Monday, March 26, 2007

Aula 61- LEI DE REPRODUÇÃO - CELIBATO E POLIGAMIA

Aula 61 - LEI DE REPRODUÇÃO - CELIBATO E POLIGAMIA

O Consolador – Emmanuel – FEB – Pag.189 e 190
Vida e Sexo – Emmanuel – FEB – Pag.97-98
No Mundo Maior – André Luiz – FEB – Pag.161-162


O casamento, isto é, a união permanente de dois seres é um progresso na marcha da Humanidade já a poligamia é lei cuja abolição marca um progresso social.

O casamento segundo as vistas de Deus, tem que se fundar na afeição dos seres que se unem. Na poligamia não há afeição real: há apenas sensualidade.

Se a poligamia fosse conforme à lei da Natureza, devera ter possibilidade de tornar-se universal, o que seria materialmente impossível, dada a igualdade numérica dos sexos.

Deve ser considerada como um uso ou legislação especial apropriada a certos costumes e que o aperfeiçoamento social fez que desaparecesse pouco a pouco.

A construção da felicidade real não depende do instinto satisfeito. A permuta de células sexuais entre os seres encarnados, garantindo a continuidade das formas físicas em processo evolucionário, é apenas um aspecto das multiformes permutas de amor. Importa reconhecer que o intercâmbio de forças simpáticas, de fluidos combinados, de vibrações sintonizadas entre almas que se amam, paira acima de qualquer exteriorização tangível de afeto, sustentando obras imperecíveis de vida e de luz, nas ilimitadas esferas do Universo.

Apesar de, nos dias atuais, existirem povos que ainda adotam a poligamia, como as populações muçulmanas do Norte da África e grande parte dos asiáticos, a tendência, por força do progresso moral, é a total abolição dessa prática.

O casamento ou a união permanente de dois seres, como é óbvio, implica o regime de vivência pelo qual duas criaturas se confiam uma à outra, no campo da assistência mútua.

Essa união reflete as Leis Divinas que permitem seja dado um esposo para uma esposa, um companheiro para uma companheira, um coração para outro coração ou vice-versa, na criação e desenvolvimento de valores para a vida.

Entre a poligamia e a monogamia, existe uma distância muito grande, e a conquista desta última revela inegavelmente um poderoso passo evolutivo da Humanidade na área dos sentimentos.

A vida a dois, pelos laços do matrimônio, enseja oportunidade de progresso, pois a constituição do lar não só permite a reencarnação dos Espíritos e, consequentemente resgate de faltas do passado, como representa a célula da família universal, unidade primeira da educação espiritual.

Devemos considerar, porem, que existem pessoas que deliberadamente optam pelo celibato.

Abstinência, em matéria de sexo e celibato, na vida de relação, pressupões experiências da criatura em duas faixas essenciais, a daqueles Espíritos que escolhem semelhantes posições voluntariamente para burilamento ou serviço, no curso de determinada reencarnação, e a daqueles outros que se vêem forçados a adotá-las, por força de inibições diversas.

Os que consigam abster-se da comunhão afetiva, com o fim de se fazerem mais úteis ao próximo, decerto que traçam a si mesmos escaladas mais rápida aos cimos do aperfeiçoamento.

Almas existem que, para obterem as sagradas realizações de Deus em si próprias, entregam-se a labores de renúncia, em existência de santificada abnegação.

Nesse mister, é comum abdicarem transitoriamente as ligações humanas, de modo a acrisolarem os seus afetos e sentimentos em vida de ascetismo e de longas disciplinas materiais.

Agindo assim, por amor, doando o corpo a serviço dos semelhantes, e, por esse modo, amparando os irmãos da Humanidade, através de variadas maneiras, convertem a existência, sem ligações sexuais, em caminho de acesso à sublimação, ambientando-se em climas diferentes de criatividade, porquanto a energia sexual neles não estancou o próprio fluxo; essa energia simplesmente se canaliza para outros objetivos, os de natureza espiritual.

Paralelamente a esses seres que elegem conscientemente esse tipo de experiência, impondo-se duros regimes de vivência pessoal, encontramos aqueles outros, os que já renasceram no corpo físico induzidos ou obrigados à abstinência sexual, atendendo a inibições irreversíveis ou a processos de inversão pelos quais sanam erros do pretérito ou se recolhem a pesadas disciplinas que lhes facilitem a desincumbência de compromissos determinados, em assuntos do espírito.

Empreendimentos filantrópicos, atividades religiosas ou culturais enobrecedoras constituem valioso programa de superação de pensamentos torturantes, relacionados com o sexo, favorecendo, outrossim, a transformação das forças criadoras em elementos de exaltação do bem e do embelezamento da Vida.

Numerosos Espíritos recebem de Jesus permissão para esse gênero de esforço santificantes, porquanto, nessa tarefa, os que se fazem eunucos, pelos reinos do céu, precipitam os processos de redenção do ser ou dos seres amados, submersos nas provas e, simultaneamente, pela sua condição de evolvidos, podem ser mais facilmente transformados, na Terra, em instrumentos da verdade e do bem, redundando o seu trabalho em benefício inestimáveis para os entes queridos, para a coletividade e para si próprios.

Vigoram para muitos deles, temporariamente, os imperativos da prova benéfica, os deveres do estatuto expiatório, as exigências do serviço especializado, em que estudantes, devedores e missionários se obrigam a longas fases de fome e sede do coração. Isso, porem não representa obstáculo ao amor.

Qualquer atitude extremista opera desarmonia e perturbação com lamentáveis conseqüências que se estendem após o decesso carnal, em processos de sombras e aflições indescritíveis.

Assim, se o exercício de renúncia a que certas pessoas se afervoram os faz hipocondríacos e tristes, não devem vacilar em obedecer à prescrição do Apóstolo Paulo, na 1a Epístola aos Coríntios, capítulo sete, versículo nove:

“Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se.”

Tais considerações nos impelem a concluir que a vida sexual de cada criatura é terreno sagrado para ela própria, e que, por isso mesmo, abstenção, ligação afetiva, constituição de família, vida celibatária, divórcio e outras ocorrências, no campo do amor, são problemas pertinentes à responsabilidade de cada um, erigindo-se, por essa razão, em assunto, não de corpo para corpo, mas de coração para coração.

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Aula 60 - LEI DE REPRODUÇÃO - CASAMENTO

Aula 60 - LEI DE REPRODUÇÃO - CASAMENTO

Estude e Viva – Emmanuel e André Luiz – FEB – Pag.92
Vida e Sexo – Emmanuel – FEB – Pag.23 – 33 – 35


O estado de natureza é o da união livre e fortuita dos sexos. O casamento constitui um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas, porque estabelece a solidariedade fraterna e se observa entre todos os povos, se bem que em condições diversas. A abolição do casamento seria, pois regredir à infância da Humanidade e colocaria o homem abaixo mesmo de certos animais que lhe dão o exemplo de uniões constantes..(Livro dos Espíritos – perg. 696)

Caracteriza-se o estado moral de um povo pelas uniões da sexualidade, que se fazem rápida, em decadência, ou demoradas, num processo de ascensão tipificando a emotividade que rege a convivência ética das criaturas.

Nesse sentido, o matrimônio tem papel preponderante na formação da comunidade.

Se a união das pessoas pelos laços do casamento é precedida por interesses materiais, pelo furor das paixões ou pelo jogo das conveniências, e uma realidade destinada ao fracasso, visto que a lei de amor não foi cogitada.

Tais ligações, com o passar do tempo, após as ilusões dos primeiros momentos, permitirão que entre os consortes se estabeleçam antipatias mútuas que, com o desgaste natural, cristalizar-se-ão em relações inamistosas.

A satisfação pura e simples dos instintos, no matrimônio, leva os cônjuges a uma saturação recíproca e a um isolacionismo, que logo deterioram o relacionamento conjugal, fazendo que o matrimônio decline e degrade.

Indispensável construir uma consciência responsável por meio da educação moral, doméstica e social das criaturas, para que o matrimônio mereça pelo menos um pouco mais de respeito, antes de se assumir o compromisso, que logo, por leviandade, se dissolverá.

Casamento é compromisso e compromisso gera, evidentemente, responsabilidade, como nos fala Emmanuel. Antes de optarem por um passo tão sério, o homem e a mulher devem refletir maduramente, para que não venham a ser infelizes, fazendo, também, a infelicidade das pessoas a eles ligadas.

A grande vitima das uniões precipitadas é a sociedade. E como a sociedade se constitui dos membros que se unem em torno do lar, a família, os filhos são os vitimados indefesos pela leviandade e precipitação dos adultos mal formados.

Os filhos necessitam de que seus pais dêem exemplos de moralidade, de devotamento e de equilíbrio. É fundamental que os cônjuges se compenetrem dos deveres perante si mesmos, perante a prole e perante a Deus.

A lei do amor, que deve sempre reger as ligações matrimoniais, permite que as pessoas se procurem e se escolham, mas exige, também, que se respeitem e que se apoiem ante as provas e dificuldades da vida.

Portanto, o casamento ou a união permanente de dois seres, como é óbvio, implica o regime de vivência pelo qual duas criaturas se confiam uma à outra, no campo da assistência mútua.

Imperioso, porem que a ligação se baseie na responsabilidade recíproca, de vez que na comunhão sexual um ser humano se entrega a outro ser humano e, por isso mesmo, não deve haver qualquer desconsideração entre si.

Os débitos contraídos por legiões de companheiros de Humanidade, portadores de entendimento verde para os temas do amor, determinam a existência de milhões de uniões supostamente infelizes, nas quais a reparação de faltas passadas confere a numerosos ajustes sexuais, sejam eles ou não acobertados pelo beneplácito das leis humanas, o aspecto de ligações francamente expiatórias, com base no sofrimento purificador.

Decorre daí a importância dos conhecimentos alusivos à reencarnação, nas bases da família, com pleno exercício da lei do amor nos recessos do lar, para que o lar não se converta, de bendita escola que é, em pouso neurótico, albergando moléstias mentais dificilmente reversíveis.

Compreende-se, repetimos, que “sem entendimento e respeito, conciliação e afinidade espiritual, torna-se difícil o êxito no casamento” pois, por muito se nos impessoalizem os sentimentos, somos defrontados em família pelas ocasiões de provas ou crises, em que nos inquietamos, gastando tempo e energia para ver nossos filhos ou parentes na trilha que consideramos como sendo a mais certa.

O Evangelho Segundo o Espiritismo - CAPÍTULO XXII

NÃO SEPAREIS O QUE DEUS JUNTOU

Indissolubilidade do casamento

1. Também os fariseus vieram ter com ele para o tentarem e lhe disseram: Será permitido a um homem despedir sua mulher, por qualquer motivo? Ele respondeu: Não lestes que aquele que criou o homem desde o princípio os criou macho e fêmea e disse: -

Por esta razão, o homem deixará seu pai e sua mãe e se ligará à sua mulher e não farão os dois senão uma só carne?

- Assim, já não serão duas, mas uma só carne. Não separe, pois, o homem o que Deus juntou.

Mas, por que então, retrucaram eles, ordenava Moisés que o marido desse à sua mulher um escrito de separação e a despedisse? –

- Jesus respondeu: Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés permitiu despedísseis vossas mulheres; mas, no começo, não foi assim. - Por isso eu vos declaro que aquele que despede sua mulher, a não ser em caso de adultério, e desposa outra, comete adultério; e que aquele que desposa a mulher que outro despediu também comete adultério. (S. MATEUS, cap. XIX, vv. 3 a 9.)

2. Imutável só há o que vem de Deus. Tudo o que é obra dos homens está sujeito a mudança.

As leis da Natureza são as mesmas em todos os tempos e em todos os países. As leis humanas mudam segundo os tempos, os lugares e o progresso da inteligência.
No casamento, o que é de ordem divina é a união dos sexos, para que se opere a substituição dos seres que morrem; mas, as condições que regulam essa união são de tal modo humanas, que não há, no mundo inteiro, nem mesmo na cristandade, dois países onde elas sejam absolutamente idênticas, e nenhum onde não hajam, com o tempo, sofrido mudanças.

Daí resulta que, em face da lei civil, o que é legítimo num país e em dada época, é adultério noutro país e noutra época, isso pela razão de que a lei civil tem por fim regular os interesses das famílias, interesses que variam segundo os costumes e as necessidades locais.
Assim é, por exemplo, que, em certos países, o casamento religioso é o único legítimo; noutros é necessário, além desse, o casamento civil; noutros, finalmente, este último casamento basta.

3. Mas, na união dos sexos, a par da lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra lei divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor.

Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir.

Nas condições ordinárias do casamento, a lei de amor é tida em consideração? De modo nenhum.

Não se leva em conta a afeição de dois seres que, por sentimentos recíprocos, se atraem um para o outro, visto que, as mais das vezes, essa afeição é rompida. O de que se cogita, não é da satisfação do coração e sim da do orgulho, da vaidade, da cupidez, numa palavra: de todos os interesses materiais.

Quando tudo vai pelo melhor consoante esses interesses, diz-se que o casamento é de conveniência e, quando as bolsas estão bem aquinhoadas, diz-se que os esposos igualmente o são e muito felizes hão de ser.

Nem a lei civil, porém, nem os compromissos que ela faz se contraiam podem suprir a lei do amor, se esta não preside à união, resultando, freqüentemente, separarem-se por si mesmos os que à força se uniram; torna-se um perjúrio, se pronunciado como fórmula banal, o juramento feito ao pé do altar.

Daí as uniões infelizes, que acabam tornando-se criminosas, dupla desgraça que se evitaria se, ao estabelecerem-se as condições do matrimônio, se não abstraísse da única que o sanciona aos olhos de Deus: a lei de amor. Ao dizer Deus: "Não sereis senão uma só carne", e quando Jesus disse: "Não separeis o que Deus uniu", essas palavras se devem entender com referência à união segundo a lei imutável de Deus e não segundo a lei mutável dos homens.

4. Será então supérflua a lei civil e dever-se-á volver aos casamentos segundo a Natureza? Não, decerto. A lei civil tem por fim regular as relações sociais e os interesses das famílias, de acordo com as exigências da civilização; por isso, é útil, necessária, mas variável.

Deve ser previdente, porque o homem civilizado não pode viver como selvagem; nada, entretanto, nada absolutamente se opõe a que ela seja um corolário da lei de Deus.
Os obstáculos ao cumprimento da lei divina promanam dos prejuízos e não da lei civil.

Esses prejuízos, se bem ainda vivazes, já perderam muito do seu predomínio no seio dos povos esclarecidos; desaparecerão com o progresso moral que, por fim, abrirá os olhos aos homens para os males sem conto, as faltas, mesmo os crimes que decorrem das uniões contraídas com vistas unicamente nos interesses materiais.
Um dia perguntar-se-á o que é mais humano, mais caridoso, mais moral: se encadear um ao outro dois seres que não podem viver juntos, se restituir-lhes a liberdade; se a perspectiva de uma cadeia indissolúvel não aumenta o número de uniões irregulares.

O divórcio

5. O divórcio é lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já, de fato, está separado.

Não é contrário à lei de Deus, pois que apenas reforma o que os homens hão feito e só é aplicável nos casos em que não se levou em conta a lei divina.

Se fosse contrario a essa lei, a própria Igreja seria obrigada a considerar prevaricadores aqueles de seus chefes que, por autoridade própria e em nome da religião, hão imposto o divórcio em mais de uma ocasião. E dupla seria aí a prevaricação, porque, nesses casos, o divórcio há objetivado unicamente interesses materiais e não a satisfação da lei de amor.

Mas, nem mesmo Jesus consagrou a indissolubilidade absoluta do casamento.
Não disse ele: "Foi por causa da dureza dos vossos corações que Moisés permitiu despedísseis vossas mulheres?"

Isso significa que, já ao tempo de Moisés, não sendo a afeição mútua a única determinante do casamento, a separação podia tornar-se necessária.

Acrescenta, porém: "no princípio, não foi assim", isto é, na origem da Humanidade, quando os homens ainda não estavam pervertidos pelo egoísmo e pelo orgulho e viviam segundo a lei de Deus, as uniões, derivando da simpatia, e não da vaidade ou da ambição, nenhum ensejo davam ao repúdio.

Vai mais longe: especifica o caso em que pode dar-se o repúdio, o de adultério.

Ora, não existe adultério onde reina sincera afeição recíproca.

É verdade que ele proíbe ao homem desposar a mulher repudiada; mas, cumpre se tenham em vista os costumes e o caráter dos homens daquela época.

A lei mosaica, nesse caso, prescrevia a lapidação. Querendo abolir um uso bárbaro, precisou de uma penalidade que o substituísse e a encontrou no opróbrio que adviria da proibição de um segundo casamento.

Era, de certo modo, uma lei civil substituída por outra lei civil, mas que, como todas as leis dessa natureza, tinha de passar pela prova do tempo.

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Sunday, March 18, 2007

Aula 59 - LEI DE IGUALDADE

Aula 59 - LEI DE IGUALDADE

Desigualdades das Riquezas: As Provas da Riqueza e da Miséria

“Jesus, porem, respondendo, disse: Não sabeis o que pedis”- (Mateus, 20:22)

Livro dos Espíritos - Desigualdade das riquezas - PARTE 3ª - CAPÍTULO IX


808. A desigualdade das riquezas não se originará da das faculdades, em virtude da qual uns dispõem de mais meios de adquirir bens do que outros?

“Sim e não. Da velhacaria e do roubo, que dizeis?”

a) - Mas, a riqueza herdada, essa não é fruto de paixões más.

“Que sabes a esse respeito? Busca a fonte de tal riqueza e verás que nem sempre é pura. Sabes, porventura, se não se originou de uma espoliação ou de uma injustiça?

Mesmo, porém, sem falar da origem, que pode ser má, acreditas que a cobiça da riqueza, ainda quando bem adquirida, os desejos secretos de possuí-la o mais depressa possível, sejam sentimentos louváveis?

Isso o que Deus julga e eu te asseguro que o Seu juízo é mais severo que o dos homens.”

809. Aos que, mais tarde, herdam uma riqueza inicialmente mal adquirida, alguma responsabilidade cabe por esse fato?

“É fora de dúvida que não são responsáveis pelo mal que outros hajam feito, sobretudo se o ignoram, como é possível que aconteça.

Mas, fica sabendo que, muitas vezes, a riqueza só vem ter às mãos de um homem, para lhe proporcionar ensejo de reparar uma injustiça. Feliz dele, se assim o compreende!

Se a fizer em nome daquele que cometeu a injustiça, a ambos será a reparação levada em conta, porquanto, não raro, é este último quem a provoca.”

810. Sem quebra da legalidade, quem quer que seja pode dispor de seus bens de modo mais ou menos eqüitativo. Aquele que assim proceder será responsável, depois da morte, pelas disposições que haja tomado?

“Toda ação produz seus frutos; doces são os das boas ações, amargos sempre os das outras. Sempre, entendei-o bem.”

811. Será possível e já terá existido a igualdade absoluta das riquezas?

“Não; nem é possível. A isso se opõe a diversidade das faculdades e dos caracteres.”

a) - Há, no entanto, homens que julgam ser esse o remédio aos males da sociedade.

Que pensais a respeito?

“São sistemáticos esses tais, ou ambiciosos cheios de inveja. Não compreendem que a igualdade com que sonham seria a curto prazo desfeita pela força das coisas. Combatei o egoísmo, que é a vossa chaga social, e não corrais atrás de quimeras.”

812. Por não ser possível a igualdade das riquezas, o mesmo se dará com o bem-estar?

“Não, mas o bem-estar é relativo e todos poderiam dele gozar, se se entendessem convenientemente, porque o verdadeiro bem-estar consiste em cada um empregar o seu tempo como lhe apraza e não na execução de trabalhos pelos quais nenhum gosto sente.

Como cada um tem aptidões diferentes, nenhum trabalho útil ficaria por fazer. Em tudo existe o equilíbrio; o homem é quem o perturba.”

a) - Será possível que todos se entendam?

“Os homens se entenderão quando praticarem a lei de justiça.”

813. Há pessoas que, por culpa sua, caem na miséria. Nenhuma responsabilidade caberá disso à sociedade?

“Mas, certamente. Já dissemos que a sociedade é muitas vezes a principal culpada de semelhante coisa. Demais, não tem ela que velar pela educação moral dos seus membros?

Quase sempre, é a má educação que lhes falseia o critério, ao invés de sufocar-lhes as tendências perniciosas.”

685. Tem o homem o direito de repousar na velhice?

“Sim, que a nada é obrigado, senão de acordo com as suas forças.”

a) - Mas, que há de fazer o velho que precisa trabalhar para viver e não pode?

“O forte deve trabalhar para o fraco. Não tendo este família, a sociedade deve fazer as vezes desta. É a lei de caridade.”

As provas de riqueza e de miséria

814. Por que Deus a uns concedeu as riquezas e o poder, e a outros, a miséria?

“Para experimentá-los de modos diferentes. Além disso, como sabeis, essas provas foram escolhidas pelos próprios Espíritos, que nelas, entretanto, sucumbem com freqüência.”

815. Qual das duas provas é mais terrível para o homem, a da desgraça ou a da riqueza?

“São-no tanto uma quanto outra. A miséria provoca as queixas contra a Providência, a riqueza incita a todos os excessos.”

816. Estando o rico sujeito a maiores tentações, também não dispõe, por outro lado, de mais meios de fazer o bem?

“Mas, é justamente o que nem sempre faz. Torna-se egoísta, orgulhoso e insaciável.
Com a riqueza, suas necessidades aumentam e ele nunca julga possuir o bastante para si unicamente.”

A alta posição do homem neste mundo e o ter autoridade sobre os seus semelhantes são provas tão grandes e tão escorregadias como a desgraça, porque, quanto mais rico e poderoso é ele, tanto mais obrigações tem que cumprir e tanto mais abundantes são os meios de que dispõe para fazer o bem e o mal.

Deus experimenta o pobre pela resignação e o rico pelo emprego que dá aos seus bens e ao seu poder.

A riqueza e o poder fazem nascer todas as paixões que nos prendem à matéria e nos afastam da perfeição espiritual. Por isso foi que Jesus disse:

“Em verdade vos digo que mais fácil é passar um camelo por um fundo de agulha do que entrar um rico no reino dos céus.”

(266- DA VIDA ESPÍRITA - PARTE 2ª - CAPÍTULO VI)

266. Não parece natural que se escolham as provas menos dolorosas?

“Pode parecer-vos a vós; ao Espírito, não. Logo que este se desliga da matéria, cessa toda ilusão e outra passa a ser a sua maneira de pensar.”

Sob a influência das idéias carnais, o homem, na Terra, só vê das provas o lado penoso. Tal a razão de lhe parecer natural sejam escolhidas as que, do seu ponto de vista, podem coexistir com os gozos materiais.

Na vida espiritual, porém, compara esses gozos fugazes e grosseiros com a inalterável felicidade que lhe é dado entrever e desde logo nenhuma impressão mais lhe causam os passageiros sofrimentos terrenos. Assim, pois, o Espírito pode escolher prova muito rude e, consequentemente, uma angustiada existência, na esperança de alcançar depressa um estado melhor, como o doente escolhe muitas vezes o remédio mais desagradável para se curar de pronto.

Aquele que intenta ligar seu nome à descoberta de um país desconhecido não procura trilhar estrada florida. Conhece os perigos a que se arrisca, mas também sabe que o espera a glória, se lograr bom êxito.

A doutrina da liberdade que temos de escolher as nossas existências e as provas que devamos sofrer deixa de parecer singular, desde que se atenda a que os Espíritos, uma vez desprendidos da matéria, apreciam as coisas de modo diverso da nossa maneira de apreciá-los.

Divisam a meta, que bem diferente é para eles dos gozos fugitivos do mundo. Após cada existência, vêem o passo que deram e compreendem o que ainda lhes falta em pureza para atingirem aquela meta.

Daí o se submeterem voluntariamente a todas as vicissitudes da vida corpórea, solicitando as que possam fazer que a alcancem mais presto.

Não há, pois, motivo de espanto no fato de o Espírito não preferir a existência mais suave. Não lhe é possível, no estado de imperfeição em que se encontra, gozar de uma vida isenta de amarguras.

Ele o percebe e, precisamente para chegar a fruí-la, é que trata de se melhorar.

Não vemos, aliás, todos os dias, exemplos de escolhas tais?

Que faz o homem que passa uma parte de sua vida a trabalhar sem trégua, nem descanso, para reunir haveres que lhe assegurem o bem-estar, senão desempenhar uma tarefa que a si mesmo se impôs, tendo em vista melhor futuro?

O militar que se oferece para uma perigosa missão, o navegante que afronta não menores perigos, por amor da Ciência ou no seu próprio interesse, que fazem, também eles, senão sujeitar-se a provas voluntárias, de que lhes advirão honras e proveito, se não sucumbirem?

A que se não submete ou expõe o homem pelo seu interesse ou pela sua glória?

E os concursos não são também todos provas voluntárias a que os concorrentes se sujeitam, com o fito de avançarem na carreira que escolheram?

Ninguém galga qualquer posição nas ciências, nas artes, na indústria, senão passando pela série das posições inferiores, que são outras tantas provas. A vida humana é, pois, cópia da vida espiritual; nela se nos deparam em ponto pequeno todas as peripécias da outra.

Ora, se na vida terrena muitas vezes escolhemos duras provas, visando posição mais elevada, por que não haveria o Espírito, que enxerga mais longe que o corpo e para quem a vida corporal é apenas incidente de curta duração, de escolher uma existência árdua e laboriosa, desde que o conduza à felicidade eterna?

Os que dizem que pedirão para ser príncipes ou milionários, uma vez que ao homem é que caiba escolher a sua existência, se assemelham aos míopes, que apenas vêem aquilo em que tocam, ou a meninos gulosos, que, a quem os interroga sobre isso, respondem que desejam ser pasteleiros ou doceiros.

O viajante que atravessa profundo vale ensombrado por espesso nevoeiro não logra apanhar com a vista a extensão da estrada por onde vai, nem os seus pontos extremos.

Chegando, porém, ao cume da montanha, abrange com o olhar quanto percorreu do caminho e quanto lhe resta dele a percorrer. Divisa-lhe o termo, vê os obstáculos que ainda terá de transpor e combina então os meios mais seguros de atingi-lo.

O Espírito encarnado é qual viajante no sopé da montanha. Desenleado dos liames terrenais, sua visão tudo domina, como a daquele que subiu à crista da serrania. Para o viajor, no termo da sua jornada está o repouso após a fadiga; para o Espírito, está a felicidade suprema, após as tribulações e as provas.

Dizem todos os Espíritos que, na erraticidade, eles se aplicam a pesquisar, estudar, observar, a fim de fazerem a sua escolha. Na vida corporal não se nos oferece um exemplo deste fato?

Não levamos, freqüentemente, anos a procurar a carreira pela qual afinal nos decidimos, certos de ser a mais apropriada a nos facilitar o caminho da vida?
Se numa o nosso intento se malogra, recorremos a outra. Cada uma das que abraçamos representa uma fase, um período da vida. Não nos ocupamos cada dia em cogitar do que faremos no dia seguinte?

Ora, que são, para o Espírito as diversas existências corporais, senão fases, períodos, dias da sua vida espírita, que é, como sabemos, a vida normal, visto que a outra é transitória, passageira?

EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - CAPÍTULO XVI

NÃO SE PODE SERVIR A DEUS E A MAMON

Utilidade providencial da riqueza. Provas da riqueza e da miséria

7. Se a riqueza houvesse de constituir obstáculo absoluto à salvação dos que a possuem, conforme se poderia inferir de certas palavras de Jesus, interpretadas segundo a letra e não segundo o espírito, Deus, que a concede, teria posto nas mãos de alguns um instrumento de perdição, sem apelação nenhuma, idéia que repugna à razão.

Sem dúvida, pelos arrastamentos a que dá causa, pelas tentações que gera e pela fascinação que exerce, a riqueza constitui uma prova muito arriscada, mais perigosa do que a miséria. É o supremo excitante do orgulho, do egoísmo e da vida sensual.

E o laço mais forte que prende o homem à Terra e lhe desvia do céu os pensamentos. Produz tal vertigem que, muitas vezes, aquele que passa da miséria à riqueza esquece de pronto a sua primeira condição, os que com ele a partilharam, os que o ajudaram, e faz-se insensível, egoísta e vão.

Mas, do fato de a riqueza tornar difícil a jornada, não se segue que a torne impossível e não possa vir a ser um meio de salvação para o que dela sabe servir-se, como certos venenos podem restituir a saúde, se empregados a propósito e com discernimento.

Quando Jesus disse ao moço que o inquiria sobre os meios de ganhar a vida eterna:

"Desfase-te de todos os teus bens e segue-me", não pretendeu, decerto, estabelecer como princípio absoluto que cada um deva despojar-se do que possui e que a salvação só a esse preço se obtém; mas, apenas mostrar que o apego aos bens terrenos é um obstáculo à salvação.

Aquele moço, com efeito, se julgava quite porque observara certos mandamentos e, no entanto, recusava-se à idéia de abandonar os bens de que era dono. Seu desejo de obter a vida eterna não ia até ao extremo de adquiri-la com sacrifício.

O que Jesus lhe propunha era uma prova decisiva, destinada a pôr a nu o fundo do seu pensamento. Ele podia, sem dúvida, ser um homem perfeitamente honesto na opinião do mundo, não causar dano a ninguém, não maldizer do próximo, não ser vão, nem orgulhoso, honrar a seu pai e a sua mãe. Mas, não tinha a verdadeira caridade; sua virtude não chegava até à abnegação.

Isso o que Jesus quis demonstrar. Fazia uma aplicação do princípio:

"Fora da caridade não há salvação".



A conseqüência dessas palavras, em sua acepção rigorosa, seria a abolição da riqueza por prejudicial à felicidade futura e como causa de uma imensidade de males na Terra; seria, ao demais, a condenação do trabalho que a pode granjear; conseqüência absurda, que reconduziria o homem à vida selvagem e que, por isso mesmo, estaria em contradição com a lei do progresso, que é lei de Deus.

Se a riqueza é causa de muitos males, se exacerba tanto as más paixões, se provoca mesmo tantos crimes, não é a ela que devemos inculpar, mas ao homem, que dela abusa, como de todos os dons de Deus.

Pelo abuso, ele torna pernicioso o que lhe poderia ser de maior utilidade. E a conseqüência do estado de inferioridade do mundo terrestre. Se a riqueza somente males houvesse de produzir, Deus não a teria posto na Terra. Compete ao homem fazê-la produzir o bem. Se não é um elemento direto de progresso moral, é, sem contestação, poderoso elemento de progresso intelectual.

Com efeito, o homem tem por missão trabalhar pela melhoria material do planeta.

Cabe-lhe desobstrui-lo, saneá-lo, dispô-lo para receber um dia toda a população que a sua extensão comporta.

Para alimentar essa população que cresce incessantemente, preciso se faz aumentar a produção.

Se a produção de um país é insuficiente, será necessário buscá-la fora.

Por isso mesmo, as relações entre os povos constituem uma necessidade. A fim de mais as facilitar, cumpre sejam destruídos os obstáculos materiais que os separam e tornadas mais rápidas as comunicações.

Para trabalhos que são obra dos séculos, teve o homem de extrair os materiais até das entranhas da terra; procurou na Ciência os meios de os executar com maior segurança e rapidez.

Mas, para os levar a efeito, precisa de recursos: a necessidade fê-lo criar a riqueza, como o fez descobrir a Ciência.

A atividade que esses mesmos trabalhos impõem lhe amplia e desenvolve a inteligência, e essa inteligência que ele concentra, primeiro, na satisfação das necessidades materiais, o ajudará mais tarde a compreender as grandes verdades morais.

Sendo a riqueza o meio primordial de execução, sem ela não mais grandes trabalhos, nem atividade, nem estimulante, nem pesquisas. Com razão, pois, é a riqueza considerada elemento de progresso.

Desigualdade das riquezas

8. A desigualdade das riquezas é um dos problemas que inutilmente se procurará resolver, desde que se considere apenas a vida atual.

A primeira questão que se apresenta é esta: Por que não são igualmente ricos todos os homens?

Não o são por uma razão muito simples: por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar.
E, alias, ponto matematicamente demonstrado que a riqueza, repartida com igualdade, a cada um daria uma parcela mínima e insuficiente; que, supondo efetuada essa repartição, o equilíbrio em pouco tempo estaria desfeito, pela diversidade dos caracteres e das aptidões; que, supondo-a possível e durável, tendo cada um somente com que viver, o resultado seria o aniquilamento de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e para o bem-estar da Humanidade; que, admitido desse ela a cada um o necessário, já não haveria o aguilhão que impele os homens às grandes descobertas e aos empreendimentos úteis.

Se Deus a concentra em certos pontos, é para que daí se expanda em quantidade suficiente, de acordo com as necessidades.

Admitido isso, pergunta-se por que Deus a concede a pessoas incapazes de fazê-la frutificar para o bem de todos. Ainda aí está uma prova da sabedoria e da bondade de Deus.

Dando-lhe o livre-arbítrio, quis ele que o homem chegasse, por experiência própria, a distinguir o bem do mal e que a prática do primeiro resultasse de seus esforços e da sua vontade. Não deve o homem ser conduzido fatalmente ao bem, nem ao mal, sem o que não mais fora senão instrumento passivo e irresponsável como os animais.

A riqueza é um meio de o experimentar moralmente. Mas, como, ao mesmo tempo, é poderoso meio de ação para o progresso, não quer Deus que ela permaneça longo tempo improdutiva, pelo que incessantemente a desloca.

Cada um tem de possuí-la, para se exercitar em utilizá-la e demonstrar que uso sabe fazer dela. Sendo, no entanto, materialmente impossível que todos a possuam ao mesmo tempo, e acontecendo, além disso, que, se todos a possuíssem, ninguém trabalharia, com o que o melhoramento do planeta ficaria comprometido, cada um a possui por sua vez.

Assim, um que não na tem hoje, já a teve ou terá noutra existência; outro, que agora a tem, talvez não na tenha amanhã.

Há ricos e pobres, porque sendo Deus justo, como é, a cada um prescreve trabalhar a seu turno. A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da abnegação.

Deploram-se, com razão, o péssimo uso que alguns fazem das suas riquezas, as ignóbeis paixões que a cobiça provoca, e pergunta-se: Deus será justo, dando-as a tais criaturas?

E exato que, se o homem só tivesse uma única existência, nada justificaria semelhante repartição dos bens da Terra; se, entretanto, não tivermos em vista apenas a vida atual e, ao contrário, considerarmos o conjunto das existências, veremos que tudo se equilibra com justiça.

Carece, pois, o pobre de motivo assim para acusar a Providência, como para invejar os ricos e estes para se glorificarem do que possuem. Se abusam, não será com decretos ou leis suntuárias que se remediará o mal.

As leis podem, de momento, mudar o exterior, mas não logram mudar o coração; daí vem serem elas de duração efêmera e quase sempre seguidas de uma reação mais desenfreada. A origem do mal reside no egoísmo e no orgulho: os abusos de toda espécie cessarão quando os homens se regerem pela lei da caridade.

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Aula 58 - LEI DE IGUALDADE

Aula 58 - LEI DE IGUALDADE
Desigualdades Sociais e Igualdade de Direitos do Homem e da Mulher

Do livro - Grandes e Pequenos Problemas - Angel Aguarod - FEB
O Consolador - Francisco Cândido Xavier – Emmanuel - FEB


As desigualdades sociais provenientes das mais variadas condições econômicas e espirituais dos vários povos da Terra, são sempre obra do homem e não de Deus.

Deus na realidade, criou os Espíritos iguais e destinados ao mesmo fim, mas os homens, por força das imperfeições morais que ainda possuem, criaram leis, muitas delas injustas e até mesmo cruéis, para regular as relações na Sociedade. Como consequencia dessas leis, surgiram as desigualdades sociais, mais ou menos pronunciadas em determinadas nações, conforme o grau evolutivo dos seus constituintes humanos.

No entanto, o progresso segue seu curso ascendente e ininterrupto e a desigualdade social, como tudo que é inferior dia a dia ela gradualmente se apaga.

Desaparecerá quando o egoísmo e o orgulho deixarem de predominar. Restará apenas a desigualdade do merecimento.

Dia virá em que os membros da grande família dos filhos de Deus deixarão de considerar-se como de sangue mais ou menos puro. Só o espírito é mais ou menos puro e isso não depende da posição social.

Mesmo as desigualdades toleráveis ou normais para a categoria do nosso planeta deixarão de existir não se abolirão tão de pronto quanto os unionistas desejariam e imaginam.

Nem se suprirão com revoluções, nem com guerras, nem com leis, decretos, ou discursos, distúrbios ou maldições.

As desigualdades desaparecerão de modo lento e gradual, de acordo com o ritmo dos esforços individuais e coletivos, pelo progresso moral, quando então, serão destruídos os privilégios de casta, sangue, posição, sexo, raça religião, etc.

Devemos compreender, porem, que com o banimento das desigualdades sociais não ocorrerá um processo de uniformização dos homens.

A espécie humana não se transformará em máquina, em um sistema robotizado.

Os homens se orientarão pelas leis divinas, a fim de que os seus pendores naturais possam desabrochar e desenvolver normalmente, sem nenhuma atitude de coerção por parte de quem quer que seja.

Haverá evidentemente, quem ocupe cargos de maiores ou menores responsabilidades, mas, com o adiantamento espiritual, os seres humanos não sofrerão os males do egoísmo, da inveja, do orgulho e do preconceito.

Do mesmo modo, numa sociedade moralizada, não se compreenderá a diferença, que ainda hoje se observa, entre homem e mulher.

Neste sentido os Espíritos Superiores perguntam “Não outorgou Deus a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir” logo perante os códigos divinos ambos possuem os mesmos direitos, a diferença de sexo existe por força da necessidade de experiências especificas por que o Espírito precisa passar. Alias, o Espírito, centelha divina, não possui sexo, conforme as denominações humanas.

Entre o homem e a mulher existe a igualdade de direitos, das funções não. Preciso é que cada um esteja no lugar que lhe compete. Ocupe-se do exterior o homem e do interior a mulher, cada um de acordo com a sua aptidão.

Ambos são portadores de uma responsabilidade igual no sagrado colégio da família, e se a alma feminina sempre apresentou um coeficiente mais avançado de espiritualidade na vida, é que, desde cedo, o espírito masculino intoxicou as fontes da sua liberdade, através de todos os abusos, prejudicando a sua posição moral no decurso das existências numerosas, em múltiplas experiências seculares.

A ideologia feminista dos tempos modernos, porém, com suas diversas bandeiras políticas e sociais, pode ser um veneno para a mulher desavisada dos seus grandes deveres espirituais na face da Terra.

A desigualdade social é o mais elevado testemunho da verdade da reencarnação, mediante a qual cada espírito tem sua posição definida de regeneração e resgate. Nesse caso, consideramos que a pobreza, a miséria, a guerra, a ignorância, como outras calamidades coletivas, são enfermidades do organismo social, devido à situação de prova da quase generalidade dos seus membros.

Cessada a causa patogênica com a iluminação espiritual de todos em Jesus Cristo, a moléstia coletiva estará eliminada dos ambientes humanos.

No Livro O Evangelho Segundo o Espiritismo CAPÍTULO V- BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS -Justiça das aflições Causas atuais das aflições

4. De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se o preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir.

Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida.

Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são conseqüência natural do caráter e do proceder dos que os suportam.

Quantos homens caem por sua própria culpa!

Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição!

Quantos se arruinam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos!

Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma!

Quantas dissensões e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidade!

Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero!

Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências! Por fraqueza, ou indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os germens do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que produzem a secura do coração; depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem da falta de deferência com que são tratados e da ingratidão deles.

Interroguem friamente suas consciências todos os que são feridos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida; remontem passo a passo à origem dos males que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes, não poderão dizer: Se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição.

A quem, então, há de o homem responsabilizar por todas essas aflições, senão a si mesmo?

O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria.

Os males dessa natureza fornecem, indubitavelmente, um notável contingente ao cômputo das vicissitudes da vida. O homem as evitará quando trabalhar por se melhorar moralmente, tanto quanto intelectualmente.

Livro dos Espíritos PARTE 3ª - CAPÍTULO IX - DA LEI DE IGUALDADE
Desigualdades sociais

806. É lei da Natureza a desigualdade das condições sociais?

“Não; é obra do homem e não de Deus.”

a) - Algum dia essa desigualdade desaparecerá?

“Eternas somente as leis de Deus o são. Não vês que dia da dia ela gradualmente se apaga?

Desaparecerá quando o egoísmo e o orgulho deixarem de predominar. Restará apenas a desigualdade do merecimento.

Dia virá em que os membros da grande família dos filhos de Deus deixarão de considerar-se como de sangue mais ou menos puro.

Só o Espírito é mais ou menos puro e isso não depende da posição social.”

807. Que se deve pensar dos que abusam da superioridade de suas posições sociais, para, em proveito próprio, oprimir os fracos?

“Merecem anátema! Ai deles! Serão, a seu turno, oprimidos: renascerão numa existência em que terão de sofrer tudo o que tiverem feito sofrer aos outros.” (684)

684. Que se deve pensar dos que abusam de sua autoridade, impondo a seus inferiores excessivo trabalho?

“Isso é uma das piores ações. Todo aquele que tem o poder de mandar é responsável pelo excesso de trabalho que imponha a seus inferiores, porquanto, assim fazendo, transgride a lei de Deus.” (273)

273. Será possível que um homem de raça civilizada reencarne, por exemplo, numa raça de selvagens?

“É; mas depende do gênero da expiação. Um senhor, que tenha sido de grande crueldade para os seus escravos, poderá, por sua vez, tornar-se escravo e sofrer os maus tratos que infligiu a seus semelhantes.

Um, que em certa época exerceu o mando, pode, em nova existência, ter que obedecer aos que se curvaram ante a sua vontade. Ser-lhe-á isso uma expiação, que Deus lhe imponha, se ele abusou do seu poder.

Também um bom Espírito pode querer encarnar no seio daquelas raças, ocupando posição influente, para fazê-las progredir. Em tal caso, desempenha uma missão.”

Igualdade dos direitos do homem e da mulher

817. São iguais perante Deus o homem e a mulher e têm os mesmos direitos?

“Não outorgou Deus a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir?”

818. Donde provém a inferioridade moral da mulher em certos países?

“Do predomínio injusto e cruel que sobre ela assumiu o homem. É resultado das instituições sociais e do abuso da força sobre a fraqueza. Entre homens moralmente pouco adiantados, a força faz o direito.”

819. Com que fim mais fraca fisicamente do que o homem é a mulher?

“Para lhe determinar funções especiais. Ao homem, por ser o mais forte, os trabalhos rudes; à mulher, os trabalhos leves; a ambos o dever de se ajudarem mutuamente a suportar as provas de uma vida cheia de amargor.”

820. A fraqueza física da mulher não a coloca naturalmente sob a dependência do homem?

“Deus a uns deu a força, para protegerem o fraco e não para o escravizarem.”

Deus apropriou a organização de cada ser às funções que lhe cumpre desempenhar.

Tendo dado à mulher menor força física, deu-lhe ao mesmo tempo maior sensibilidade, em relação com a delicadeza das funções maternais e com a fraqueza dos seres confiados aos seus cuidados.

821. As funções a que a mulher é destinada pela Natureza terão importância tão grande quanto as deferidas ao homem?

“Sim, maior até. É ela quem lhe dá as primeiras noções da vida.”

822. Sendo iguais perante a lei de Deus, devem os homens ser iguais também perante as leis humanas?

“O primeiro princípio de justiça é este: Não façais aos outros o que não quereríeis que vos fizessem.”

a) - Assim sendo, uma legislação, para ser perfeitamente justa, deve consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher?

“Dos direitos, sim; das funções, não. Preciso é que cada um esteja no lugar que lhe compete.

Ocupe-se do exterior o homem e do interior a mulher, cada um de acordo com a sua aptidão.

A lei humana, para ser eqüitativa, deve consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher. Todo privilégio a um ou a outro concedido é contrário à justiça.

A emancipação da mulher acompanha o progresso da civilização.

Sua escravização marcha de par com a barbaria. Os sexos, além disso, só existem na organização física.

Visto que os Espíritos podem encarnar num e noutro, sob esse aspecto nenhuma diferença há entre eles.

Devem, por conseguinte, gozar dos mesmos direitos.”

Igualdade perante o túmulo

823. Donde nasce o desejo que o homem sente de perpetuar sua memória por meio de monumentos fúnebres?

“Último ato de orgulho.”

a) - Mas a suntuosidade dos monumentos fúnebres não é antes devida, as mais das vezes, aos parentes do defunto, que lhe querem honrar a memória, do que ao próprio defunto?

“Orgulho dos parentes, desejosos de se glorificarem a si mesmos.

Oh! Sim, nem sempre é pelo morto que se fazem todas essas demonstrações. Elas são feitas por amor próprio e para o mundo, bem como por ostentação de riqueza.

Supões, porventura, que a lembrança de um ser querido dure menos no coração do pobre, que não lhe pode colocar sobre o túmulo senão uma singela flor?

Supões que o mármore salva do esquecimento aquele que na Terra foi inútil?”

824. Reprovais então, de modo absoluto, a pompa dos funerais?

“Não; quando se tenha em vista honrar a memória de um homem de bem, é justo de bom exemplo.”

O túmulo é o ponto de reunião de todos os homens. Aí terminam inelutavelmente todas as distinções humanas. Em vão tenta o rico perpetuar a sua memória, mandando erigir faustosos monumentos. O tempo os destruirá, como lhe consumirá o corpo. Assim o quer a Natureza.

Menos perecível do que o seu túmulo será a lembrança de suas ações boas e más.

A pompa dos funerais não o limpará das suas torpezas, nem o fará subir um degrau que seja
na hierarquia espiritual. (320 e seguintes)

PARTE 2ª - CAPÍTULO VI - Comemoração dos mortos. Funerais

320. Sensibiliza os Espíritos o lembrarem-se deles os que lhes foram caros na Terra?

“Muito mais do que podeis supor. Se são felizes, esse fato lhes aumenta a felicidade. Se são desgraçados, serve-lhes de lenitivo.”

321. O dia da comemoração dos mortos é, para os Espíritos, mais solene do que os outros dias? Apraz-lhes ir ao encontro dos que vão orar nos cemitérios sobre seus túmulos?

“Os Espíritos acodem nesse dia ao chamado dos que da Terra lhes dirigem seus pensamentos, como o fazem noutro dia qualquer.”

a) - Mas o de finados é, para eles, um dia especial de reunião junto de suas sepulturas?

“Nesse dia, em maior número se reúnem nas necrópoles, porque então também é maior, em tais lugares, o das pessoas que os chamam pelo pensamento. Porém, cada Espírito vai lá somente pelos seus amigos e não pela multidão dos indiferentes.”

b) - Sob que forma aí comparecem e como os veríamos, se pudessem tornar-se visíveis?

“Sob a que tinham quando encarnados.”



322. E os esquecidos, cujos túmulos ninguém vai visitar, também lá, não obstante, comparecem e sentem algum pesar por verem que nenhum amigo se lembra deles?

“Que lhes importa a Terra? Só pelo coração nos achamos a ela presos. Desde que aí ninguém mais lhe vota afeição, nada mais prende a esse planeta o Espírito, que tem para si o Universo inteiro.”



323. A visita de uma pessoa a um túmulo causa maior contentamento ao Espírito, cujos despojos corporais aí se encontrem, do que a prece que por ele faça essa pessoa em sua casa?

“Aquele que visita um túmulo apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um fato íntimo.

Já dissemos que a prece é que santifica o ato da rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o coração.”




324. Os Espíritos das pessoas a quem se erigem estátuas ou monumentos assistem à inauguração de umas e outros e experimentam algum prazer nisso?

“Muitos comparecem a tais solenidades, quando podem; porém, menos os sensibiliza a homenagem que lhes prestam do que a lembrança que deles guardam os homens.”

325. Qual a origem do desejo que certas pessoas exprimem de ser enterradas antes num lugar do que noutro? Será que preferirão, depois de mortas, vir a tal lugar? E essa importância dada a uma coisa tão material constitui indício de inferioridade do Espírito?

“Afeição particular do Espírito por determinados lugares; inferioridade moral.

Que importa este ou aquele canto da Terra a um Espírito elevado?

Não sabe ele que sua alma se reunirá às dos que lhe são caros, embora fiquem separados os seus respectivos ossos?”

a) - Deve-se considerar futilidade a reunião dos despojos mortais de todos os membros de uma família?

“Não; é um costume piedoso e um testemunho de simpatia que dão os que assim procedem aos que lhes foram entes queridos.

Conquanto destituída de importância para os Espíritos, essa reunião é útil aos homens: mais concentradas se tornam suas recordações.”


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Aula 57 - LEI DE IGUALDADE

Aula 57 - LEI DE IGUALDADE
Igualdade Natural e Desigualdade de Aptidões

Do livro - Grandes e Pequenos Problemas - Angel Aguarod - FEB

Deus não tolera distinções de linguagem familiar, não confere honrarias extemporâneas e nem favorece com privilégios qualquer de suas criaturas, mas proporciona a todos idênticas e incessantes oportunidades. Coloca em estado latente o mesmo poder, a mesma sabedoria e os mesmos estímulos evolutivos para todos, no longo e fastidioso percurso para a Perfeição.

Atentos a essas considerações é que podemos perceber o sentido correto da lei de igualdade, no seu aspecto natural, em contraposição à pretendida igualdade sócio-econômica, freqüentemente artificial na vida de relação dos Espíritos encarnados.

Sendo todos da mesma essência divina e criados para os mesmos gloriosos destinos, o gênero humano constitui uma única família. Daí estarem todos os homens sujeitos às mesmas leis naturais.
Deus não concede privilégios a ninguém, e, se há sofredores e felizes em nosso planeta, isto não acontece à custa das preferências divinas, mas por força do mau ou bom uso do livre arbítrio dos seus habitantes.

Todos fomos criados simples e ignorantes, porem destinados à perfeição. Se ao longo da nossa trajetória evolutiva falimos ou nos elevamos, isso ocorre por força da nossa livre vontade. As desigualdades sociais existentes são produto de opções voluntárias dos homens e nunca devido às preferências de Deus.

As próprias aptidões humanas, tão diversas, resultam da variedade de experiências vividas nas múltiplas encarnações. Por força do livre arbítrio, cada pessoa decide qual o caminho a seguir.

Deus criou iguais todos os Espíritos, mas cada um destes vive há mais ou menos tempo, e consequentemente, tem feito maior ou menor soma de aquisições. A diferença entre eles está na diversidade dos graus da experiência alcançada e da vontade com que obram, vontade que é o livre arbítrio.
Daí o se aperfeiçoarem uns mais rapidamente do que outros, o que lhes dá aptidões, a fim de que cada um possa concorrer para a execução dos desígnios da Providência, no limite do desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais. O que um não faz, fá-lo outro. Assim é que cada qual tem seu papel útil a desempenhar.

Aliás, a variedade das aptidões, ao contrário da uniformidade, é um meio propulsor do progresso, já que cada homem contribui com sua parcela de conhecimento.

As dessemelhanças que apresentam entre si, quer em inteligência, quer em moralidade, não derivam da natureza íntima deles ( homens); resultam apenas de haverem sido criados há mais ou menos tempo e do maior ou menor aproveitamento desse tempo, no desenvolvimento das aptidões e virtudes que lhes são intrínsecas, consoantes o bom ou maus uso do livre arbítrio de cada um.

As desigualdades naturais das aptidões humanas são os degraus das múltiplas experiências que nos conduzirão aos mundos superiores e que nos propiciarão implantar o reino de Deus na Terra. Essas diferenças constituem os agentes do progresso e o preenchem uma necessidade inapreciável, na economia da evolução, favorecendo-a por mais que haja indivíduos que detestem essas diferenças.
Enquanto tenham razão de ser, subsistirão e, enquanto subsistirem, satisfarão a uma necessidade da própria natureza, favorecendo o progresso humano.

É provável que no estágio atual da nossa civilização, nem todos os homens estejam exercendo a ocupação adequada às suas aptidões naturais.

Mas quando o egoísmo e o orgulho deixarem de ser os sentimentos predominantes na Terra; quando compreendermos que somos todos irmãos, amando-nos realmente uns aos outros como preceitua a Religião; todo homem de boa vontade achara ocupação adequada às suas aptidões, que lhe garanta o mínimo necessário a uma vivência compatível com a dignidade humana, e mesmo aqueles que não mais possam manter-se em atividade, por doença ou velhice, terão a seu favor o amparo da lei, sem que precisem humilhar-se, recorrendo à caridade pública.

LIVRO DOS ESPÍRITOS - CAPÍTULO IX

Igualdade natural

803. Perante Deus, são iguais todos os homens?

“Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez Suas leis para todos. Dizeis freqüentemente: “O Sol luz para todos” e enunciais assim uma verdade maior e mais geral do que pensais.”

Todos os homens estão submetidos às mesmas leis da Natureza.

Todos nascem igualmente fracos, acham-se sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Deus a nenhum homem concedeu superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte: todos, aos Seus olhos, são iguais.

Desigualdade das aptidões

804. Por que não outorgou Deus as mesmas aptidões a todos os homens?

“Deus criou iguais todos os Espíritos, mas cada um destes vive há mais ou menos tempo, e, consequentemente, tem feito maior ou menor soma de aquisições.

A diferença entre eles está na diversidade dos graus da experiência alcançada e da vontade com que obram, vontade que é o livre-arbítrio. Daí o se aperfeiçoarem uns mais rapidamente do que outros, o que lhes dá aptidões diversas.

Necessária é a variedade das aptidões, a fim de que cada um possa concorrer para a execução dos desígnios da Providência, no limite do desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais.

O que um não faz, fá-lo outro. Assim é que cada qual tem seu papel útil a desempenhar. Demais, sendo solidários entre si todos os mundos, necessário se torna que os habitantes dos mundos superiores, que, na sua maioria, foram criados antes do vosso, venham habitá-lo, para vos dar o exemplo.”

361. Qual a origem das qualidades morais, boas ou más, do homem?

“São as do Espírito nele encarnado. Quanto mais puro é esse Espírito, tanto mais propenso ao bem é o homem.”

a) - Seguir-se-á daí que o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito e o homem vicioso a de um Espírito mau?

“Sim, mas, dize antes que o homem vicioso é a encarnação de um Espírito imperfeito, pois, do contrário, poderias fazer crer na existência de Espíritos sempre maus, a que chamais demônios.”

805. Passando de um mundo superior a outro inferior, conserva o Espírito, integralmente, às faculdades adquiridas?

“Sim, já temos dito que o Espírito que progrediu não retrocede. Poderá escolher, no estado de Espírito livre, um invólucro mais grosseiro, ou posição mais precária do que as que já teve, porém tudo isso para lhe servir de ensinamento e ajudá-lo a progredir.” (180)

Assim, a diversidade das aptidões entre os homens não deriva da natureza íntima da sua criação, mas do grau de aperfeiçoamento a que tenham chegado os Espíritos encarnados neles.

Deus, portanto, não criou faculdades desiguais; permitiu, porém, que os Espíritos em graus diversos de desenvolvimento estivessem em contato, para que os mais adiantados pudessem auxiliar o progresso dos mais atrasados e também para que os homens, necessitando uns dos outros, compreendessem a lei de caridade que os deve unir.

180. Passando deste planeta para outro, conserva o Espírito a inteligência que aqui tinha?

“Sem dúvida; a inteligência não se perde. Pode, porém, acontecer que ele não disponha dos mesmos meios para manifestá-la, dependendo isto da sua superioridade e das condições do corpo que tomar.”

330. Sabem os Espíritos em que época reencarnarão?

“Pressentem-na, como sucede ao cego que se aproxima do fogo. Sabem que têm de retomar um corpo, como sabeis que tendes de morrer um dia, mas ignoram quando isso se dará.”

a) - Então, a reencarnação é uma necessidade da vida espírita, como a morte o é da vida corporal?

“Certamente; assim é.”

331. Todos os Espíritos se preocupam com a sua reencarnação?

“Muitos há que em tal coisa não pensam, que nem sequer a compreendem. Depende de estarem mais ou menos adiantados. Para alguns, a incerteza em que se acham do futuro que os aguarda constitui punição.”

332. Pode o Espírito apressar ou retardar o momento da sua reencarnação?

“Pode apressá-lo, atraindo-o por um desejo ardente. Pode igualmente distânciá-lo, recuando diante da prova, pois entre os Espíritos também há covardes e indiferentes.. Nenhum, porém assim procede impunemente, visto que sofre por isso, como aquele que recusa o remédio capaz de curá-lo.”

333. Se se considerasse bastante feliz, numa condição mediana entre os Espíritos errantes e, consequentemente, não ambicionasse elevar-se, poderia um Espírito prolongar indefinidamente esse estado?

“Indefinidamente, não. Cedo ou tarde, o Espírito sente a necessidade de progredir. Todos têm que se elevar; esse o destino de todos.”

334. Há predestinação na união da alma com tal ou tal corpo, ou só à última hora é feita a escolha do corpo que ela tomará?
“O Espírito é sempre, de antemão, designado. Tendo escolhido a prova a que queira submeter-se, pede para encarnar. Ora, Deus, que tudo sabe e vê, já antecipadamente sabia e vira que tal Espírito se uniria a tal corpo.”

335. Cabe ao Espírito a escolha do corpo em que encarne, ou somente a do gênero de vida que lhe sirva de prova?

“Pode também escolher o corpo, porquanto as imperfeições que este apresente ainda serão, para o Espírito, provas que lhe auxiliarão o progresso, se vencer os obstáculos que lhe oponha. Nem sempre, porém, lhe é permitida a escolha do seu invólucro corpóreo; mas, simplesmente, a faculdade de pedir que seja tal ou qual.”

a) - Poderia o Espírito recusar, à última hora, tomar o corpo por ele escolhido?

“Se recusasse, sofreria muito mais do que aquele que não tentasse prova alguma.”



“PORQUE A TERRA QUE EMBEBE A CHUVA, QUE CAI MUITAS VEZES SOBRE ELA, E PRODUZ ERVA PROVEITOSA PARA AQUELES POR QUEM É LAVRADA, RECEBE A BÊNÇÃO DE DEUS “- Paulo. (Hebreus,6:7)


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Monday, March 05, 2007

Aula 56 - LEI DE CONSERVAÇÃO

Aula 56 - LEI DE CONSERVAÇÃO
Privações Voluntárias


A palavra privação, ato ou efeito de privar-se tem o sentido de despojar, desapossar alguém de alguma coisa; destituir, tolher, fraudar: (Novo Dicionário da Língua Portuguesa –Aurélio Buarque de Holanda)

Evangelho Segundo o Espiritismo - CAPÍTULO V

BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS Provas voluntárias. O verdadeiro cilício

26. Perguntais se é licito ao homem abrandar suas próprias provas.

Essa questão eqüivale a esta outra: É lícito, àquele que se afoga, cuidar de salvar-se?

Aquele em quem um espinho entrou, retirá-lo?

Ao que está doente, chamar o médico?

As provas têm por fim exercitar a inteligência, tanto quanto a paciência e a resignação.

Pode dar-se que um homem nasça em posição penosa e difícil, precisamente para se ver obrigado a procurar meios de vencer as dificuldades. O mérito consiste em sofrer, sem murmurar, as conseqüências dos males que lhe não seja possível evitar, em perseverar na luta, em se não desesperar, se não é bem sucedido; nunca, porém, numa negligência que seria mais preguiça do que virtude.

Essa questão dá lugar naturalmente a outra. Pois, se Jesus disse: "Bem-aventurados os aflitos", haverá mérito em procurar, alguém, aflições que lhe agravem as provas, por meio de sofrimentos voluntários?
A isso responderei muito positivamente: sim, há grande mérito quando os sofrimentos e as privações objetivam o bem do próximo, porquanto é a caridade pelo sacrifício; não, quando os sofrimentos e as privações somente objetivam o bem daquele que a si mesmo as inflige, porque aí só há egoísmo por fanatismo.

Grande distinção cumpre aqui se faça: pelo que vos respeita pessoalmente, contentaivos com as provas que Deus vos manda e não lhes aumenteis o volume, já de si por vezes tão pesado; aceitá-las sem queixumes e com fé, eis tudo o que de vós exige ele.

Não enfraqueçais o vosso corpo com privações inúteis e macerações sem objetivo, pois que necessitais de todas as vossas forças para cumprirdes a vossa missão de trabalhar na Terra.

Torturar e martirizar voluntariamente o vosso corpo é contravir a lei de Deus, que vos dá meios de o sustentar e fortalecer. Enfraquece-lo sem necessidade é um verdadeiro suicídio. Usai, mas não abuseis, tal a lei.

O abuso das melhores coisas tem a sua punição nas inevitáveis conseqüências que acarreta.




Muito diverso é o quê ocorre, quando o homem impõe a si próprio sofrimentos para o alívio do seu próximo. Se suportardes o frio e a fome para aquecer e alimentar alguém que precise ser aquecido e alimentado e se o vosso corpo disso se ressente, fazeis um sacrifício que Deus abençoa.

Vós que deixais os vossos aposentos perfumados para irdes à mansarda infecta levar a consolação; vós que sujais as mãos delicadas pensando chagas; vós que vos privais do sono para velar à cabeceira de um doente que apenas é vosso irmão em Deus; vós, enfim, que despendeis a vossa saúde na prática das boas obras, tendes em tudo isso o vosso cilício, verdadeiro e abençoado cilício, visto que os gozos do mundo não vos secaram o coração, que não adormecestes no seio das volúpia enervantes da riqueza, antes vos constituístes anjos consoladores dos pobres deserdados.

Vós, porém, que vos retirais do mundo, para lhe evitar as seduções e viver no insulamento, que utilidade tendes na Terra?

Onde a vossa coragem nas provações, uma vez que fugis à luta e desertais do combate?

Se quereis um cilício, aplicai-o às vossas almas e não aos vossos corpos; mortificai o vosso Espírito e não a vossa carne; fustigai o vosso orgulho, recebei sem murmurar as humilhações; flagiciai o vosso amor-próprio; enrijai-vos contra a dor da injúria e da calúnia, mais pungente do que a dor física. Aí tendes o verdadeiro cilício cujas feridas vos serão contadas, porque atestarão a vossa coragem e a vossa submissão à vontade de Deus.
Um anjo guardião. (Paris, 1863.)

CAPÍTULOS XIII O óbolo da viúva

5. Estando Jesus sentado defronte do gazofilácio, a observar de que modo o povo lançava ali o dinheiro, viu que muitas pessoas ricas o deitavam em abundância. - Nisso, veio também uma pobre que apenas deitou duas pequenas moedas do valor de dez centavos cada uma. - Chamando então seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu muito mais do que todos os que antes puseram suas dádivas no gazofilácio; - por isso que todos os outros deram do que lhes abunda, ao passo que ela deu do que lhe faz falta, deu mesmo tudo o que tinha para seu sustento. (SÃO MARCOS, cap. XII, vv. 41 a 44. - S. LUCAS, cap. XXI. vv. 1 a 4.)

6. Multa gente deplora não poder fazer todo o bem que desejara, por falta de recursos suficientes, e, se desejam possuir riquezas, é, dizem, para lhes dar boa aplicação. E sem dúvida louvável a intenção e pode até nalguns ser sincera.

Dar-se-á, contudo, seja completamente desinteressada em todos?

Não haverá quem, desejando fazer bem aos outros, muito estimaria poder começar por fazê-lo a si próprio, por proporcionar a si mesmo alguns gozos mais, por usufruir de um pouco do supérfluo que lhe falta, pronto a dar aos pobres o resto?

Esta segunda intenção, que esses tais porventura dissimulam aos seus próprios olhos, mas que se lhes depararia no fundo dos seus corações, se eles os perscrutassem, anula o mérito do intento, visto que, com a verdadeira caridade, o homem pensa nos outros antes de pensar em si.

O ponto sublimado da caridade, nesse caso, estaria em procurar ele no seu trabalho, pelo emprego de suas forças, de sua inteligência, de seus talentos, os recursos de que carece para realizar seus generosos propósitos.
Haveria nisso o sacrifício que mais agrada ao Senhor. infelizmente, a maioria vive a sonhar com os meios de mais facilmente se enriquecer de súbito e sem esforço, correndo atrás de quimeras, quais a descoberta de tesouros, de uma favorável ensancha aleatória, do recebimento de inesperadas heranças, etc.

Que dizer dos que esperam encontrar nos Espíritos auxiliares que os secundem na consecução de tais objetivos?

Certamente não conhecem, nem compreendem a sagrada finalidade do Espiritismo e, ainda menos, a missão dos Espíritos a quem Deus permite se comuniquem com os homens.

Daí vem o serem punidos pelas decepções. (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, n.º 294 e n.º 295.)

Aqueles cuja intenção está isenta de qualquer idéia pessoal, devem consolar-se da impossibilidade em que se vêem de fazer todo o bem que desejariam, lembrando-se de que óbolo do pobre, do que dá privando-se do necessário, pesa mais na balança de Deus do que o ouro do rico que dá sem se privar de coisa alguma.

Grande seria realmente a satisfação do primeiro, se pudesse socorrer, em larga escala, a indigência; mas, se essa satisfação lhe é negada, submeta-se e se limite a fazer o que possa.

Aliás, será só com o dinheiro que se podem secar lágrimas e dever-se-á ficar inativo, desde que se não tenha dinheiro?

Todo aquele que sinceramente deseja ser útil a seus irmãos, mil ocasiões encontrará de realizar o seu desejo.

Procure-as e elas se lhe depararão; se não for de um modo, será de outro, porque ninguém há que, no pleno gozo de suas faculdades, não possa prestar um serviço qualquer, prodigalizar um consolo, minorar um sofrimento físico ou moral, fazer um esforço útil.

Não dispõem todos, à falta de dinheiro, do seu trabalho, do seu tempo, do seu repouso, para de tudo isso dar uma parte ao próximo?

Também aí está a dádiva do pobre, o óbolo da viúva. NÃO SAIBA A VOSSA MÃO ESQUERDA......

PARTE 3ª - CAPÍTULO V - Livro dos espíritos - DA LEI DE CONSERVAÇÃO

720. São meritórias aos olhos de Deus as privações voluntárias, com o objetivo de uma expiação igualmente voluntária?

“Fazei o bem aos vossos semelhantes e mais mérito tereis.”

a) - Haverá privações voluntárias que sejam meritórias?

“Há: a privação dos gozos inúteis, porque desprende da matéria o homem e lhe eleva a alma. Meritório é resistir à tentação que arrasta ao excesso ou ao gozo das coisas inúteis; é o homem tirar do que lhe é necessário para dar aos que carecem do bastante. Se a privação não passar de simulacro, será uma irrisão.”

721. É meritória, de qualquer ponto de vista, a vida de mortificações ascéticas que desde a mais remota antigüidade teve praticantes no seio de diversos povos?

“Procurai saber a quem ela aproveita e tereis a resposta. Se somente serve para quem a pratica e o impede de fazer o bem, é egoísmo, seja qual for o pretexto com que entendam de colori-la. Privar-se a si mesmo e trabalhar para os outros, tal a verdadeira mortificação, segundo a caridade cristã.”

722. Será racional a abstenção de certos alimentos, prescrita a diversos povos?

“Permitido é ao homem alimentar-se de tudo o que lhe não prejudique a saúde. Alguns legisladores, porém, com um fim útil, entenderam de interdizer o uso de certos alimentos e, para maior autoridade imprimirem às suas leis, apresentaram-nas como emanadas de Deus.”

723. A alimentação animal é, com relação ao homem, contrária à lei da Natureza?

“Dada a vossa constituição física, a carne alimenta a carne, do contrário o homem perece. A lei de conservação lhe prescreve, como um dever, que mantenha suas forças e sua saúde, para cumprir a lei do trabalho. Ele, pois, tem que se alimentar conforme o reclame a sua organização.”

724. Será meritório abster-se o homem da alimentação animal, ou de outra qualquer, por expiação?

“Sim, se praticar essa privação em benefício dos outros. Aos olhos de Deus, porém, só há mortificação, havendo privação séria e útil. Por isso é que qualificamos de hipócritas os que apenas aparentemente se privam de alguma coisa.” (720)

Porem, Emmanuel nos alerta : “A ingestão das vísceras dos animais é um erro de enormes conseqüências, do qual derivam numerosos vícios da nutrição humana. É de lastimar semelhante situação, mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a cooperação de determinadas vitaminas, esses valores nutritivos podem ser encontrados nos produtos de origem vegetal, sem a necessidade absoluta dos matadouros e frigoríficos

Não há contradição na resposta dada pelos Espíritos a Kardec e na de Emmanuel.
Entre Kardec e os dias atuais, medeiam-se mais de cem anos. Na época da Codificação, talvez não fosse possível dar outra resposta senão aquela. Há que considerar, também, o grau de evolução da Humanidade de hoje e a do século passado.

À medida que o homem vai progredindo, moral e intelectualmente, passa a ter horror ao sacrifício dos animais, mesmo para sua alimentação. O descobrimento de novas técnicas de produção, o aperfeiçoamento das existentes culminam por fazerem desaparecer, gradativamente os matadouros e os frigoríficos.

Hoje em dia, os recursos do solo, com o aperfeiçoamento da agricultura, são inumeráveis.

Nas viagens espaciais, por exemplo, os astronautas alimentam-se de substâncias condensadas em forma de cápsulas, possuidoras de todos os nutrientes necessários à sobrevivência.
Na época de Kardec não havia indústria farmacêutica, como a existente hoje, capaz de produzir vitaminas, proteínas e tantas outras necessárias não só à sobrevivência humana e animal, como também no combate às doenças.
Por isso que, à medida que progredimos, que nos espiritualizamos, já não sentimos tanta necessidades dos despojos sangrentos dos animais.

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