?

“Fazer maior soma de bem do que de mal constitui a melhor expiação. Evitando um mal, aquele que por tal motivo se insula cai noutro, pois esquece a lei de amor e de caridade.”

771. Que pensar dos que fogem do mundo para se votarem ao mister de socorrer os desgraçados?

“Esses se elevam, rebaixando-se. Têm o duplo mérito de se colocarem acima dos gozos materiais e de fazerem o bem, obedecendo à lei do trabalho.”

a) - E dos que buscam no retiro a tranqüilidade que certos trabalhos reclamam?

“Isso não é retraimento absoluto do egoísta. Esses não se insulam da sociedade, porquanto para ela trabalham.”

772. Que pensar do voto de silêncio prescrito por algumas seitas, desde a mais remota antigüidade?

“Perguntai, antes, a vós mesmos se a palavra é faculdade natural e por que Deus a concedeu ao homem. Deus condena o abuso e não o uso das faculdades que lhe outorgou.

Entretanto, o silêncio é útil, pois no silêncio pões em prática o recolhimento; teu espírito se torna mais livre e pode entrar em comunicação conosco. Mas o voto de silêncio é uma tolice. Sem dúvida obedecem a boa intenção os que consideram essas privações como atos de virtude. Enganam-se, no entanto, porque não compreendem suficientemente as verdadeiras leis de Deus.”
O voto de silêncio absoluto, do mesmo modo que o voto de insulamento, priva o homem das relações sociais que lhe podem facultar ocasiões de fazer o bem e de cumprir a lei do progresso.

No Evangelho Segundo o Espiritismo

CAPÍTULO XVII - O homem no mundo - SEDE PERFEITOS

10. Um sentimento de piedade deve sempre animar o coração dos que se reúnem sob as vistas do Senhor e imploram a assistência dos bons Espíritos. Purificai, pois, os vossos corações; não consintais que neles demore qualquer pensamento mundano ou fútil. Elevai o vosso espírito àqueles por quem chamais, a fim de que, encontrando em vós as necessárias disposições, possam lançar em profusão a semente que é preciso germine em vossas almas e dê frutos de caridade e justiça.

Não julgueis, todavia, que, exortando-vos incessantemente à prece e à evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora das leis da sociedade onde estais condenados a viver.

Não; vivei com os homens da vossa época, como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrificai com um sentimento de pureza que as possa santificar.

Sois chamados a estar em contato com espíritos de naturezas diferentes, de caracteres opostos: não choqueis a nenhum daqueles com quem estiverdes. Sede joviais, sede ditosos, mas seja a vossa jovialidade a que provém de uma consciência limpa, seja a vossa ventura a do herdeiro do Céu que conta os dias que faltam para entrar na posse da sua herança.

Não consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em repelirdes os prazeres que as vossas condições humanas vos permitem. Basta reporteis todos os atos da vossa vida ao Criador que vo-la deu; basta que, quando começardes ou acabardes uma obra, eleveis o pensamento a esse Criador e lhe peçais, num arroubo d’ alma, ou a sua proteção para que obtenhais êxito, ou a sua bênção para ela, se a concluístes.

Em tudo o que fizerdes, remontai à Fonte de todas as coisas, para que nenhuma de vossas ações deixe de ser purificada e santificada pela lembrança de Deus.

A perfeição está toda, como disse o Cristo, na prática da caridade absoluta; mas, os deveres da caridade alcançam todas as posições sociais, desde o menor até o maior. Nenhuma caridade teria a praticar o homem que vivesse insulado.

Unicamente no contato com os seus semelhantes, nas lutas mais árduas é que ele encontra ensejo de praticá-la. Aquele, pois, que se isola priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de aperfeiçoar-se; não tendo de pensar senão em si, sua vida é a de um egoísta. (Capítulo V, nº 26.)
Não imagineis, portanto, que, para viverdes em comunicação constante conosco, para viverdes sob as vistas do Senhor, seja preciso vos cilicieis e cubrais de cinzas. Não, não, ainda uma vez vos dizemos. Ditosos sede, segundo as necessidades da Humanidade; mas, que jamais na vossa felicidade entre um pensamento ou um ato que o possa ofender, ou fazer se vele o semblante dos que vos amam e dirigem. Deus é amor, e aqueles que amam santamente ele os abençoa.

Um Espírito Protetor. (Bordéus, 1863.)

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